Cada vez parece mais evidente que 2025 vai assistir a uma verdadeira guerra comercial entre os Estados Unidos da América e a China. No caso dos veículos elétricos, o mais certo é que a nova administração Trump acabe com o crédito fiscal de apoio à aquisição. Quem ganha? As marcas chinesas, pois claro.
Donald dá um tiro no pé de Elon?
Donald Trump e a maioria republicana que agora domina quer o Congresso, quer o Senado norte-americano, já manifestaram a intenção de terminar com o crédito fiscal vigente no país para a aquisição de veículos elétricos (EV) e que pode chegar aos 7.500 dólares.
A verdade é que este tem sido um incentivo importante para acelerar a transição para uma mobilidade mais sustentável, além de impulsionar a indústria automóvel americana.
Nos EUA, este apoio ajuda a reduzir o custo de aquisição de veículos elétricos, tornando-os mais acessíveis para um público mais amplo. No entanto, há discussões em andamento sobre a possível revogação deste incentivo, o que poderia ter consequências prejudiciais tanto para a economia americana, quanto para o meio ambiente.
É que cancelar o crédito fiscal para EV nos EUA não só desaceleraria a adoção de veículos elétricos no país, mas também criaria uma oportunidade para os fabricantes chineses ganharem terreno no mercado global. O aviso foi feito por Jennifer Granholm, Secretária de Estado da Energia da Administração Biden, durante a cimeira COP29, que está a decorrer em Baku, no Azerbaijão.
A China é hoje um dos maiores fabricantes de veículos elétricos do mundo e tem investido fortemente em tecnologias de baterias e infraestrutura de carregamento. Com a sua política de apoio à indústria de veículos elétricos, o governo chinês posicionou o país como líder neste setor estratégico.
Ao eliminar o crédito fiscal, os Estados Unidos estariam, na prática, a abrir mão de uma posição competitiva neste mercado em crescimento, permitindo que a China avance ainda mais.
A importância do crédito fiscal
O crédito fiscal foi concebido para reduzir o custo de aquisição de veículos elétricos, o que ajuda a torná-los mais acessíveis para os consumidores americanos.
Como já referimos, pode chegar até 7.500 dólares, dependendo do modelo e da marca do veículo. Desta forma, mais consumidores nos EUA estão a considerar veículos elétricos em vez de modelos a combustão, contribuindo assim para a redução das emissões de gases com efeito de estufa.
Para além dos benefícios ambientais, o crédito fiscal também desempenha um papel fundamental no fortalecimento da indústria automóvel americana. Grandes fabricantes como a Ford, General Motors e Tesla têm investido somas exorbitantes em pesquisa e desenvolvimento para expandir a sua linha de veículos elétricos.
Estes investimentos criam empregos e promovem a inovação, fatores cruciais para manter a competitividade global da indústria automóvel dos EUA. Ao eliminar o crédito fiscal, o governo americano poderia comprometer a capacidade destas empresas de competir nos diferentes mercados.
E uma coisa que pode fazer Trump recuar, é que grande parte destes empregos que podem ficar em risco encontram-se em estados controlados pelos Republicanos.
China, o grande adversário
A China já ultrapassou os EUA em vários aspetos do mercado de veículos elétricos. Com políticas governamentais de apoio, como subsídios diretos aos consumidores, incentivos fiscais e investimentos em infraestrutura de carregamento, criou um ecossistema que favorece o desenvolvimento e a adoção de veículos elétricos.
Empresas como a BYD, NIO e Xpeng tornaram-se grandes protagonistas neste setor e já estão a expandir as suas operações para mercados internacionais, incluindo a Europa e, potencialmente, os EUA.
Se os americanos optarem por cancelar o crédito fiscal, estarão a abdicar de uma vantagem competitiva crucial, permitindo que os fabricantes chineses entrem no seu mercado com produtos mais acessíveis.
Daí que há cada vez mais responsáveis políticos a defenderem que tal cancelamento seria um erro estratégico, que prejudicaria tanto o meio ambiente, quanto a competitividade económica do país.
E num momento em que a China está a consolidar a sua posição como líder no setor de veículos elétricos, investir em políticas de apoio pode assegurar que a indústria automóvel dos EUA consiga prosperar.