Um antigo funcionário da Meta acusou o Facebook de manter, secretamente, os dados apagados do Messenger e de os partilhar com a polícia. O colaborador apresentou uma queixa, alegando que a plataforma criou uma ferramenta para aceder aos dados que os utilizadores pensavam ter apagado.
O despedimento do delator deve-se, segundo alega, ao levantamento de questões relativamente à legalidade dessa ferramenta.
Depois de deixar a Força Aérea dos Estados Unidos da América, Brennan Lawson juntou-se à equipa do Facebook. Agora, alega ter sido despedido por levantar questões relativamente à legalidade de uma ferramenta utilizada pela rede social no Messenger.
Brennan Lawson afirma ter estado numa reunião, em 2018, “onde um gestor do Facebook introduziu uma nova ferramenta à equipa” e, ao contrário do que acontecia noutras reuniões, “não foram distribuídos materiais para os participantes analisarem previamente”.
Isto porque, ao contrário de outras reuniões, o Facebook estava a ensinar os funcionários a utilizar uma ferramenta que lhes permitia contornar os protocolos normais de privacidade do Facebook, a fim de acederem aos dados apagados pelos utilizadores.
Ora, de acordo com o antigo funcionário, essa ferramenta permite que o Facebook aceda aos dados do Messenger que os utilizadores acreditam ter apagado e, por isso, está a processar a Meta.
Num processo apresentado ao Tribunal Superior da Califórnia, no condado de San Mateo, Brennan Lawson disse que trabalhava para a empresa-mãe do Facebook, como senior risk and response escalations specialist, e que a rede social partilhava com a polícia dados que os utilizadores acreditavam ter apagado.
Este protocolo back-end permitiu à equipa recuperar dados no Messenger que os utilizadores tinham optado por apagar. O Facebook dizia aos seus utilizadores que, uma vez apagados os dados, estes não eram armazenados localmente e não podiam ser acedidos.
As forças da lei faziam perguntas sobre a suspeita utilização da plataforma, tais como a quem é que o indivíduo enviava mensagens, quando as mensagens eram enviadas, e até mesmo o que continham essas mensagens.
Lê-se no processo, segundo o Sky News.
Além de tudo isto, Lawson revela ainda que falou, durante a reunião, relativamente aos contornos legais da ferramenta. Mais tarde, viu o seu desempenho avaliado negativamente e foi despedido.
A Meta já disse que as “reclamações não têm fundamento” e que defender-se-á “vigorosamente contra elas”.
Lawson acusa Facebook de desconsiderar a saúde mental dos funcionários
A par do processo que instaurou contra a Meta relativamente à nova ferramenta, Lawson também alegou que a empresa não protegeu a sua saúde mental, por expô-lo a conteúdos nocivos.
O papel exigia que ele visse conteúdos extremos, tais como decapitações, violação de crianças, e outras manifestações impiedosas e brutais de violência ou obscenidade.
Lê-se no processo, segundo o Sky News.
Por isto, está em cima da mesa uma indemnização de três milhões de dólares.
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