Pplware

Afinal, a NASA mente quando diz que Marte é vermelho?

Esta é uma “polémica” que começou depois do conceituado jornalista de economia, José Gomes Ferreira, ter dito no programa de Fernando Alvim, Prova Oral, que Marte não tem aquela cor avermelhada, alaranjada que sempre conhecemos. Segundo o jornalista, “…os americanos alteram as cores” para não revelarem todas as potencialidades que lá existem. Portanto, há uma suposta conspiração para não revelar ao ser humano na Terra que Marte tem cores verdes, azuis, entre outras. Mas será mesmo assim?

A polémica no Twitter já leva comentários de toda a espécie. Contudo, por que razão sempre nos disseram que Marte é vermelho?


Marte é vermelho ou estamos a ser enganados?

Vivemos tempos férteis em ideias de conspiração, poderes ocultos, sistemas escondidos para enganar e dominar a sociedade. Disserta-se que grandes potências partiram da Terra para o espaço e que ocultam ao mundo terráqueo o que verdadeiramente já descobriram noutros planetas. Mas vamos por partes, por que é que Marte é vermelho?

A explicação da NASA e de outras agências espaciais, referem que a cor do Planeta Vermelho deve-se ao seu regolito, ou material de superfície que tem apenas milímetros de espessura. Este “pó” contém muito óxido de ferro – o mesmo composto que dá a cor ao sangue e à ferrugem.

Esta imagem, tirada pela Mars Pathfinder do seu rover Sojourner, mostra uma variedade de cores. O rover tem as rodas avermelhadas devido à hematita marciana; o solo perturbado é muito mais escuro por baixo. Rochas de uma variedade de cores intrínsecas podem ser vistas, mas também o papel que o ângulo da luz solar desempenha pode ser visto claramente. NASA / MARS PATHFINDER

Mas por que Marte tem tanto ferro, e qual a razão desse ferro ter “oxidado” e qual a razão desse óxido de ferro parecer vermelho?

Tudo começou há 4,5 mil milhões de anos. Quando o sistema solar se formou, sobre muitos planetas pousou uma dose de ferro. Forjado no coração de estrelas mortas há muito tempo, o elemento pesado girou em torno da nuvem de gás e poeira que colapsou gravitacionalmente para formar o sol e os planetas.

Enquanto a maior parte do ferro da Terra afundou até o seu núcleo quando o planeta era jovem e derretido, os cientistas da NASA pensam que o tamanho menor de Marte (e gravidade mais fraca) permitiu que ele permanecesse menos diferenciado. Ele tem um núcleo de ferro, mas também existe ferro em abundância nas suas camadas superiores.

O ferro velho liso parece preto brilhante. O elemento só assume uma coloração avermelhada quando é exposto ao oxigénio, e oxigénio suficiente para se tornar óxido de ferro.

Mas o que terá levado tanto ferro na superfície de Marte a oxidar ou a se unir ao oxigénio?

Na verdade, ainda há muito mais dúvidas que certezas sobre esta dúvida. Possivelmente, algum tipo de intempere enferrujou gradualmente o ferro em Marte.

Mas será que as antigas tempestades que se acredita terem ocorrido num Marte jovem e húmido enferrujaram o ferro ao bater no regolito com átomos de oxigénio liberados das moléculas de água? Ou a oxidação aconteceu gradualmente ao longo de milhar de milhões de anos, à medida que a luz do sol quebrava o dióxido de carbono e outras moléculas na atmosfera, produzindo oxidantes como o peróxido de hidrogénio e o ozono?

Imagem incrível mostra o polo norte marciano cheio de neve | Crédito da imagem: ESA

Ou, como um grupo de cientistas dinamarqueses sugeriu em 2009, as tempestades de poeira marcianas enferrujaram lentamente o ferro, esfarelando os cristais de quartzo que também existem no regolito e deixando expostas as suas superfícies ricas em oxigénio?

Como ninguém ainda sabe a explicação certa, a cor de Marte ainda é, de certa forma, um mistério. Contudo, por mais que a sua superfície enferruje, o óxido de ferro (III) composto parece vermelho porque absorve os comprimentos de onda azul e verde do espectro de luz enquanto reflete os comprimentos de onda vermelhos.

Uma nova cratera em Marte, que apareceu algures entre setembro de 2016 e fevereiro de 2019, aparece como uma mancha escura na paisagem nesta fotografia de alta resolução. (Crédito da imagem: NASA/JPL/Universidade do Arizona)

A coloração sangrenta do planeta – visível mesmo a milhões de quilómetros de distância – ganhou o nome do deus romano da guerra, enquanto outras civilizações também batizaram o planeta pelo que já foi sua principal característica distintiva. Os egípcios a chamavam de “Her Desher”, que significa “a vermelha”, enquanto os antigos astrónomos chineses preferiam “a estrela de fogo”.

Selfies do helicóptero Ingenuity da NASA em Marte tirada pelo rover Perseverance. Crédito da imagem: NASA / JPL-Caltech / MSSS / Seán Doran

Atualmente, com vários rovers a explorar o planeta, incluindo um helicóptero, há câmaras que nos enviam imagens com a tal coloração de um vermelho alaranjado, um castanho pálido. A China também está no terreno e outros países estão a gravitar e a gravar o que se passa no planeta. Será que todos nos estão a enganar?

Exit mobile version