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Ambientalistas defendem que só a energia nuclear poderá salvar o mundo

A saúde do planeta é um dos temas que mais se tem falado e existem já uma série de ações regulatórias de descarbonização energética que contribuem para um marco sustentável e eficiente para combater as mudanças climáticas. Contudo, não existe uma certeza unânime quanto ao caminho energético que seja o mais limpo para a Terra. Vemos a energia solar como uma promessa, o hidrogénio como uma esperança, mas há também quem aponte a energia nuclear como o caminho mais correto na luta contra as alterações climáticas. No entanto, os exemplos do passado atemorizam a humanidade e o nuclear parece estar fora das opções.

Um ambientalista vem agora referir que os receios infundados sobre a energia nuclear podem estar a prejudicar a luta contra as alterações climáticas. Ou seja, na sua opinião, a energia nuclear é o caminho e é a única coisa que poderá salvar o mundo.


Energia nuclear poderá ser a solução para as alterações climáticas

Mark Nelson, um analista do grupo de defesa Progresso Ambiental, sediado na Califórnia, tem por hábito pedir às pessoas que ilustrem, através de um desenho, aquilo que consideram ser resíduos nucleares. Pela experiência, consegue garantir que ninguém foi, até agora, capaz de concretizar o desafio. Na sua opinião, existe uma clara desconexão entre a realidade e a perceção que as pessoas criam da energia nuclear enquanto fator de combate às alterações climáticas.

Segundo o ambientalista, a questão do armazenamento de resíduos nucleares é representativa dos muitos equívocos relacionados com a tecnologia nuclear.

O lixo nuclear em latas nunca fez mal a ninguém. Não há ninguém que afirme [isso]. Mas há aqueles cuja profissão e carreira é “combater o nuclear” por qualquer razão. Tudo o que podemos fazer é chegar ao público com a verdade de forma mais correta e frequentemente do que eles.

 

Ora, há poucas tecnologias que reúnam opiniões tão antagónicas quanto a energia nuclear. Além disso, na mente das pessoas, o termo está associado a desastres, como o Fukushima e Chernobyl. Todavia, apesar dessa disparidade, há cada vez mais ambientalistas a defender que, sem a energia nuclear, a luta contra as alterações climáticas perder-se-á.

Por exemplo, Stewart Brand, um biólogo formado em Stanford e uma voz ativa na luta ambientalista, era, na década de 70, um acérrimo defensor da energia solar. Contudo, em 2009, publicou um livro onde defende a geoengenharia e energia nuclear na luta pela preservação da natureza à medida que humanidade cresce.

Também o jornalista George Monbiot, num artigo para o The Guardian, afirmou que os ativistas antinucleares empregam uma retórica pouco científica, assim como acontece com aqueles que negam as alterações climáticas.

Os medos associados a desastres nucleares

Conforme os ambientalistas se vão apercebendo do trunfo que poderá ser a energia nuclear, o público começa a aperceber-se das potenciais deficiências associadas às energias renováveis. Estão ainda na mente as histórias que recordam os desastres associados. Ou seja, o mundo conheceu momentos assustadores que foram gerados pelo mau funcionamento dos reatores: milhares de mortos e feridos devido à rapidez com que a radiação se propagou, quer em Chernobyl, quer em Fukushima, por exemplo.

Embora seja conhecido o número de mortes e feridos diretos, é claro que os efeitos a longo prazo também são um cenário de desastre. Ainda assim, os números variam e não existem contagens definitivas. Logo, Nelson refere que está tudo na base da especulação.

Pripyat, a cidade fantasma, evacuada em 1986, é hoje uma zona deserta devido aos níveis de radioativade do desastre de Chernobyl.

O ambientalista refere que há um esforço dos cientistas que visitam Chernobyl em retratar um espaço cheio de anomalias. Contudo, na sua perspetiva, podiam também referir-se à quantidade de plantas e animais que estão a regressar.

Por outro lado, explica que em Fukushima os problemas foram essencialmente a evacuação, o pânico e as decisões erradas que foram sendo tomadas. Afinal o Financial Times relatou que, de acordo com a Reconstruction Agency, as mortes registadas estão relacionadas com stress de evacuação, interrupção de cuidados médicos e suicídio. Contudo, houve apenas uma morte, posteriormente relatada, de um trabalhador com cancro do pulmão provocado pela radiação.

Mark Fischetti, editor do Scientific American, sublinha que os desastres foram causados por conceções e funcionamentos defeituosos. A par disso, explica que estão a ser desenvolvidas tecnologias novas e mais seguras que poderão ser integradas nas centrais nucleares existentes com alguma facilidade.

Poderá a energia nuclear vir a salvar o mundo?

Um dos mais emblemáticos cientistas climáticos do mundo e antigo diretor do Goddard Institute for Space Studies da NASA, James E. Hansen, ressalva que, além da segurança técnica e da mitigação de catástrofes, a energia nuclear pode salvar vidas.

Para a revista Environmental Science and Technology, Hansen e um colega escreveram que entre 1971 e 2009, a energia nuclear evitou quase dois milhões de mortes relacionadas com a poluição atmosférica. Mais, manteve 64 gigatoneladas – ou seja, 64.000.000.000 de toneladas métricas – de gases com efeito de estufa fora da atmosfera.

Conforme sabemos, a redução das emissões de carbono é uma componente essencial na luta contra as alterações climáticas. Então, surge a questão sobre até que ponto será a energia nuclear é amiga do ambiente.

Para o Yale Environment 360, Richard Rodes explica como atua a tecnologia nuclear na redução do carbono.

A mudança do carvão para o gás natural é um passo em direção à descarbonização, uma vez que a queima de gás natural produz cerca de metade do dióxido de carbono da queima do carvão.

Mas a mudança do carvão para a energia nuclear é radicalmente descarbonizante, uma vez que as centrais nucleares libertam gases com efeito de estufa apenas a partir da utilização acessória de combustíveis fósseis durante a sua [vida útil].

Por fim, a questão do absurdo crescimento da humanidade que, consequentemente representa um maior consumo de energia. A IAEA estima que as necessidades associadas à eletricidade irão aumentar 300 por cento globalmente, até 2050.

Muitos consideram que deixar a energia nuclear limpa de fora deste processo não pode ser uma hipótese.

 

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