Análise Rise of the Ronin (Playstation 5)
Rise of the Ronin é o mais recente trabalho da experiente equipa japonesa da Team Ninja e trata-se de um título que grandes expetativas gerou ao longo dos últimos meses (tal como podem ver aqui ou aqui). O jogo já chegou e nós já o experimentámos. Vamos ver...
É um dos jogos que mais expetativas gerou nesta primeira metade de 2024. Uma iniciativa arrojada da parte dos estúdios japoneses Team Ninja deu vida a este Rise of the Ronin.
A equipa da Team Ninja é composta por vários veteranos de desenvolvimento de videojogos, com uma larga experiência em títulos de combate. Jogos como Ninja Gaiden, Dead or Alive ou Nioh entre outros) são os melhores cartões de visita da equipa e, como todos sabem, são jogos de ação com combates intensos, intrincados mas também... divertidos.
É, portanto, neste contexto que Rise of the Ronin se torna num jogo extremamente ambicioso para a Team Ninja, saindo do seu conforto para se lançar num ambiente open world vasto e diversificado e repleto de narrativas distintas e multifacetadas.
Mas, mais que isso... Rise of the Ronin mantém todo o ADN da Team Ninja inalterado, o que por outras palavras quer dizer que, Rise of the Ronin mantém no seu core um sistema de combate extremamente competente e principalmente, divertido.
A história de Rise of the Ronin convida os jogadores a uma viagem histórica, pelo passado do Japão feudal numa altura em que se começavam a abrir as portas ao Ocidente, mais concretamente aos americanos. Aliás, o inicio do jogo coincide com a chegada ao Japão da Frota norte-americana em 1853.
Tratou-se de um momento particularmente tenso na história do País do Sol Nascente e que despertou inúmeras convulsões e intrigas internas, assim como inúmeras negociações dentro e fora do Japão. E nós, ou seja, o jogador estará bem no centro de toda essa convulsão.
No arranque do jogo somos apresentados a dois irmãos órfãos que, tendo sido acolhidos pelo clã Kurosu se tornam lutadores exímios. Um certo tipo de justiceiros. São a Ameaça Oculta e cada um dos irmãos é intitulado de Lâmina Gémea.
Após um inicio introdutório inicial, as Lâminas Gémeas são enviadas para bordo dum navio americano para roubar informações secretas sobre as intenções norte-americanas e, uma vez a bordo, envolvem-se num combate contra um misterioso samurai: Demónio Azul. Uma das Lâminas consegue fugir, enquanto a outra fica para trás, supostamente morto... (é neste altura que escolhemos e personalizamos o nosso personagem)
E é assim que é dado o pontapé de saída para Rise of the Ronin, enquanto controlamos a Lâmina Oculta que sobreviveu e tenta desvendar o que se passou naquela noite a bordo do navio e tenta perceber as alterações que se começam a notar no Japão e nos seus habitantes.
Esta nossa demanda leva-nos numa visita por vários pontos do Japão feudal, tendo como ponto de partida a cidade de Yokohama. E convém dizer que, apesar de não conseguir a beleza de Ghost of Tsushima, por exemplo, o Japão de Rise of the Ronin encontra-se muito agradável de se ver, ouvir e quase... sentir.
E desde cedo se nota uma das belezas de Rise of the Ronin: liberdade. Com efeito, desde os primeiros momentos de jogo que nos apercebemos duma tremenda liberdade de movimentos e de decisão. Por onde ir, com quem falar, contra quem lutar, o que recolher, o que comprar ou vender, se encetar a missão principal ou escolher algo mais para fazer, ...
Com mapas bastante generosos, é fácil o utilizador querer essa liberdade. É quase imperativo, até mesmo porque a equipa da Team Ninja incluiu em Rise of the Ronin um sistema de geração de missões e eventos bastante robusto, fazendo com que a qualquer momento haja ação ou algo para ver e descobrir.
Há sempre qualquer coisa a acontecer e muitas desses eventos passam por interações com NPCs que nos atribuem missões variadas e divertidas.
Mas essas interações estendem-se também (principalmente) à história do jogo onde podemos encontrar personagens históricos reais, como Ryoma Sakamoto, Taka Murayama ou Matthew C. Perry. Os diálogos surgem com várias opções de escolha e, tal como seria de esperar, as escolhas dos jogadores acabam por afetar a história geral e a forma como o nosso personagem é identificado no jogo (anti-Shogun ou pró-Shogun).
Uma coisa que convém referir é que o jogo acompanha a evolução da mestria do jogador de uma forma bastante coerente e suave, ou seja, tirando alguns bosses, não existem saltos de dificuldade absurdos. Nada disso! A dificuldade do jogo acompanha a evolução do jogador de forma equilibrada.
Tal como em muitos outros jogos com formato open-world, existem ainda inúmeras atividades paralelas nas quais os jogadores podem investir o seu tempo. Tratam-se de iniciativas sem grande impacto na história principal do jogo mas que acrescentam algo. Acrescentam beleza, enriquecimento cultural ou simplesmente divertimento e que incluem tirar fotos de pontos específicos na paisagem, limpar alguns aldeamentos de bandidos ou colecionar gatos para uma "amiga" nossa entre outras atividades.
Sendo um RPG, Rise of the Ronin apresenta um conjunto de Árvores de Habilidades para desbloquear. Desde habilidades de ataque, a gestão de diálogos e interações com NPCs, existem mais de 50 habilidades a desbloquear, todas elas importantes mas nenhuma delas, crucial para se avançar no jogo.
O combate de Rise of the Ronin é, tal como seria de esperar da Team Ninja, um dos pontos altos do jogo. Tendo em atenção á era a que a ação corresponde, as armas que o jogador terá ao seu dispor, também são ajustadas. Por exemplo, teremos Katanas, espadas samurai, ou mesmo pistolas ou rifles americanos. Mas mais. Existem várias artes marciais que o jogador vai aprendendo ao longo da aventura e nas quais se poderá especializar. O conhecimento dessas artes marciais vão sendo "adquiridas" à medida que avançamos na História e que conhecemos alguns NPCs específicos.
As armas (tal como equipamentos e acessórios) encontram-se divididos por categorias de raridade, sendo que as mais poderosas apresentam features passivas bastante úteis em combate. E precisamente sobre essas features especiais, um pormenor interessante é o facto de as podermos transportar de uma arma para outra, mantendo assim, a jogabilidade da arma preferida com as mais-valias de outra.
O combate assenta principalmente no uso do Chi, ou seja, uma energia vital que tanto nos serve para atacar ou defender. quando em combate, é importantíssimo esgotar a barra de Chi dos inimigos, pois assim ficarão expostos aos nossos ataques , permitindo aplicar-lhes finishes que tanto têm de belo como de recompensador.
Outro aspeto do combate que tem grande importância são os contra-ataques que, quando usados no timing correto (é uma questão de timing ao pressionar de R1) podem, não só proporcionar defesa de um ataque inimigo, como pode ainda, colocá-los em pânico e ser dessa forma mais fácil de eliminar.
Seja a pé ou a cavalo, o combate de Rise of the Ronin tem os condimentos nas medidas adequadas. É exigente, é divertido, pode ser mais ou menos complexo.
E, curioso (ou não), existem várias missões em que existe a possibilidade de se jogar em Multiplayer cooperativo. Tratam-se de missões nas quais vários dos protagonistas do jogo acompanham o nosso herói e se conseguirmos que algum outro jogador se junte, acaba por ser uma experiência diferente. Contudo, essas missões também podem ser jogadas single-player sendo que o jogador pode alternar entre cada um dos membros da party a qualquer momento e podendo reavivar algum que caia em combate.
Com um mapas tão grandes como os que Rise of the Ronin apresenta, a deslocação poderia ser algo mais complicada entre grandes distâncias. No entanto, para facilitar isso, além de certos marcos espalhados pelos mapas (fast travel), a Team Ninja incluiu ainda a possibilidade de se cavalgar um dos muitos cavalos do jogo ou mesmo usar um equipamento que se assemelha a um wingsuit primitivo.
Cada mapa de Rise of the Ronin encontra-se dividido em zonas onde pode, ou não, decorrer ação da história principal do jogo. No entanto, todas têm locais de interesse à espera de serem descobertos, como por exemplo, os gatos perdidos. Com um mapa tão grande e tantas zonas diferentes, seria fácil os jogadores perderem o fio à meada mas felizmente a Team Ninja implementou um sistema no qual os jogadores têm uma noção a qualquer momento, do que ainda falta concluir nessa determinada região.
De qualquer forma, os jogadores poderão sempre voltar a cada uma dessas regiões para as completar. Aliás, os capítulos do jogo podem ser revisitados a gosto do jogador.
Tal como em muitos títulos semelhantes, à medida que avançamos vamos adquirindo itens, equipamentos, armas... não só dos inimigos caídos em combate, como também de loots que encontramos nos mapas. E, tal como noutros jogos também, muitos desses espólios serão vendidos para obtenção de moedas para comprar outros melhores. E é precisamente esse um dos aspetos que poderia estar um pouco melhor. A impossibilidade de selecionar vários items para os vender duma só vez obriga o jogador a selecionar item a item e por vezes temos o inventário cheio de loots para vender.
Rise of the Ronin é simplesmente um fantástico RPG de Ação que representa uma era bastante conturbada da História do Japão (e Mundial). O jogo apresenta um sistema de combate extremamente entusiasmante e competente, que embebido na narrativa do jogo e com o belo e rico open world japonês que lhe dá palco, se tornou num desafio ganho com distinção pela equipa da Team Ninja. Um jogo para ter debaixo de olho... melhor .... para se ter instalado na própria consola.
Excelente análise, porém devo salientar que é possível selecionar vários items para vender ao mesmo tempo, ao contrário do que é referido. Basta ficar a pressionar no quadrado e ir selecionado com o cursor.