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Análise Need for Speed: Most Wanted (Playstation 3)

Há marcas que já não precisam de grandes apresentações quando são mencionadas. Need for Speed é uma desses nomes e remete-nos de imediato para corridas frenéticas de carros por ruas movimentadas de cidades, ou para fugas à policia repletas de adrenalina.

Após o lançamento de The Run, que o Pplware analisou aqui e que atingiu alguns momentos altos enquanto se galgavam quilómetros de costa a costa dos Estados Unidos,este Most Wanted traz uma história bem mais localizada, em torno da cidade de Fairhaven e dos diversos ambientes que a cidade nos proporciona.

O Pplware acelerou pela cidade de Fairhavem …

Need for Speed nunca foi uma série muito preocupada com o enredo que empresta aos seus títulos, e Most Wanted, infelizmente não se safa desse estigma. Most Wanted apresenta-nos como sendo um racer em Fairhavem que tenta disputar o ceptro do Mais Procurado (Most Wanted) da cidade, desafiando os 10 maiores corredores locais.

Basicamente é esta a história o que, muito sinceramente … é pouco.

No entanto, e apesar da fraqueza do enredo o jogo dá a volta por cima com uma jogabilidade frenética e repleta de velocidade e colisões brutais num frenesim de adrenalina galáctico. É um digno membro da série Need For Speed, disso não há dúvida.

O problema da falta duma história forte é que na maior parte das vezes limitamos-nos a vaguear pela cidade ou a avançarmos de corrida em corrida, sem algo que una os pontos acabando por perder um pouco de consistência.

Conforme mencionei mais acima, cabe-nos a nós tentar alcançar o título de Most Wanted de Fairhaven e como tal, vamos ter de desafiar os 10 maiores racers locais. Mas para tal é preciso queimar muito mais borracha.

O jogo apresenta-nos uma mecânica interessante na qual vamos evoluindo as nossas capacidades à medida que vamos ganhando corridas, fugas à polícia ou outros tipos de manobras.

Uma das coisas que me deixou um pouco perplexo com Most Wanted foi o facto de, contrariamente ao que se poderia esperar e que costuma acontecer noutros jogos, a grande maioria dos carros existentes no jogo estão disponíveis logo à partida. O único catch é o facto dos veículos se encontrarem espalhados e escondidos pela cidade. Não deixa de ser estranho. Basicamente ao vermos um carro em algum local, com a marca a pairar por cima, basta-nos chegar ao pé dele e premir triângulo, ficando o carro disponível para o usarmos quando quisermos.

Com tantos carros disponíveis e à mão de semear, é normal querermos variar, certo? A forma de mudar de carro é extremamente simples. Com o novo sistema EasyDrive podemos fazê lo à distância de dois ou três movimentos com o analógico direito. O EasyDrive é um menu que quando premimos o botão direccional para a direita surge e que, entre outras coisas nos permite, saltar para um carro já descoberto (independentemente se ser no outro lado da cidade), ou marcar o próximo evento no GPS.

Cada carro que encontramos surge com vários eventos associados e com diferentes níveis de dificuldade, desde corridas a perseguições pela policia. À medida que vamos ganhando esses eventos, vamos ganhando Speed Points que, quando chegam a determinados valores, nos permitem desafiar os 10 racers Most Wanted da cidade. Quando desafiamos esses racers as coisas doem um pouco e o prémio será o de ficarmos com o carro de cada um deles no final de os batermos em corridas desenfreadas pela cidade. Não posso de deixar de referir que os adversários são, regra geral, dignos vencidos não havendo na maior parte das vezes nenhum facilitismo exagerado.

Esta mecânica de evolução na história acaba, contudo, por deixar a nu a falta de enredo que mencionei mais acima.

No entanto a excitação das corridas e a adrenalina das fugas à policia aliadas a um grafismo fantástico duma cidade que vive, de dia e de noite (pena não haverem peões) acabam por dar ao jogador bastantes bons motivos para se agarrar ao volante com unhas e dentes.

A cidade é massiva e percorrê-la duma ponta a outra ainda demora o seu tempo, e é interessante verificar os diferentes tipos de ambientes recriados no jogo. Temos desde grandes avenidas, a bairros de vivendas, a autoestradas, a zonas comerciais ou industriais, a estaleiros e docas ou a locais mais campestres. Nesse capitulo o jogo está fenomenal e se a isso adicionarmos um sistema de luz muito bom, acaba por receber uma boa nota.

Tenho de confessar que gostei bastante da estética empregue aos carros estando muito bem desenhados e com um sistema de construção modular bastante pormenorizado, divididos em variadas componentes que se tornam mais visíveis nos acidentes. Quando colidimos, o carro pode sofrer inúmeros danos ficando parcialmente destruído e destroços espalhados pela estrada. Contudo continuo sem perceber o porquê de, nos acidentes mais brutais, os carros ficarem quase todos destruídos mas com o chassis intacto e de conseguirem novamente entrar em corrida.

Enfim … no entanto, os carros estão um mimo e até os pormenores dos reflexos nas chapas estão deliciosos e como tal não é de estranhar que à mínima risca na pintura, se sinta uma necessidade de os voltar a pintar. Ora para isso existem montes de bombas de gasolina espalhadas pela cidade que nos permitem, apenas por passar por dentro delas, repintar e arranjar os problemas do carro. É pena que não dê minimamente para controlar próxima pintura pelo que cada passagem é uma surpresa.

No entanto, não é apenas para esse efeito que as bombas de gasolina servem. Também durante as perseguições pela polícia, podemos usá-las para diminuir o nosso nível de Procurado. Isso poderá ser bastante útil, especialmente quando estamos com um nível bastante elevado e até SUVs temos atrás de nós.

Agora que mencionei a policia gostava de fazer uma referência às forças da lei. Apesar de haverem pormenores interessantes nas suas perseguições, como por exemplo colocarem espigões no chão para furarmos os pneus, e de se portarem convincentemente quando nos perseguem apenas a nós, acabam por ser algo inconsistentes em alguns eventos que os envolvem.

Há medida que vamos ganhando corridas, vamos desbloqueando variadas opções, como por exemplo acesso a nitro ou melhorias aos chassis dos carros. Explicando melhor…existem várias corridas no jogo que despoletam obrigatoriamente uma perseguição da policia enquanto a corrida se desenrola. Até aqui tudo bem, mas se vos disser que o seu comportamento é bastante variável e sem lógica por vezes, as coisas ficam um pouco para o torto. Por exemplo, numa corrida em que a policia intervenha, tanto pode passar por nós e abalroar-nos como passarem por nós sem se interessarem e abalroarem quem vai à frente. É completamente aleatório … o que tanto pode ser interessante como chato. Seja como for, o ouvir das sirenes é sempre sinónimo de stress.

Aliás, os efeitos sonoros de Most Wanted estão bastante bons. Cada carro tem o seu som característico do motor e estes reagem ao meio circundante. Por exemplo, um pormenor que gostei foi o de, quando estamos dentro de túneis ou armazéns, os motores ouvirem-se com o eco.

A banda sonora excelente por seu lado está excelente, com os Muse à cabeça e muitas outras bandas conhecidas a imporem um ritmo bastante agradável de acompanhar.

Mais acima referi que em Most Wanted há acidentes. Aliás, gostaria de reforçar que em Most Wanted os acidentes são parte fundamental do jogo. Esses mesmos acidentes, por mais frustrantes que sejam, não conseguem no entanto retirar o brilho ao trabalho que a Criterion teve, ao trabalhar na forma de os mostrar. Basicamente quando batemos, o carro mostra-nos o efeito em slow motion num bailar de imagens fantástico e, mais … com interacção com o que continua a passar no jogo. Por exemplo, se estivermos a ser perseguidos pela polícia e batermos, nesse mesma imagem em slow motion, vemos também o carro da polícia a colidir connosco. É a cereja em cima do bolo.

Um dos problemas que contudo tenho de apontar ao jogo encontra-se associado às fugas à policia e pelo facto de não haver quase nenhuma sensação de perda quando somos presos. Quando somos apanhados não perdemos dinheiro, carros, reputação …

Mencionei mais acima que cada carro tem o seu próprio registo sonoro e o mesmo se pode dizer da condução. Contudo, apesar de cada carro ter a sua maneabilidade acabam sempre por parecer muito semelhantes entre os seus pares e bastante arcade. Mas, Need for Speed também sempre foi assim, certo?

Uma das coisas que Most Wanted nos traz, e que já vimos noutros jogos, como por exemplo Forza: Horizon é o de ganharmos pontos por destruir certos itens pela cidade. Por exemplo, destruir placards de publicidade, vedações de propriedades privadas, passar por radares a velocidades elevadas… Além de tudo isto ser divertido, tem ainda uma componente social e competitiva associada. Basicamente o jogo interage com os nossos amigos que tenham o jogo e começa a criar, ao longo da cidade, marcas de quem tem os melhores tempos, os melhores saltos … por exemplo, se passarmos por um radar a 200 Km/h, esse radar aparece no jogo dum nosso amigo com o nosso nome e registo. E nós, ao vermos um registo dum nosso amigo num placard destruído, o que queremos fazer? Destruir o placard ainda com mais intensidade. É um modo viciante de manter a competitividade viva.

Um das coisas que merece a pena referir é o facto de, apesar da cidade de Fairhaven ser bastante grande, não se notarem momentos de load entre áreas e inclusive, todas essas áreas se encontram acessíveis desde o início.

Quanto ao online gostei e desgostei em simultâneo. Gostei porque apresenta variados tipos de jogo, como por exemplo, corridas simples, perseguições, corridas de equipa ou eventos como por exemplo chegar ao topo dum edifício. No entanto, desgostei, não pelo jogo em si, mas pelo facto de me aperceber que a maior parte do pessoal que se encontram nos servidores apenas se preocuparem em bater com os carros, tipo Destruction Derby.

É pena essa sensação de anarquia pois o jogo merece bem melhor.

 

Nota Final- 8,2

[0…....10]

 

Most Wanted é Need for Speed. A sensação de velocidade vertiginosa, a condução louca pelas artérias da cidade, as ultrapassagens suicidas, as manobras destravadas, a competitividade a fervilhar … tudo isto faz parte do ADN da série Need for Speed e Most Wanted apresenta todos esses ingredientes. Acredito que todos os fãs da série (e não só) irão gostar tanto quanto eu gostei. De lamentar a pobreza da história que deveria servir como cimento para unir as pontas e de algumas lacunas que vão surgindo. Creio que se pode dizer que Most Wanted é um jogo ingrato. Se por um lado nos sugere constantemente a carregar no acelerador bem a fundo, por outro, adverte-nos quando inevitavelmente, batemos. Mas é uma ingratidão viciante e inspiradora que nos leva sempre a querer mais.

 

Gráficos: 8,8

Sempre ouvi dizer que “a beleza interior é que conta” … mas isso sempre foi dito por quem não jogou Most Wanted pois a “aparência” das bombas à nossa disposição é simplesmente espectacular. Por outro lado, a massiva cidade de Fairhavem apresentando vários ambientes distintos acaba por ser um acompanhante de luxo para os bólides.

 

Som: 8,5

Atenção, se jogarem em vossa casa com som no máximo é provável que surjam visitas inesperadas. Ou pessoal para uma festa para curtir os sons da banda sonora ou então … a policia por excesso de velocidade.

 

Jogabilidade: 7,5

Alguns pormenores menos bem conseguidos, especialmente ao nível da Inteligência Artificial mas que de modo geral não ofusca a simplicidade e brilho de Most Wanted. Apresentando uma Taxa de Bazófia moderadamente elevada, é um caso sério de vicio.

 

Longevidade: 9,0

A quantidade de corridas, de eventos, de placards e câmaras de velocidade dão pano para mangas e se a isto juntarmos um online repleto de … corridas, eventos, placards e câmaras de velocidade … temos jogo para durar, como as pilhas Duracell.

 

Género: Condução Plataforma Analisada: Playstation 3 Homepage Need for Speed: Most Wanted Outras Plataformas:  Xbox 360, Playstation Vita, Nintendo Wii U, Windows PC, Android, iOS

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