A moda dos serviços baseados na localização do utilizador
Por Justino Lourenço para o Pplware
Os serviços baseados na localização, na nomenclatura referidos como LBS (Location-Based Services), procuram ajustar os serviços disponibilizados a um utilizador móvel, em função da sua localização geográfica. A preocupação nesta classe de serviço, começou a surgir na década de 90, à medida que o número de dispositivos móveis cresceu exponencialmente. Em especial, a evidente massificação de tablet’s e smartphones, abriram uma nova janela de oportunidades.
Uma das empresas, que rapidamente percebeu a importância dos LBS foi justamente a Google, a maior parte dos utilizadores, já recorreu ao LBS do Google, quando, simplesmente faz uma pesquisa no seu dispositivo móvel. Atualmente, o ato de disponibilizar a localização, acabou por ficar popular, em especial devido ao forte contributo de redes sociais como o Facebook ou o Linkedin. Os utilizadores, usam essa funcionalidade para se anunciarem aos seus amigos e contactos que em simultâneo visitam o local onde estão, para se sociabilizarem.
A aplicação contextual do LBS é vasta, podendo ser usada em jogos, m-health e até nas já referidas aplicações nas redes sociais. A possibilidade (já referida) de localizar uma pessoa, um objeto ou um serviço agiliza a nosso dia-a-dia, localizar uma farmácia de serviço, receber uma notificação de uma promoção quando estamos num espaço comercial, fazer o tracking de uma encomenda, quantificação do estado do trânsito numa autoestrada, previsão do tempo ou jogos com suporte de localização, são realidades correntes.
Os antecessores da criação dos LBS, são o projeto Active Badge system (1989–1993), Ericsson-Europolitan GSM LBS (1995) e uma tese de mestrado do funcionário da Nokia - Timo Rantalainen (1994).
Tecnologia Associada
Podemos referir duma forma sucinta as formas atuais de suporte para a localização móvel:
- i)Posicionamento com suporte do fornecedor de serviço
A ideia está em recorrer às particularidades da arquitetura de comunicação implementada e as suas especificidades técnicas para recolher informações sobre a georreferenciação.
Nesta abordagem é usado o sinal da torre de telecomunicações que fornece sinal ao dipositivo móvel para se obter uma localização, podendo ou não recorrer a triangulação de forma a obter uma localização mais precisa.
Outra possibilidade é recorrer às bases de dados das redes móveis, de forma a determinar a desejada localização. Ainda existem técnicas tais como Time Difference of Arrival (TDOA) e Enhanced Observed Time Difference (E-OTD).
A alocação do endereço IP, poderá igualmente permitir uma determinação do ponto geográfico do acesso.
- ii) Localização suportada por GPS
Uma constelação de satélites, fornece o serviço GPS, que permite com alguma precisão (outdoor), a determinação da localização. Existe ainda as variantes, A-GPS, ou GPS assistido, onde recorrendo a uma conexão de dados GPRS, 3G ou 4G é melhorada a leitura da posição. Sendo, ainda de referir como uma variante interessante o D-GPS (GPS diferencial), onde utilizando as coordenadas de um ponto terrestre fixo, é possível igualmente melhorar a precisão da georreferenciação.
- iii) Localização Low-range
Será, por último de referir uma panóplia de alternativas, aplicada no Near LBS (NBLS), de referir o Bluetooth, WLAN, NFC ou até mesmo recorrendo a um QR-Code.
Sempre que se pretende uma localização eficiente e com a máxima precisão, recorremos a soluções hibridas que combinam uma ou mais das soluções que aqui foram apresentadas.
Projeto WalkaboutIP
Em abril do corrente, ano, o ISPGaya foi o promotor dum projeto que envolveu como parceiros, universidades de Espanha, Bélgica, Irlanda, Polónia e Finlândia num consórcio Erasmus-IP. Reuniram-se equipas de estudantes e professores dos vários parceiros e foram apresentadas várias soluções (concept of proof) de jogos lúdicos que tinham o objetivo de melhorar a experiencia dos visitantes do Parque Biológico de Vila Nova de Gaia.
O desafio levou ao aparecimento em duas semanas de trabalho intensivo, de vários jogos que permitiam conhecer melhor a experiencia de visita do referido parque, estimulando a procura de pistas, a visita de pontos-chave do parque com o intuito de obter o melhor score.
A framework desenvolvida, pretendia que a solução fosse operacional em dispositivos móveis (com reduzidos requisitos funcionais) e que estes não tivessem necessidade de recorrer a ligações de dados, acautelando situações de visitantes em roaming ou dificuldades na cobertura efetiva do Parque com WiFi.
No momento de chegada do visitante, este interagia com um QR-Code, que ainda no interior da receção do parque permitia o download do jogo escolhido e que o irá acompanhar na experiencia de visita do Parque. De seguida o jogo vai promovendo a visita pelo parque, procurando pistas, respondendo a desafios. A determinação da localização do utilizador no Parque é feita à custa da iteração do utilizador com os vários QR-Codes que estão espalhados pelo Parque.
O trabalho realizado em apenas duas semanas, chamou a atenção e agrado da direção do Parque, estando neste momento a ser pensado um modelo de negócio e a evolução dos jogos propostos de forma a estes ficarem disponíveis no Parque Biológico de Vila Nova de Gaia.
Futuro e Potencialidades
Os serviços LBS, permitem a criação simples e com reduzidos custos de mobile ads, o facto de o utilizador estar fisicamente próximo de um determinado negócio, incrementa as possibilidades de o utilizador recorrer por curiosidade ao banner. Alguns resultados apontam para um incremento de três dígitos nas visualizações de anúncios loccation-enabled.
Em especial a Google e o Facebook, têm explorado intensamente o conceito novo de consumidor móvel local, na sua forma de geração de anúncios. Os resultados divulgados pela Google apontam para que cerca de 94% dos utilizadores (E.U.A) procuram informações locais.
As características dos serviços suportados pela localização, fez igualmente disparar o aparecimento de mais aplicações: Yelp, Instagram, Groupon, Twitter, Foursquare e muitas outras, a maior parte das vezes associadas a utilização em redes sociais.
Este shift nas aplicações permitiram ultrapassar o conceito de “check-in”, que na realidade nunca foi totalmente aceite pelos utilizadores. Estas continuam a permitir o “check-in”, mas procuram essencialmente despoletar conceitos tais como: location-based notifications e Location-aware services.
Privacidade
A questão da privacidade do utilizador é relevante e enfrenta desafios e legislação diferente nas várias partes do mundo. A questão que se levanta, é até que ponto os utilizadores estão disponíveis para permitir que a sua localização seja disponibilizada e em troca consigam ter acesso a uma panóplia de novos serviços, adaptados ao seu perfil e à sua localização num determinado instante.
A sensação que fica, é que até ao momento, a maior parte dos utilizadores não tem mostrado especial preocupação, sendo mesmo habitual, de forma espontânea a validação do acesso de aplicações instaladas a dados vitais armazenados no terminal móvel e também à sua localização.
É de esperar que a legislação venha a mudar, procurando proteger o utilizador, a ver vamos.
…E para terminar
Definitivamente e duma forma gradual, o LBS tem vindo a fazer parte do nosso dia-a-dia, quase que o utilizamos sem termos consciência dos impactos positivos e negativos deste.
Ao lado de soluções emergentes como o m-health, m-learning, m-commerce, social networking e mobile gaming, as aplicações LBS serão um dos motores próximos da inovação no mercado móvel.
Num cenário, de um utilizador atravessar uma cidade e vir a ser aconselhado em tempo real a visitar determinadas zonas turísticas, lojas, receber promoções ou alertas fará cada vez mais parte da nossa rotina. A quantidade de dados que as aplicações e operadores, podem atualmente recolher acerca de um utilizador, podem levar a que realmente os utilizadores recebam notificações (do mais variado tipo) efetivamente ajustados ao seu perfil, permitindo que a publicidade e os serviços acabem por ser otimizada ao individuo.
A forma como interagimos com o ecossistema móvel, está em plena transformação, aconselho a leitura do relatório “How Location-Based Services Are Transforming The Mobile Industry”.
Este artigo tem mais de um ano
Bom artigo.
Eu, contudo, não lhe chamaria de “moda”. Porque os serviços baseados em localização são tudo menos uma moda. Felizmente.
Giro, mas… ainda á poucas semanas toda a gente ficou chocada pelo o modo como os Americanos andam a espiolhar tudo e todos. A seguir vamos todos comprar equipamentos com funcionalidades e aplicações que permitem dar a conhecer ao mundo a localização por GPS da sanita onde fomos fazer a ultima ca…. e até podemos colocar uma foto do dito a ir pelo cano a baixo com as coordenadas e hora do alivio!
Incongruência é talvez a palavra que mais me vem a cabeça, assim de repente!!
Prefiro ser info-excluido nessa área. Mete-me confusão partilhar a minha localização com não sei quem!
Tenho isso desativado por defeito no meu smartphone… Prefiro colocar a localidade manualmente quando pesquiso um serviço tal como por exemplo pesquisar uma farmácia, um cinema…
“Os utilizadores, usam essa funcionalidade para se anunciarem aos seus amigos e contactos que em simultâneo visitam o local onde estão, para se sociabilizarem.”
E depois quando se encontram ficam, cada um, agarrado ao seu smartphone
a s o c i a b i l i z a r.
Só não acabo com LOL porque enfim… não acho a mínima piadaa essas novas expressões.
Há!, e não sou um info-excluido.
Correcção
Ah! e não sou um info excluido.
A maior parte das pessoas que se acham não info-excluidos, de info não têm realmente nada. Para eles a informática resume-se a sacar músicas e filmes, twiter e facebook etc.
Concordo com o João Dias, relativamente ao comentário do Sérgio Ferreira, começa mesmo a ser uma fatalidade o nosso dia-a-dia ser controlado, sugiro: http://www.slideshare.net/justinolourenco/digital-footprintartesis-vf
Obrigado pelos comentários.
aquo a localização é desactivada “à nascença”
Nem de propósito, ty pelo post. Mas eu procuro um software que faça exatamente o contrário
Que ban(wi-fi) a todos os que estão numa determinada zona de cobertura. (geo Firewall) <-terrmo incorreto; ou algo parecido é por segurança da rede…. Isto é só putos hackes.
Alguém conhece software que faça isso?
Ty
Bom artigo. Destaco especialmente a parte da privacidade. Cada vez estamos mais expostos e essa exposicao traduz-se muitas vezes num aumento da vulnerabilidade. Por acaso, desactivei essa funcionalidade por defeito no meu telefone e até apaguei a conta do 4square… Principalmente devido a receios de mostrar inadvertidamente estar fora de casa e assaltarem-me a casa, p. Exemplo