Um antigo engenheiro da Boeing denunciou que a empresa sabia de falhas de segurança no fabrico de um dos seus maiores aviões de passageiros, mas encobriu-as para acelerar a produção. A Federal Aviation Administration (FAA) está a investigar.
Identificado como Sam Salehpour, o antigo engenheiro da Boeing disse ao The New York Times que as secções da fuselagem do 787 Dreamliner estavam mal fixadas e poderiam eventualmente partir-se em pleno voo. A FAA está a investigar as alegações de que a Boeing sabia destas falhas de segurança e decidiu encobri-las para acelerar a produção.
O engenheiro revelou ter trabalhado para a empresa durante mais de uma década, incluindo nos aviões em questão, e alegou que a Boeing recorreu a “atalhos” no processo de fabrico que acabaram por comprometer a segurança.
Em declaração ao The New York Times, citada pelo The Guardian, Debra Katz, advogada de Salehpour, partilhou que o seu cliente alertou, repetidamente, a empresa que as mudanças no processo de fabrico dos aviões 787 ameaçavam a sua integridade. Porém, ele foi ignorado.
Esta é a cultura que a Boeing permitiu que existisse. Esta é uma cultura que dá prioridade à produção de aviões e os empurra para fora da linha de produção, mesmo quando há sérias preocupações sobre a integridade estrutural desses aviões e do seu processo de produção.
Alega Katz, num comunicado.
Boeing nega que a segurança dos seus aviões esteja comprometida
Perante a acusação, a Boeing confirmou que foram efetuadas alterações no fabrico, mas insistiu que a segurança não foi comprometida, conforme é alegado.
Estas afirmações sobre a integridade estrutural do 787 são inexatas e não representam o trabalho exaustivo que a Boeing tem feito para garantir a qualidade e a segurança a longo prazo do avião.
Disse a empresa, num comunicado, através do qual partilhou, também, que os trabalhadores são encorajados “a falar quando surgirem problemas” e que “a retaliação é estritamente proibida na Boeing”.
Em declarações ao The New York Times, o porta-voz da Boeing, Paul Lewis, disse que os engenheiros testaram extensivamente o Dreamliner e “determinaram que não se trata de um problema imediato de segurança de voo”.
Os nossos engenheiros estão a efetuar análises complexas para determinar se existe uma preocupação de fadiga a longo prazo para a frota em qualquer área do avião.
Isto não se tornará um problema para a frota em serviço durante muitos anos, se é que alguma vez será, e não estamos a apressar a equipa para que possamos garantir que a análise é abrangente.
De acordo com a Reuters, a FAA confirmou ter falado com Salehpour, cujos advogados escreveram ao chefe da administração, Michael Whitaker, em janeiro, afirmando que ele havia feito observações enquanto trabalhador da linha de produção do 787 em 2021.
Os problemas relatados com o modelo 777 da Boeing estão a ser analisados, também, segundo a FAA. As autoridades americanas não deram mais pormenores e não indicaram quanto tempo demorará o inquérito.