Análise Warhammer 40,000: Space Marine II (Playstation 5)
2024 viu o regresso de uma das séries mais bem sucedidas do reino dos videojogos. Com o desenvolvimento a cargo da Saber Interactive, Warhammer 40,000: Space Marine II já se encontra entre nós e já experimentámos o jogo.
O universo Warhammer é um dos mais ricos e resilientes universos do mundo dos videojogos. Desenvolvido pela Saber Interactive, Warhammer 40,000: Space Marine II é um shooter na 3ª pessoa que traz de novo Warhammer às consolas e PCs, apresentando uma jogabilidade repleta de ação frenética e visceral.
A campanha de Space Marine 2 apresenta como principal estrela, Demetrian Titus, o herói do primeiro jogo e Capitão dos Ultramarines, que esteve afastado por quase dois séculos, preso por corrupção e traição. Acusado de corrupção, Titus regressa agora, mais duro e mais cansado. Numa primeira missão mal concebida é gravemente ferido e ao receber alguns implantes cibernéticos, transforma-se numa verdadeira máquina de guerra, como Tenente do Deathwatch.
Os mapas encontram-se bastante bem desenhados oferecendo alguma liberdade de movimentos aos jogadores. Mas não muita, infelizmente. Existe um incentivo em continuar a investigar cada canto dos locais por onde passamos com a inclusão de segredos, itens e pontos de loot neles espalhados.
Os Space Marines são, na história do jogo, uma força admirável de elite que tem como objetivo a proteção dos humanos. Dentro dos seus fatos futuristas, são quase imbatíveis e ao longo do jogo, assistimos muitas vezes ao deslumbre e admiração dos Cadianos quando acorremos em seu auxilio. A mensagem é simples e direta: os Space Marines são a derradeira linha de defesa.
Estes super soldados apresentam um escudo protetor que lhes fornece um pouco defesa extra. Estes escudos podem ser recarregado com o passar do tempo ou executando inimigos atordoados, enquanto que a barra da saúde pode ser regenerada por packs de saúde que se encontram ou então utilizando a habilidade de Raiva de Titus, que o colocará num estado de extra adrenalina na qual recupera a saúde com mortes bem-sucedidas.
A imponência dos Space Marines é algo que se sente, e com os seus armamentos e poder de fogo, são guerreiros poderosos.
E é precisamente isso que se vai revelar por cada um dos planetas que necessitamos de libertar dos seus invasores. Desde as selvas húmidas de Kadaku passando pelo mundo-colmeia e repleto de labirintos de Avarax ou pelo devastado e estranho planeta Demerium.
Usando uma tecnologia semelhante à usada no jogo World War Z (também da Saber Interactive), os Space Marines vão ser muitas vezes encurralados por centenas (milhares??) de inimigos em simultâneo. É fantástico assistir a essa massa viva a mexer-se e a dirigir-se na nossa direção prontos para sentir o sabor do nosso chumbo.
Apesar de alguns bugs gráficos, essas hordas comportam-se como uma série de indivíduos independentes. Isso é muito positivo pois permite-nos, no calor das batalhas, focar a nossa atenção para determinados bosses, por exemplo. E acreditem... os Bosses vão necessitar de muita atenção e foco, sendo pedras muito duras de roer, e exigindo tudo o que o jogador tiver para lançar contra eles. Além das armas de fogo (que incluem lança-chamas), temos ainda algumas armas de combate de proximidade como facas ou serras elétricas, por exemplo.
O combate corpo a corpo, apesar de funcionar, parece algo disfuncional por vezes. Torna-se mais visível quando nos encontramos rodeados de dezenas de inimigos e o combate corpo a corpo é a única solução (exceptuando uma granada, claro!).
Apesar de ser impossível não pensar "Ora bolas, somos apenas 1 contra centenas", o jogo faz-nos efetivamente sentir poderosos e isso faz toda a diferença. E é precisamente isso que faz com que os combates sejam tão excitantes. Somos e sentimo-nos poderosos mas, não somos imbatíveis e é precisamente esse equilíbrio que é necessário dominar no jogo.
Os inimigos atacam-nos, perseguem-nos e no caso dos que têm poder de fogo longa distância, usam isso mesmo como arma para nos atacar de longe. É impressionante a sensação claustrofóbica que é causada quando temos dezenas de Tyranids atrás de nós, e se lhes juntam alguns Warriors. Essa sensação é ainda mais inquietante, se tivermos em conta alguma inoperância dos nossos companheiros (controlados pela IA), que por vezes apenas parecem ser parte "da mobília".
E aqui há um pormenor interessante que é o facto de podermos antecipar os ataques dos inimigos (através de uma auréola verde) que nos permite defender do ataque e os finalizar com um finish brutal (fantástico o finish que, após colocarmos um inimigo nocaute, acabamos com ele com um tiro à queima roupa na cabeça). Esses finishes são sensíveis ao ambiente circundante, pelo que podem esperar momentos brutais e bastante diversificados. E as cerejas em cima do bolo, são os finishes aos bosses....
Os finishes são claramente o ponto alto dos combates
E por falar em finishes, é algo que não posso deixar passar em branco. Os momentos de finalizarmos um inimigo são brutais. Fantásticos e apesar de se tornarem um pouco repetitivos ao longo do tempo, nunca deixam de nos deixar um sorriso nos lábios.
Felizmente esses finishes tanto estão presentes no Modo Campanha (curto) como nas Operations (Operações), que são missões PVE que podemos fazer com mais 2 companheiros de equipa. É um modo fantástico e altamente empolgante. Cada jogador escolhe a classe do seu Space Marine e parte para a guerra, onde os esperam hordas e hordas de inimigos. Pena, o facto de não poderem haver mais que um jogador com a mesma classe, por missão. Cada classe tem as suas armas e habilidades próprias e por exemplo, o blindado consegue criar uma barreira que impede os inimigos de atacarem à distância quem quer que esteja protegido por essa barreira.
Em Operations, cada arma possui uma árvore de desenvolvimento própria que melhora os seus stats, possuindo cada uma, versões mais fortes que são desbloqueadas conforme o tempo de jogo com elas. Essas versões também funcionam como skins para as armas, permitindo um sistema avançado de personalização cosmética.
A jogabilidade é relativamente simples sendo que Warhammer 40,000: Space Marine II é de fácil aprendizagem. Correr, interagir, desviar e usar armas são os movimentos tradicionais que são estendidos com a possibilidade de uso de Jet Pack que permite saltos de pequena duração. Isto confere ao jogo, uma maior verticalidade e profundidade à ação.
Tal como no Modo Campanha, também as Operações consistem em missões que, genericamente nos levam a ter de percorrer do ponto 1 ao ponto 2, aniquilar hordas de inimigos, avançar mais um pouco, aniquilar mais uns quantos inimigos e no fim, defender uma área e/ou lutar contra um boss. É um pouco repetitivo na sua génese mas a jogabilidade e o combate fluído disfarçam bem.
Por fim, também existe o Modo Eternal War, ou seja, um modo PVP (jogador contra jogador), no qual 6 Space Marines lutam contra outros 6. Em Eternal War, já podem haver dois soldados com a mesma classe, o que mesmo assim, não deixa de ser algo castrador.
Algo que me deixou um pouco decepcionado foi a existência de tempos de loading algo exagerados.
Resumindo, vejamos o que Warhammer 40,000: Space Marine 2 tem para oferecer:
- Uma campanha (com o regresso de Demetrian Titus) intensa e repleta de momentos empolgantes que peca por ser um pouco restritiva em demasia e bastante curta em duração.
- Um modo Operações, dentro do jogo, PvE (Player versus Environment) de até 3 jogadores cujas missões pecam por serem demasiado longas.
- Várias classes de Space Marines para serem explorados, dezenas de armas e munições.
- Centenas de inimigos em vagas massivas para eliminar e muitos finishes simplesmente brutais para concretizar.
- Um grafismo bastante interessante e acompanhado por efeitos sonoros que encaixam na ação. Bom trabalho de vozes também.
Warhammer 40,000: Space Marine 2 é, tal como o passado da série exige, um jogo empolgante, recompensador e exigente que para os fãs da série corresponderá a um regresso em grande e há muito esperado. Pecando por um modo singeplayer bastante curto, acaba por ser a vertente multiplayer a equilibrar as contas finais.