A Europa está a caminho dos carros elétricos. Não é segredo, foi o que os políticos do continente decidiram. Mas sabia que há mais de 120 anos que Londres já se debruça sobre as vantagens (e desvantagens) do táxi elétrico? É verdade.
No caminho para os carros elétricos, os transportes públicos estão no centro das atenções. Dos autocarros aos táxis, passando pela proibição de modelos a gasolina ou a gasóleo em cidades como Hamburgo.
Mas antes, muito antes de o carro elétrico se generalizar como alternativa ou de ser definido como o veículo de eleição para a mobilidade do futuro, Londres já tinha um táxi elétrico, em 1897.
O táxi elétrico do século XIX
Embora os primeiros veículos autónomos a vapor tenham começado a circular no século XVIII, só no final do século XIX é que foram admitidos como táxis em Londres. Até pouco antes da viragem do século, os táxis tinham de ser puxados por cavalos, pois os veículos automotores eram considerados perigosos.
O problema, como sugere esta crónica, é que os condutores tinham verdadeiros problemas em conduzir o carro em linha reta. Seja por problemas de direção, peso enorme e travões que mal conseguiam conter o peso dos veículos, os carros não puxados por cavalos continuavam a ser vistos como um veículo perigoso.
Em 1897, porém, tudo mudou. Porque, a partir de então, os veículos automotores começaram a ser utilizados como táxis. E foi um carro elétrico o responsável.
1897, as mesmas vantagens e alguns problemas 126 anos depois
Como explicam os meios de comunicação britânicos, o arquiteto de tudo isto foi Walter Bersey, um jovem engenheiro que desenvolveu um autocarro, uma carrinha e sim, o primeiro táxi elétrico.
Bersey reuniu os jornalistas na London Electrical Cab Company em agosto de 1897. Uma empresa que é agora apoiada pela Geely, a gigante chinesa que se oferece como um guarda-chuva para a Polestar e a Volvo.
Bersey apresentou ali a sua engenhoca: um veículo com uma bateria de 40 células e 170 Ah na parte inferior da carroçaria, que lhe permitia conduzir durante um dia inteiro. Graças o seu motor de 3 cv, podia atingir cerca de 16 km/h. Além disso, era uma empresa privada que enviava a eletricidade para o armazém da London Electrical Cab Company.
Era aí que as baterias eram recarregadas e cada um dos 75 veículos que passaram a fazer parte da frota de táxis elétricos de Londres era afinado.
Como eram recarregados estes carros?
Com um sistema semelhante ao que a NIO queria alargar na China e na Europa: através da mudança das baterias. Uma plataforma hidráulica levantava o carro e a bateria era fixada na parte inferior.
O problema era que os carros elétricos eram muito mais pesados, com cerca de 1.500 kg. Este facto, aliado às rodas demasiado pequenas, impedia-os de tracionar bem em algumas situações e, noutras, os travões não conseguiam suportar totalmente o peso, e acabavam por se inclinar perigosamente para o lado.
Pouco tempo depois, os veículos de combustão generalizaram-se e mataram a tecnologia elétrica. Será que estamos a assistir a uma vingança?
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