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Este artigo tem mais de um ano


Autor: Pedro Simões


  1. George Orwell says:

    BOB DYLAN, o melhor e mais completo artista pop/rock/folk vivo ( deu recentemente um concerto em Portugal ), celebrado cantautor, virtuoso na composição e na harmónica, o único letrista da música que ganhou o Prémio Nobel da Literatura, numa entrevista dada ao jornalista da MTV Bill Flanangan disponível no site pessoal do artista, referindo-se às canções modernas, afirmou que:
    “Há uma parede do tempo que separa o velho do novo. E muita coisa se perde nesse caminho. /…/ novas leis substituem as velhas, grupos de interesse triunfam sobre os indivíduos, pessoas pobres tornam-se uma “commodity”. Influências musicais também, elas são engolidas, absorvidas e tornam-se outras coisas ou ficam pelo caminho Tiram-te da mesmice do ‘mainstream’, em que ficamos presos entre diferenças que parecem diferentes, mas são essencialmente a mesma coisa. A música e as canções modernas são tão institucionais que tu nem as sentes. Estas canções são frias e empíricas, existe um realismo directo nelas ”

    Já sobre as canções mais antigas:
    “Porque na verdade as coisas continuam lá, paradas, o problema é que tu não as podes trazer de volta, tens que ficar ali [no passado] com elas. Isso é nostalgia”

    É, manifestamente o caso desta “Drive” dos The Cars cuja audição incontornavelmente nos remete aos anos oitenta a que pertence como uma pérola retida nessa ostra do tempo que só uma disciplina humanística pode apurar, designadamente a estrutura mental do tempo em que se enquadra.
    Se “Drive” surgisse hoje seria fuzilada pelos efémeros e ruidosos “hits”, balas de metralhadora de calibre aac e mp3 disparadas por um qualquer “hitman” em cadência de tiro sem silenciador, onde os auscultadores em vez de proteger do ruído como acontece na carreira de tiro, antes providenciam um balido assistido por sintetizadas percussão e baixo, em todo o seu bulício realista( só faltaria sintetizar a voz e a IA poderia fazer bem melhor ).

    Da lírica de “Drive” pode-se respigar :
    Quem te vai segurar quando tu caíres ? / Quem vai ficar na linha quando tu ligares / Quem vai prestar atenção ao seus sonhos? / E quem vai tapar os teus ouvidos quando tu gritares ? / Não podes continuar a pensar /.

    Bem sei que se trata de uma canção de amor. Porém, esta inspirada lírica assentaria muito bem no mistério da existência. Como versou GARCIA LORCA: “Só os mistérios nos fazem viver”.

    Bem sei que se trata de uma canção de amor. Mas esta inspirada lírica assentaria muito bem no mistério da existência. E como GARCIA LORCA escreveu : “Só os mistérios nos fazem viver”.
    Alguém, que tudo tenha pensado, continuará em linha connosco e nos vai segurar quando, caídos à terra, deixarmos de pensar ? Se não houvesse apenas restaria o realismo de celebrar o quotidiano.
    Porém, a quem devemos o quotidiano ?

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