Apesar da contra-ofensiva europeia, a China é importante para as empresas do bloco. Por este motivo, as alemãs Mercedes-Benz, BMW e Volkswagen criticam as elevadas taxas aduaneiras da União Europeia (UE) sobre as importações de veículos elétricos chineses.
Conforme vimos, perante taxas aduaneiras à importação dos seus carros elétricos, é previsível que a China retalie com medidas contra a UE. Aliás, numa entrevista publicada pelo jornal Global Times, do Partido Comunista, há uns dias, Liu Bin, o principal especialista do CATRC, apelou ao aumento temporário da taxa sobre os automóveis com motores superiores a 2,5 litros.
Na Europa, as fabricantes alemãs, como a Mercedes-Benz, BMW e Volkswagen, deverão ser as mais prejudicadas por uma potencial decisão de retaliação da China, uma vez que este mercado é muito importante para os seus negócios. Por isto, as empresas não demoraram a criticar as taxas impostas pela UE.
Não precisamos de aumentar as barreiras ao comércio. Devemos trabalhar para desmantelar as barreiras comerciais no espírito da Organização Mundial do Comércio.
Opinou Ola Kallenius, diretor-executivo da Mercedes-Benz.
Por sua vez, a Volkswagen defendeu que as taxas aduaneiras não irão servir para atingir o objetivo da UE de reforçar a competitividade da indústria automóvel europeia.
O timing da decisão da Comissão Europeia é prejudicial para a atual fraca procura de veículos elétricos a bateria na Alemanha e na Europa. Os efeitos negativos desta decisão ultrapassam quaisquer potenciais benefícios para a indústria automóvel europeia e, em especial, para a alemã.
Na mesma linha de pensamento, a associação alemã VDA – German Association of the Automotive Industry afirmou que as taxas aumentam o risco de uma guerra comercial e não reforçarão a competitividade do setor automóvel europeu.
Na perspetiva de Hildegard Mueller, presidente da VDA, num comunicado, “os danos potenciais que podem resultar das medidas podem ser maiores do que os potenciais benefícios para a indústria automóvel europeia e, em particular, para a alemã”.
Empresas europeias serão prejudicadas pelas taxas impostas pela UE
Para combater aquilo a que chamou “subsídios excessivos disponíveis para as fabricantes chinesas na China”, a UE poderá estar a prejudicar as fabricantes ocidentais, nomeadamente, a Tesla, a BMW, a Volvo e a Dacia da Renault. Afinal, uma vez que fabricam alguns dos seus modelos na China e exportam-nos para a Europa, ficarão sujeitas a taxas sobre as suas exportações do país asiático para a Europa.
As taxas aduaneiras mais altas, como 38,1% para a SAIC, além da taxa padrão de 10% para automóveis, equivalem a milhares de milhões de euros de custos adicionais para as fabricantes de automóveis.
Na opinião de Bjorn Annwall, diretor-executivo adjunto da Volvo, estes custos traduzir-se-ão no preço que os clientes terão de pagar por um carro elétrico.
“Qualquer coisa que se interponha no caminho disso não é uma coisa boa”, disse Annwall, assumindo apoiar o comércio aberto e justo, no Automotive News Europe Congress, em Frankfurt, ontem.