Chama-se Kirin OS e foi desenvolvido ao longo dos últimos anos pela Huawei. Agora, face ao bloqueio por parte das grandes empresas, entre as quais se conta a “mãe” do Android, provará o seu valor. Com efeito, a Huawei integra agora a lista negra de Trump, mas pode sobreviver mesmo sem a Google Play Store.
Os piores receios da Huawei materializaram-se a 19 de maio de 2019, mas o que muda?
Os consumidores sentirão primeiramente a perda das atualizações do sistema Android, podendo começar já com a décima versão, o Android Q. Ainda que seja um cenário hipotético, dependendo do desenrolar das expectáveis negociações, a empresa asiática já está precavida com o seu próprio Kirin OS.
A Alphabet é a empresa-mãe da Google
Em causa está o impedimento legal, fruto da ordem executiva de Donald Trump, a empresa-mãe da Google, a Alphabet, teve que negar aos dispositivos móveis da Huawei o acesso à Google Play Store. De igual modo, poderão ficar privados de utilizar todos os seus serviços, incluindo aqui as atualizações do Android.
A emergência informática invocada pela administração Trump acabou por proibir as empresas norte-americanas de encetar negócios com empresas estrangeiras que representem um risco para a segurança nacional. Desse modo, a Huawei será privada de todos os serviços Google, incluindo o Android.
Já de acordo com a publicação Bloomberg, esta é a nova Guerra Fria. Agora sem o cariz bélico, mas sim económico. Aliás, a expressão utilizada por um dos analistas da fonte supracitada refere mesmo a “terra fria tecnológica”. Esta é a nova realidade que opõe a potência ocidental e asiática.
Para a Bloomberg, o vencedor será aquele que aguentar melhor as dores provocadas pelas perdas prolongadas e não o que tiver as melhores “armas”. Tim Culpan, analista do meio citado, classifica assim a “guerra fria tecnológica”.
O Android, os serviços e a Google Play Store
Enquanto produtos detidos por uma empresa norte-americana, exclui-se o seu acesso a empresas estrangeiras na “lista negra”. De igual modo, esta emergência informática invocada por Trump abrange várias fabricantes de chips como a Intel, a Qualcomm, bem como a Broadcom e a Xilix.
Todas elas já confirmaram o corte de relações com a gigante chinesa, pelo menos por agora. Ainda que a Huawei utilize sobretudo os processadores feitos pela sua empresa satélite, a Kirin, a relação com a Qualcomm é agora posta em cheque. Assim sendo, o plano B terá que entrar em ação.
A solução da Huawei para um corte completo com a Google já estava a ser preparada. Em primeiro lugar com a acumulação de um grande volume de processadores, suficiente para três meses de produção de acordo com a Bloomberg. Ao mesmo tempo, a empresa reforça a produção própria na sua HiSilicon.
A autosuficiência como solução para a Huawei
Do mesmo modo, estando o hardware assegurado, a empresa chinesa tem soluções para o software. Ainda que não seja fácil suprir a falta da Google Play Store, ou do sistema Android, o Kirin OS estará pronto. Será a partir destes dois elementos que a tecnológica asiática garantirá a sua independência dos Estados Unidos.
A propósito, já em março último a empresa fundada por um antigo soldado do Exército Vermelho, Ren Zhengfei, confirmou o Kirin OS. Esta será a sua alternativa ao sistema operativo Android, e também já tem uma alternativa à Google Play Store, a loja de aplicações da Google.
O Kirin OS e o mercado na China
O “plano B” compreende uma loja própria, já utilizada na China, país em que vários dos serviços da Google não são permitidos. Este que é o maior mercado mundial de smartphones, conta com uma presença residual de fabricantes estrangeiras. Para a Huawei será, portanto, um porto seguro.
A propósito, a Huawei é a maior fabricante no seu mercado natal e agora poderá aplicar o plano de contenção supracitado. A plataforma que poderá correr em smartphones e computadores será a primeira opção. Não obstante, a empresa deverá tentar negociar estas imposições perto da administração norte-americana.
O embargo imposto por Donald Trump obrigará a Huawei a procurar alternativas. Felizmente, para os atuais consumidores, a empresa já as tem. Ainda assim, o impacto que o barramento da próxima versão do Android e a toda a Google Play Store pode ser avassalador. Entretanto, as empresas têm-se pronunciado:
For Huawei users' questions regarding our steps to comply w/ the recent US government actions: We assure you while we are complying with all US gov't requirements, services like Google Play & security from Google Play Protect will keep functioning on your existing Huawei device.
— Android (@Android) May 20, 2019
Para todos os dispositivos atuais, as consequências deverão ser mínimas. No entanto, está em cheque a chegada do Android Q como próxima iteração do sistema. Por fim, também a Huawei emitiu uma declaração oficial que pode ser lida na íntegra na nossa publicação.
A Huawei continuará a fornecer atualizações de segurança e serviços de pós-venda para todos smartphones e tablets Huawei e Honor existentes, abrangendo os equipamentos vendidos e os que ainda estão em stock.
Um desenvolvimento de última hora. A empresa portuguesa Aptoide afirmou estar a negociar com a Huawei. Mas nada se sabe sobre tal negociação, nem sobre a viabilidade desta solução. O Pplware já inquiriu a empresa nacional, estando agora a aguardar a sua resposta.
O caso será continuamente acompanhado pelo Pplware.