Focada na mobilidade elétrica, a Porsche reforçou que não vai, contudo, esquecer os motores de combustão interna. Uma vez que as vendas não estão a crescer ao ritmo esperado, a empresa decidiu prolongar a vida útil da sua gama térmica.
No início da década, a Porsche previa que 80% das suas vendas em 2030 corresponderiam a veículos elétricos, com planos para substituir grande parte da sua gama por modelos elétricos.
Contudo, uma vez que a curva das vendas não está a subir como esperado, a empresa de Estugarda disse que não deixará de produzir carros térmicos.
Recentemente, aliás, confirmou que está a desenvolver um novo SUV térmico equivalente ao Macan; e que o Cayenne de terceira geração continuará à venda em paralelo com o de quarta geração, que é elétrico.
Além de os próximos Cayman e Boxster receberem versões com motor de combustão interna, o Panamera elétrico e o novo SUV situado acima do Cayenne já não são prioritários.
Porsche permanece flexível num cenário automóvel de incerteza
Descrevendo o cenário atual como “desafiador”, Michael Steiner, diretor de desenvolvimento da Porsche, confirmou que o Taycan e o Macan não atingiram as previsões internas de vendas.
Contudo, explicou que considera que “não é que tenhamos de reestruturar completamente a nossa estratégia; nem todos os mercados do mundo estão igualmente preparados para os sistemas de propulsão elétricos”.
Portanto, a partir de agora, a empresa procurará uma abordagem mais flexível.
Michael Steiner, membro do conselho executivo e responsável pela investigação e desenvolvimento da Porsche
Os números citados indicam que a maioria das perdas registadas pelo Grupo Volkswagen no terceiro trimestre de 2025 deveu-se precisamente à Porsche, que está a reinvestir no desenvolvimento da sua gama térmica após vários anos a concentrar a sua atenção na sua nova geração de carros elétricos. A isto acrescenta-se, ainda, a queda nas vendas registada na China.
Não cancelámos nenhum modelo, apenas ajustámos o ritmo. Qualquer pessoa que conduza os nossos modelos elétricos conduz um Porsche autêntico. É mais difícil associar um motor elétrico com esse ADN único da Porsche.
Vamos reimaginar o som e, também, temos ideias interessantes para carregar emocionalmente um Porsche elétrico.
Relativamente aos híbridos, embora o desenvolvimento de um 911 híbrido plug-in tenha sido cancelado devido ao seu peso elevado, esta tecnologia ainda tem lugar noutros veículos da gama, como o Cayenne ou o Panamera.
Segundo Steiner, a tecnologia híbrida oferece o melhor dos dois mundos, pelo que a Porsche continuará a apostar nela num futuro próximo.
Um motor elétrico para a cidade e um motor de combustão para estradas secundárias e autoestradas, com uma autonomia elétrica entre 50 e um máximo de 100 quilómetros.
Na perspetiva da Porsche, pela voz de Steiner, “mais do que isso não faz sentido do ponto de vista do custo e da rentabilidade para o cliente”.
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