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A Terra passou 500 milhões de anos a criar e a engolir continentes mortos

Se hoje a Terra é um lugar pacífico para se viver, em termos geológicos e de formação do planeta, nem sempre foi assim. Os primeiros 500 milhões de anos das ciências da Terra foram terríveis. Conforme mostra um novo estudo, na sua juventude, a Terra formou muitos novos continentes – depois engoliu-os a todos, deixando apenas alguns traços para trás.

Há cerca de 4 mil milhões de anos atrás, o nosso planeta era o que imaginamos como um inferno de fogo e destruição. Desse tormento nasceram os continentes, mas não os de hoje.


Terra na juventude criou e destruiu continentes

Um novo estudo, produzido por uma equipa de cientistas da Universidade Monash, na Austrália, deu a conhecer que os primeiros continentes tinham um talento especial para viver rápido e morrer jovens. Contudo, nesta dinâmica, estes abriram o caminho para a formação de continentes sólidos que eventualmente levaram ao surgimento das placas tectónicas.

Os nossos resultados explicam que os continentes permaneceram fracos e sujeitos à destruição na sua infância, ~ 4,5 a ~ 4,0 mil milhões de anos atrás, e então progressivamente diferenciaram-se e tornaram-se rígidos ao longo do próximo mil milhão de anos para formar o núcleo dos nossos continentes modernos.

Explicou em comunicado o autor principal Fabio Capitanio, um cientista da Universidade Monash.

 

Poderão hoje os continentes ser “engolidos”?

Durante centenas de milhões de anos, os continentes atuais têm sido mais ou menos estáveis. Eles moveram-se devido às placas tectónicas, uma teoria que governa o movimento da crosta terrestre. Este movimento formou continentes com diferentes formas, como o antigo supercontinente Pangéia.

As peças do quebra-cabeça da crosta que existiam centenas de milhões de anos atrás ainda existem hoje. Mas muito pouco se sabe sobre os continentes que existiram no início da história da Terra.

Assim, para aprender mais sobre o início da história, os investigadores usaram computadores para modelar as interações de rocha e magma na crosta terrestre e abaixo dela. A modelagem mostrou que os primeiros continentes formaram-se a partir de partes do manto superior – a parte do planeta logo abaixo da crosta – que derreteu ao atingir a superfície e se espalhou pela paisagem em enormes erupções vulcânicas.

Naquela época, o planeta mantinha um vasto reservatório de calor no seu interior.

No entanto, os continentes desse período, conhecidos como Hadeanos (4,6 a 4,0 mil milhões de anos atrás), eram fracos e sujeitos à destruição. Os continentes modernos têm uma resistência à tração comparativamente alta, o que significa que é difícil separá-los através do alongamento.

A crosta de um continente Hadean era mais quente e mais fina e assentava sobre um manto superior mais macio. Tinham, contudo, grandes fendas resultantes da formação desses continentes, por ali vazava o magma que cobria estes continentes infantis afundando-os no manto.

Enquanto isso, os novos continentes estavam a formar-se do magma em cima dos que estavam a ser enterrados.

 

Os primeiros continentes foram engolidos e alimentaram a criação dos atuais

Conforme descobriram os investigadores, estes continentes

Em certo sentido, os investigadores descobriram que estes continentes Hadeanos perdidos tornaram possíveis os continentes posteriores e mais estáveis. A reabsorção dos primeiros continentes nas partes mais rasas do manto tornou esta região do manto mais seca e firme, formando uma base sólida, protegendo-a de mais destruição. A crosta assim formada ainda está preservada no núcleo dos continentes de hoje, os cratões.

O artigo que descreve o estudo foi publicado em 2 de dezembro na revista Nature.

 

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