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Huawei terá colaboradores com ligações ao exército da China

Há um novo estudo académico que aponta ligações entre colaboradores da Huawei e órgãos militares da China. A ser verdade, acaba de ser posta a descoberto uma faceta até então desconhecida da fabricante de smartphones Android. Em causa está a dualidade de funções assumida por alguns elementos do staff.

Em particular, há um CV que descreve um indivíduo com cargo na Huawei e no exército da China.


Já, por sua vez, a tecnológica chinesa disse não ser capaz de verificar o curriculum vitae (CV) citado no estudo em questão. Além disso, critica as conclusões do mesmo, ao apontar as várias “ilações especulativas”. Inporta, portanto, fica a conhecer o âmago da questão, além dos indicadores evidenciados no documento em questão.

A Huawei e os laços profundos com a China

O estudo descobriu aparentes laços profundos entre o governo da China e a Huawei. Mais concretamente, na contratação de colaboradores que já haviam trabalhado junto do aparelho do Estado em atividades relacionadas a hacking ou espionagem industrial em que os alvos eram empresas do Ocidente.

Ao propósito, cumpre salientar que o estudo foi levado a cabo por Chistopher Balding, professor associado da Fullbright University no Vietname. O académico também contribui com a Bloomberg onde produz, por exemplo, artigos de opinião. De igual modo, tem presença ativa no Twitter com o perfil @BaldingsWorld.

 

 

O estudo levado a cabo por Balding analisa registos de emprego de colaboradores da Huawei. A partir dessa fonte, conclui que vário pessoal técnico de nível intermédio, empregue pela tecnológica, tinha um fortes raízes em trabalhos ligados aos serviços de informação e atividades militares.

Quadros operacionais com um passado de hacking e espionagem industrial

De igual modo, temos alguns colaboradores podem ser associados a “casos específicos de hacking e espionagem industrial levada a cabo contra empresas do Ocidente“, afirma Balding. O estudo detalha a atividade destes dois indivíduos, empregues pela Huawei, bem como por entidades do Estado.

Note-se também que os registos de emprego foram adquiridos a partir de bases de dados das agências de recrutamento, não seguras, durante uma fuga recente. Esta é a fonte primordial da matéria-prima para o estudo, a par dos websites não protegidos, das empresas responsáveis pela recruta de colaboradores.

 

 

Ao propósito, um dos CVs analisados descreve um colaborador da fabricante de smartphones Android que também tinha outra ocupação. Nomeadamente, um cargo numa universidade militar, por conseguinte, era empregue pelo exército da China, o exército de libertação do povo chinês.

Indivíduos com uma dualidade de cargos, entre a Huawei e o Estado

Por sua vez, o colaborador em causa tinha ligações às áreas mais futuristas do exército da China. Isto é, os assuntos espaciais, bem como os conflitos cibernéticos e eletrónicos. Áreas sensíveis e revestidas de tecnologia no seu âmago, algo que terá levado à sua contratação também pela Huawei.

Há ainda outro indivíduo descrito como representante da estrutura governamental. Este, por sua vez, era responsável pela espionagem e contrainformação. De acordo com o estudo, citado pela CNBC, a pessoa “levava a cabo um comportamento que pode ser descrito como a colocação de tecnologia que permitia a captação de informação em produtos ou software da Huawei”.

As provas circunstanciais são particularmente fortes, abonando as preocupações válidas em torno da relação entre a Huawei e o exército da China, afirma Balding no seu estudo.

Entretanto, o académico levou a cabo uma série de explicações na rede social Twitter. Aí, responde às críticas e incredulidade de que tem sido alvo. Ao mesmo tempo, informa os seus seguidores da necessidade de “desaparecer durante algum tempo perante o que ele classifica de “várias pressões a que está sujeito“.

Colaboradores da fabricante de smartphones Android

Já em jeito de resposta à entidade supracitada, Balding afirma que nunca viu a palavra backdoor num CV. No entanto, há uma “abundância de terminologia técnica que indica um padrão consistente com esse tipo de comportamento em curso“. Isto é, no seu estudo encontrou indicadores de que tal pudesse estar em prática.

Não tenho provas que o Estado chinês obrigou diretamente um colaborador da Huawei a cometer atos de espionagem, ou comportamento similar. Digo isto apenas porque não tenho as gravações de tal ordem a ser emitida, ou algum email a especificar tais ordens, afirma Balding em tom de desafio.

No entanto, posso afirmar que os CVs falam de comportamentos como a interceção de informações. Ao mesmo tempo, sabemos de instâncias em que colaboradores da Huawei desempenham cargos também junto do exército da China. Mais concretamente, na Força Estratégica de Suporte, responsável pela guerra eletrónica, bem como áreas não convencionais de conflitos. Portanto, não posso afirmar que tal foi ordenado. Ainda assim, a inferência a partir das posições e comportamentos especificados nos CVs parece indicar a prática de tais atos.

 

 

Cumpre ainda frisar que Balding utilizou três currículos no seu estudo, sendo estes editados, em parte, para proteger a identidade das pessoas. Entretanto, a própria fabricante de smartphones Android já veio a publico comentar o estudo. Ao propósito, a Huawei não confirma, nem desmente as conclusões apresentadas.

A resposta da Huawei ao estudo de Christopher Balding

A fabricante de smartphones Android disse que não conseguiu verificar os CVs utilizados por Balding. Posto isto, “não foi possível confirmar a veracidade de toda a informação publicada recentemente online“. É uma postura que denota cautela, bem como uma investigação interna ao caso exposto.

A Huawei mantém padrões rígidos para contratar candidatos com passados militares, ou no desempenho de cargos estatais. Durante o processo de recruta, estes candidatos têm que providenciar a documentação que prove o término da relação com o empregador anterior.

Ao que a fabricante de smartphones acrescenta a prática de análises e investigações ao histórico laboral do novo colaborador. Além disso, fornece várias ações de formação para os novos quadros que terão acesso a dados das redes e consumidores no decurso da sua atividade.

O futuro da Huawei e as relações com os EUA

Escusado será dizer que as conclusões deste estudo em nada abonam o possível retomar das relações comerciais com as empresas sediadas nos EUA. Ao propósito, lembramos que apesar das recentes declarações de Donald Trump, a sua eficácia prática é desconhecida. Enquanto isso, a Huawei prepara o “Plano B“.

Por fim, colhemos ainda o testemunho do editor-chefe do jornal Global Times, Hu Xijin, sendo uma publicação   subsidiada e pertencente à esfera estatal. O jornalista publicou recentemente um vídeo em que afirma ser comum ex-militares serem empregues por empresas privadas.

 

 

O jornalista termina em tom acusatório, ao acusar Balding, bem como o think tank de cariz conservador, o Henry Jackson Society, de oportunismo político. Pouco depois, o académico responderia ao jornalista numa série de publicações no Twitter.

 

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