Anternet – Formigas “usam” protocolo TCP
No meu tempo de licenciatura em Eng. Informática, tive uma disciplina que tinha o nome de Computação Gráfica, na qual foram abordadas algumas tecnologia. Lembro-me na altura de realizar um trabalho onde tinha de simular o comportamento de pássaros, com base no modelo de Craig Reynolds (denominado de boids) que percebeu que a movimentação de bandos de pássaros e cardumes de peixes eram sincronizados sem existir um ponto de controlo centralizado. Além do modelo de Craig Reynolds, estudei também a forma como as formigas se comportavam. Recentemente a investigadora Deborah Gordon afirmou que as formigas se comportam de maneira semelhante ao protocolo de comunicação TCP/IP.
Há uns anos atrás lembro-me de ter estudado a forma como as formigas se comportavam. Segundo o que li na altura, as formigas deixam um trilho de feromonas ao longo dos percursos, e quanto mais vestígios forem deixados, mais formigas se sentem atraídos por eles. Assim, quando uma formiga obreira encontra comida, esta vai deixando um rasto no caminho de volta para a colónia, e esse é seguido por outras formigas que reforçam o rastro quando elas voltam à colónia. Quando a comida acaba, os "trilhos" não são remarcados pelas formigas que voltam e o cheiro desaparece. Esse comportamento ajuda as formigas a adaptarem à mudanças no seu meio ambiente. Quando um caminho ja establecido para uma fonte de comida é bloqueado por um novo obstáculo, as formigas obreiras o deixam esse caminho e tentam explorar novas rotas. Este comportamento tem sido adaptado a alguns softwares que recorrem, por exemplo, ao algoritmo da otimização da colónia de formigas.
Recentemente a investigadora Deborah Gordon, da Universidade de Stanford (EUA),revelou que segundo um estudo relizado descobriu que há um padrão continuado no comportamento establecido pelas formigas quando estas procuram comida.Deborah, em colaboração com Balaji Prabhakar, um professor de ciencias da computação também da Universidade de Stanford,chegaram a conclusão que a forma como as formigas buscam comida é semelhante ao modo como funciona o protocolo de transporte TCP que é usado para controlar a forma como os dados são transmitidos na Internet.
Como é sabido, os dados que são transmitidos usando o protocolo TCP (através de pacotes) para um de determinado destinatário, necessitam de confirmados ao emissor para que haja garantias e fiabilidade na comunicação. Este feedback permite também evitar congestionamentos, adaptando o ritmo de transmissão ou seja, se a resposta de confirmação (ACK) for rápida, o emissor pode aumentar o ritmo de transmissão. Por outro lado, se a resposta de confirmação (ACK) for demorada, é sinal que há congestionamentos na rede e assim o emissor adapta o ritmo de transmissão dos pacotes (Leia mais sobre o protocolo TCP e UDP aqui).
Segundo os investigadores, as formigas comportam-se da mesma forma que o protocolo TCP, aquando da procura de comida.Segundo os estudos realizados, eles verificaram que cada vez que uma formiga regressa rapidamente ao formigueiro (ACK) mais formigas são envidas para o local onde se encontra a comida. Por outro lado, se as formigas levarem mais tempo a chegar ao formigueiro é sinal que a comida está a escassear e assim menos formigas seguem para o local da comida.
Dado que as formigas têm testado exaustivamente o protocolo TCP, torna-se agora um desafio interessante analisar detalhadamente o comportamento das mesmas pois certamente há ainda muitas coisas que estes pequenos animais nos podem ensinar e ajudar no âmbito da eficiência das redes de comunicação.
Obrigado ao Lourenço Medeiros pela dica da noticia!
Este artigo tem mais de um ano
Já agora, muito bom artigo… O estudo das formigas já é feito à algum tempo, para utilização em técnicas de inteligência artificial, e com muito bons resultados.
Estes bichinhos são fantásticos, e quando se alia a ciência e tecnologia, à natureza, muitas coisas boas podem acontecer.
Uma analogia muito interessante de facto!
Nunca tinha comparado o funcionamento do protocolo TCP com o comportamento das formigas, mas pensando bem até tem bastantes semelhanças.
Este artigo no meu ver está bem construído pois tem o sumo do estudo realizado ( que se pode seguir pelos links ), que é o que realmente interessa para não aborrecer o leitor.
Parabéns Pedro
ha tambem este projecto, que ja tem uns 10 anitos ou mais…
http://en.wikipedia.org/wiki/IP_over_Avian_Carriers
IP over Avian Carriers
🙂
… embora nao seja tao “natural”
Abraços,
SCC
E que tal isto:
SNAP – SNAil-based data transfer Protocol
http://www.abenba.com/?p=10991
Cumprimentos
Esse protocolo levou um upgrade há uns anos atrás.
Agora a informação já pode ser transportada em 2 pacotes de 25GB e os testes com 50GB por pacote também já decorrem 🙂
Fabuloso!!! Excelente artigo!
Não há dúvidas que isto está tudo muito bem feito!
Stigmergia… já usei o modelo das formigas para extrapolar para o comportamento humano (em massa) em caso de emergencia.
muito bom
Artigo fantástico. Há muito que o Homem estuda as formiga em várias áreas para utilizar a sabedoria destes insectos únicos, e pelos vistos na informática também.
Parabéns pelo artigo, o estudo de IA sempre me facinou.
Pensando bem TCP-Formiga podemos estar presos dentro de uma Matrix 🙂
Não entendi o seguinte:
1) como elas sabem se uma formiga demorou mais? Elas têm relógios? 😉
2) Por qual motivo, o fato de haver mais ou menos alimentos em determinado local, influenciará o tempo de viagem?
1) o cheiro que deixam para tras vai desaparecendo, mais forte mais recente e vice-versa.
2)mais comida mais urgente ir buscar antes de outros.
@nuno ferreira ,
Boa tarde , é isso mesmo , Pedro Pinto excelente artigo mito bem escrito e com as ideias todas bem colocadas .
Cumprimentos
Serva
As formigas por onde passam largam feromonas para poder regressar ao local de origem. Inicialmente usam caminhos dispersos. Há medida que vão encontrando melhores trajetos, aumenta a intensidade do cheiro das feromonas no melhor caminho que encontram, o que leva a que todas as formigas passem a utilizar o trajecto que tenha o cheiro mais intenso. Hoje em dia o comportamento dos animais está na base do desenvolvimento tecnológico.
Há tempos estava eu a estudar os comportamentos sociais e perdido em obras de psicologia, antropologia e filosofia para compreender a sequência que se estabelecia entre necessidades (internas e externas) e as acções humanas. Num determinado momento estava a ler o «Tratado da Natureza Humana» de DAVID HUME quando, um belo dia, ao acordar, liguei a televisão e comecei a ver um programa no Discovery Channel. Este documentário tratava de comportamentos emergentes e estabelecia uma comparação entre inteligência artificial e a vida das formigas. Me interessei pelo assunto e comecei a procurar bibliografia. Encontrei um livro óptimo (uma tradução espanhola) do livro de STEVEN JOHNSON intitulado «Sistemas Emergentes: O qué tienen en común hormigas, neuronas, ciudades y software». É um livro muito importante PEDRO PINTO. Estes estudos começaram no início da década de 1960, em New York, através de uma cientista chamada Evelyn Fox Keller.
«Doutorada em Física por Harvard, Keller escreveu sua tese sobre biologia molecular e passou muito tempo a investigar o incipiente campo da “termodinâmica do não-equilíbrio” que, anos mais tarde, se encontraria com a teoria da complexidade. Desde 1968 trabalhava como associada para Sloan-Kettering, em Manhattan, estudando a aplicação da matemática aos problemas da biologia. Keller pensava que se a matemática havia desempenhado um papel tão sumamente importante na expansão dos nossos conhecimentos de física, quiçá também fosse útil para compreender os sistemas vivos.
Na primavera de 1968 Keller conheceu um académico visitante, Lee Segel, que provinha da matemática aplicada e compartilhava de seus interesses. Foi Segel o primeiro a introduzi-la no estudo da peculiar conduta do discoideum, e juntos empreenderam um conjunto de investigações que ajudariam a transformar não só nossa compreensão do desenvolvimento biológico, mas também de mundos tão distintos como a neurociência, o desenho de software e os estudos urbanísticos.»
“colônia” Faltou alterar esta palavra…
Muito interessante, obg pela partilha 🙂
Durante uma cadeira de mestrado, tive de analisar este comportamento usado pelas formigas para encaminhamento de pacotes. Se pesquisarem por “swarm” vão encontrar alguns artigos sobre isto. Podem também testar o “AntSim” para ver o comportamento das formigas na obtenção de comida.
Um dos resultados que obtive foi o facto de poder haver 2 tipos de comportamento. A formiga pode largar feromonas desde que sai do ninho, ou apenas quando encontra comida. A primeira opção torna mais facil encontrar o caminho para casa, enquanto que o segundo torna a tarefa mais dificil, uma vez que a formiga não tem memória, e uma vez encontrada comida, tem de “redescobrir” o caminho para casa. Este processo torna-se mais facil á medida que são efetuadas mais iterações uma vez que o trilho passa a estar mais carregado de feromonas.
É um comportamento bom para ambientes que necessitam de muitas adaptações. Num ambiente controlado, não aconselho este algoritmo, uma vez que existem mais rápidos.
Enfim, artigo completamente desnecessário. TANTA, mas TANTAA investigação de qualidade que se faz em Portugal, nos mais diversos polos de investigação, e vão meter esta porcaria que não interessa nem ao menino jesus… =/ é triste.