Análise Assassin’s Creed: Odyssey para a Playstation 4
Para quem viu o filme 300, a história de Assassin’s Creed não é estranha. A ação do jogo decorre justamente durante a Guerra do Peloponeso, que opôs Esparta a Atenas. É a história de dois irmãos, Alexios e Kassandra, ambos descendentes de Leonidas, o célebre rei de Esparta do séc. V a.C..
É neste cenário que toda a aventura se desenrola e onde teremos de demonstrar toda a nossa destreza e perspicácia para conseguir sobreviver. Será que conseguimos?
Há algo que, antes de tudo o mais, tem de ser dito acerca deste jogo: o mundo de Assassin’s Creed é enorme! Todo o cenário imaginado pela Ubisoft é, para além de extremamente detalhado, bastante variado e com muito – mesmo muito – para explorar e conhecer.
Neste fantástico RPG de ação em mundo aberto, deparamos-nos logo desde o início com uma novidade relativamente a jogos anteriores da saga: podemos escolher o sexo do personagem principal. Iremos, durante o jogo, encarnar Alexios ou Kassandra. Esta escolha é uma inovação bem-vinda mas, na realidade, acaba por não existir qualquer diferença relevante ou benefício em escolher um, ou o outro.
Esta escolha reside apenas e somente numa preferência pessoal, mas ficou a impressão de que, no caso de Kassandra, os diálogos – embora sejam exatamente os mesmos – estão mais bem conseguidos.
Continuando no tópico relacionado com os diálogos e interações com os personagens, quase sempre existem várias opções de resposta quando conversamos com NPC’s. Ainda que, na maioria das vezes, essas opções não levem a uma alteração significativa na história principal, situações há em que as atitudes que temos para com os outros personagens influenciam o decorrer da trama. Existem, por exemplo, ocasiões em que teremos de escolher entre mostrar misericórdia poupando a vida de alguém ou simplesmente eliminarmos esse NPC. Este tipo de ações irá determinar de que forma o enredo se vai desenvolver daí para a frente.
Outro aspecto novo é o facto de ser a primeira vez nesta saga em que o personagem principal se envolve romanticamente com NPC’s, independentemente do sexo do parceiro. Sendo um aspeto interessante, a verdade é que acaba por não ter um papel relevante na história.
Com um mapa tão extenso, seria difícil explorá-lo e descobrir os seus segredos se não existissem side quests que nos orientassem nesse sentido. Se o número de missões paralelas nos possibilita – quase nos obriga, aliás – a essa mesma exploração, a verdade é que também nos distrai da missão principal. O sistema de progressão do jogo apenas nos permite subir de nível à medida que vamos completando estas missões; caso nos foquemos apenas na missão principal, vamos adquirindo experiência de uma forma muita mais lenta do que se formos fazendo algumas missões paralelas.
O sistema de progressão permite-nos desenvolver algumas aptidões que nos irão ajudando à medida que avançamos. Essas aptidões estão inseridas em 3 papéis diferentes: Hunter, Warrior e Assassin. Não somos obrigados a seguir um papel específico, pois é possível ir adquirindo aptidões pertencentes a qualquer um dos papéis. Aliás, é aconselhável sabermos um pouco de tudo uma vez que iremos encontrar, em situações diferentes, adversários também eles bastante diferentes.
A grande desvantagem deste sistema de progressão é que, inicialmente, tudo funciona de maneira bastante linear e rápida, mas - à medida que nos vamos aproximando de níveis mais elevados - essa progressão torna-se mais lenta sendo praticamente impossível adquirir experiência apenas na missão principal. Como já referimos, o próprio jogo obriga-nos a cumprir missões paralelas para atingir todo o nosso potencial.
À medida que vamos adquirindo experiência – e dinheiro –, podemos e devemos ir melhorando o equipamento que levamos connosco, com as possibilidades de melhoria a serem desbloqueadas quando subimos de nível. Mais uma vez, é aconselhável irmos fazendo alguns upgrades ao nosso armamento e proteções: conforme vamos avançando, os adversários vão também ficando cada vez mais fortes.
Infelizmente, as missões paralelas acabam por tornar-se bastante repetitivas: entrar em grutas para recuperar artefactos roubados, localizar e matar um inimigo, falar com este ou aquele NPC que nos fornecerão mais alguns pormenores sobre o enredo – e, não raras vezes, nos dão outra missão paralela. É um sistema interessante, mas deixa a sensação de que existe somente para nos obrigar a explorar o cenário.
Ao fim de algumas horas a jogar, algo que salta à vista é a forma intuitiva e fácil com que se utiliza o sistema de combate. Não houve qualquer dificuldade na habituação à forma como o nosso personagem se mexe, se posiciona e luta, chegando a ser fácil demais quando lidamos com adversários com o nosso nível ou inferior. Claro que o caso muda de figura quando estamos perante adversários mais fortes (e iremos encontrar muitos).
Os mercenários que andam atrás de nós para nos capturar são, regra geral, bastante mais fortes e, numa situação destas – e ainda que estejamos bem equipados - raramente é má decisão voltar costas e abandonar a refrega. Aliás, é mesmo aconselhável não nos aproximarmos de qualquer mercenário: caso sejamos detetados, será bastante complicado deixarmos de ser perseguidos.
Pela minha experiência e pelo tempo que me dediquei a jogar, fiquei com a ligeira sensação de que em Assassin’s Creed: Odyssey se dá muito mais ênfase ao nível dos personagens do que à perícia de quem joga: por muito bom que seja o nosso armamento, raramente saímos vivos de combates contra adversários 4 ou 5 níveis acima do nosso. Na grande maioria das situações não conseguimos sequer desferir um golpe inicial, o que acaba por ser um pouco frustrante.
Mas nem só de combates em terra vive este jogo: foram recuperados os combates marítimos que haviam sido introduzidos em Assassin’s Creed: Black Flag. Porém, lembrem-se, a ação decorre durante o séc. V a.C., época em que não existiam canhões nem mosquetes. Resta-nos cobrir os navios inimigos de setas, proteger-nos das setas que os inimigos disparam sobre nós, abordar os navios inimigos ou afundá-los com o ariete que se encontra na proa. Apesar de ser inicialmente interessante manobrar um navio num cenário de combate, depressa percebemos que também aqui existe alguma repetibilidade.
Uma adição que faz diferença é o conceito de conquest battles, onde somos colocados em batalhas envolvendo exércitos de grandes dimensões. Essas batalhas ocorrem quando a influência de um exército ocupante diminui, ou seja, quando o seu poder sobre o território que controla começa a enfraquecer. Isto pode acontecer se atacarmos e saquearmos as suas bases ou matarmos os seus comandantes.
Percebe-se rapidamente que a componente stealth que caracterizava Assassin’s Creed quase que desapareceu. Existem situações em que, por muito bem escondidos que estejamos no topo de uma edificação elevada, somos facilmente detectados; noutras situações, estamos completamente descobertos e parece que ninguém dá pela nossa presença. Um pouco confuso e a precisar de alguns ajustes.
O que não precisa de ajustes é mesmo o cenário. Pormenorizado, grandioso, viciante ao ponto de desejarmos fazer todas as missões paralelas apenas para podermos explorar mais um pouco. Este jogo tem de tudo: podemos passear pelo meio de cidades altamente povoadas, deambular pelos bosques à procura de materiais para construir armas, visitar grutas escondidas acerca das quais pouco se sabe, navegar de ilha em ilha em barcos que podemos “fretar” – ou furtar. A realidade é que o cenário nunca nos cansa. Existiu, efetivamente, uma grande dose de empenho e dedicação ao desenhar e desenvolver o cenário do jogo e este é, sem sombra de dúvida, um dos seus grandes pontos fortes.
Veredicto
Assassin’s Creed: Odyssey é, antes de mais, um RPG. A acção decorre num cenário majestoso que merece ser explorado, ainda que depressa percebamos que grande parte das atividades que levamos a cabo e que não fazem parte da missão principal são repetitivas e pouco desafiantes.
Fica a sensação de que Ubisoft receia que não exploremos o cenário se não formos obrigados a fazê-lo, atirando-nos side quests pouco variadas, umas atrás das outras, como se essa fosse a única forma de tornar apelativo um jogo em mundo aberto. Neste aspeto, acreditamos que a saga pode e deve melhorar em lançamentos futuros.
Este artigo tem mais de um ano
Adquiri este jogo para a PS4 e para meu espanto o nome indicado no selo do IGAC é o Assassins Creed Rouge… não sei se isto é legal.
Achas mesmo que o mundo é bastante variado? Sendo assim tão grande, porque de facto é mesmo, há muitas zonas em que me parece que houve bastante “copy/paste” pois trazem aquele sentimento em que é mesmo muito parecido a outra zona.
Anyway, Assassin’s Creed meet Ghost Recon Wildlands. Now go and have a baby together ahah
A Ubisoft já nem sabe o que fazer…Este jogo no início seguia um enredo porreiro da eterna luta entre o Credo dos Assassinos e os Templários, ao longo das épocas, mas agora com “n” jogos que saíram, já nem se sabe “onde se está”. Só pensam em facturação, os jogos perderam o fascino e aspecto “stealth” já nem sequer existir, uma das coisas que faziam do jogo extremamente bom de se jogar. O facto de ter um mundo abrangente e grande, não se justifica em nada, uma vez que, como é referido é só side quests para encher… Não vale a pena mesmo, na minha opinião” jogar mais um de muitos que devem para estar para sair.
nao sabes o que dizes