Análise Final Fantasy XIII-2 (Playstation 3)
Não será certamente nenhum abuso indicar que a saga Final Fantasy é uma das mais antigas no mundo dos videojogos e uma das de maior sucesso também.Com data de nascimento em pleno século passado nos finais da década de 80, Final Fantasy cedo saltou as fronteiras orientais e granjeou o seu espaço no mundo ocidental.
Com uma jogabilidade muito própria que desde cedo marcou de forma incisiva a mecânica de alguns RPGs posteriores, um conjunto de histórias complexas e cativantes e sistemas de combates por turnos que não desiludem, muito pelo contrário, Final Fantasy sempre foi e, continua a ser, um sinónimo de Aventura e Magia.
Recentemente, foi lançado este Final Fantasy XIII-2 e o resultado só poderia ser este …
A história desta sequela de Final Fantasy XIII leva-nos numa aventura pelo tempo e espaço enquanto ajudamos Serah (irmã de Lightning, heroína de FF XIII) numa demanda pela descoberta do que aconteceu com a sua irmã, com a ajuda de Noel, personagem vindo dum futuro em que Cocoon foi destruídos e ultimo a ver Lightning com vida, cenas que também vemos na sequência inicial do jogo onde Lightning luta contra o vilão da história, Caius. Avançando por várias localizações e espaços temporais, Serah parte com tremenda convicção de que Lightning se encontra viva e, de tempos a tempos vai revivendo o seu passado, o que nos vai ajudando a perceber algumas coisas sobre o jogo.
Gráficos: 9,0
Absolutamente fabulosos.
Uma vez que a história do jogo assenta em constantes viagens pelo tempo e espaço, a equipa de desenvolvimento conseguiu duma forma fantástica recriar alguns dos melhores cenários que FF já viu. E mais … uma vez que grande parte dos problemas que Serah vai enfrentar se relacionam com misteriosas anomalias espaço-temporais, a equipa conseguiu reproduzir essas mesmas localizações com um visual adequado ao antes e depois da anomalia resolvida.
Cada uma dessas localizações apresenta uma vida própria, mas que apesar da riqueza visual imposta, não consegue muitas vezes transmitir uma sensação de realismo. As personagens limitam-se a mover-se dum ponto para outro quase sem objectivo. No entanto tal não quer dizer que tenham sido desprezadas na sua caracterização.
Quando interagimos com elas, respondem-nos com algumas pistas ou preocupações sobre o que se passa. Algumas dessas personagens dão-nos também missões paralelas que ajudam a diversificar um pouco a acção e aumentam a longevidade do jogo.
Som: 9,2
Uma das melhores bandas sonoras encontradas num jogo. FF tem trazido muito boas bandas sonoras e a de FF XIII-2 mantém o mesmo nível. A música em FFXIII-2 é absolutamente fantástica. A banda sonora criada para o jogo é algo digno de se ouvir, mesmo sem estar a jogar.
Alternando entre músicas mais calmas durante as secções de aventura e músicas com ritmo mais intenso nas secções de combate, ou mesmo faixas mais pesadas de Metal em combates com alguns bosses, temos sempre uma música com o estado de espirito adequado.
Por outro lado as vozes emprestadas ao jogo estão …irrepreensíveis. Os atores que deram voz aos personagens, especialmente a Serah e Noel, mereciam óscares por tal. Durante a aventura, temos diálogos com outros personagens, temos momentos de introspecção… e a todo o momento as vozes das personagens parecem transmitir as emoções certas para cada ocasião.
Jogabilidade: 9,1
Tenho de indicar uma coisa antes de avançar. Final Fantasy XIII-2 é um jogo simples de se jogar e uma aventura acessível com uma história que pode parecer simples mas para quem não está minimamente familiarizado com o Universo Final Fantasy pode-se tornar inicialmente algo frustrante e confusa. Felizmente a equipa de desenvolvimento acrescentou ao jogo uma área onde os jogadores podem ler um pouco (aliás, é bastante) sobre as personagens, os locais, a história de Final Fantasy e assim entrarem um pouco melhor na história.
A história de FF XIII-2 centra-se na demanda de Serah pela descoberta da sua irmã, com a ajuda de Noel. Isto leva-nos a uma aventura por diversas localizações e épocas ao longo do jogo onde nos vamos apercebendo de que existe algo que está a criar anomalias temporais nessas localizações. Grande parte da progressão na aventura depende precisamente da resolução dessas anomalias.
Geralmente ao libertarmos uma localização da anomalia é desbloqueada outra localização e assim por diante. Existem dezenas de localizações a serem desbloqueadas a caminho do final do jogo. As viagens pelo tempo e espaço são feitas através de portais espalhados pelas diversas localizações e que se usam recorrendo a fragmentos que vamos encontrando pelo jogo. Por vezes são os bosses que têm esses fragmentos e temos de os combater para os adquirir, como por exemplo, o que parece ser uma gigante amálgama de maçãs (Royal Ripeness) que encontramos a determinada altura.
Desde o início do jogo que temos a liberdade de escolher, o que explorar, quando explorar e como explorar, dando uma completa sensação de liberdade.
Em cada localização, além dessa missão principal, podem existir várias missões paralelas que alguns habitantes locais nos dão. Algumas dessas missões estão inteligentemente elaboradas, obrigando-nos a viajar no tempo até outra altura, naquela mesma zona a encontrar algo perdido, por exemplo.
Outro pormenor importante é a necessidade de ouvir o que os habitantes locais têm para dizer, pois por vezes há pistas nas suas palavras para a resolução de determinado enigma.
Existem ainda inúmeros objetos escondidos pelos cenários que após encontrados dão-nos item necessários para a nossa sobrevivência. Desde poções a elementos mágicos, a armas, tudo podemos encontrar pelos cenários, mas… claro ... teremos sempre a nossa Coccolina para adquirir mais. E muitos desses objectos são importantes … quer para a progressão na história quer para os combates.
Os combates em FF XIII-2 são, como é tradicional, num esquema de turnos muito própria de Final Fantasy. Durante o combate temos uma barra de ataque, onde encaixamos os nossos ataques e que apenas os executa quando a barra é carregada na totalidade. Assim que isso acontece os ataques são desferidos pela ordem escolhida. Esse mecanismo é prático e simples de usar, pois podemos encadear vários tipos de ataques à medida das nossas necessidades. Embora a opção de Auto seja mais que suficiente, podemos muitas vezes ganhar mais facilmente usando combinações nossas. A mecânica é esta até ao final do combate, e até ao inimigo ser destruído ou a nossa party ser destroçada.
A nossa party para os combates é, em FF XIII-2, composta pelos dois heróis (Serah e Noel) e por um fiel companheiro. Ou melhor, um fiel monstro. Mas explicando melhor… ao longo da aventura desde cedo vamos combatendo diversos monstros nos diversos locais por onde passamos e à medida que os vamos vencendo podemos adicioná-los à nossa party. Quase a totalidade dos monstros que encontramos podem ser adicionados e isto dá-nos uma grande componente tática para os combates.
Eu explico melhor. Cada monstro tem particularidades únicas. Uns são fortes no ataque corpo-a-corpo, outros na magia, outros resistentes aos elementos como o fogo, outros são curandeiros … e por aí fora. Até podemos lutar lado a lado com um Chocoboo.
Embora na prática possamos ter dezenas de monstros na nossa lista, quando entramos em combate apenas podemos levar 3 connosco. Com esses 3 monstros residentes FF XIII-2 dá-nos a possibilidade de criar até 6 paradigmas distintos, num conceito inovador e de grande valor tático. Explicando melhor, cada Paradigma permite-nos fazer diversos tipos de associações de Noel, Serah e um desses 3 monstros de acordo com algumas das suas classes. Por exemplo, podemos criar um Paradigma com Noel como Comando (combate físico), com Serah como Ravager (magia) e com um Gato Sith (curandeiro). Existem dezenas de combinações possíveis. É claro que tanto Serah, como Noel e como os monstros têm diferentes valores por Classe portanto convém fazer as escolhas certas de forma a tornar a equipa o mais forte possível.
Esta componente estratégica é muito bem-vinda e apesar de parecer ser complexa ao início, torna-se gradualmente mais fácil de entender e de grande importância no ataque aos monstros mais fortes.
O mais importante é que durante um combate podemos alternar entre um dos seis paradigmas criados, dando-nos a possibilidade de controlar o combate ao nosso ritmo.
Durante o combate, apenas controlamos um elemento de cada vez … ou Serah ou Noel. Contudo, os restantes elementos da party fazem os seus ataques de forma independente e equilibrada. Em determinadas alturas os monstros que nos acompanham nos combates têm a possibilidade de fazer um Feral Link ataque, ou seja, ataque especial, que são mais potentes quanto os upgrades que fizermos ao monstro.
Um problema que se apresenta durante o jogo é o facto de só descobrirmos os pontos fortes e fracos dos inimigos durante o combate, invalidando muitas vezes os Paradigmas que criámos antes e levando a que tenhamos de os recriar após sermos derrotados.
Conforme já mencionei acima e como em qualquer RPG que se preze, à medida que combatemos vamos adquirindo pontos de experiência. Esses pontos podem ser usados para melhorar as nossas capacidades através dum de evolução denominado de Sistema Crystarium. Acima de tudo permite-nos fazer upgrades aos personagens ou aos monstros que nos acompanham nas diversas categorias existentes (Comando, Synergist, Ravager, ...) que por sua vez vão desbloqueando ataques ou ações especiais. Não sendo um sistema em árvore tradicional, acaba por ser bastante intuitivo de usar.
No caso dos monstros, não são pontos de experiência mas alguns itens que vamos encontrando pelo caminho que permitem melhorar as suas capacidades no Crystarium mas, ainda mais interessante é a possibilidade de se poder juntar as características passivas (ataques ou ações especiais) dum determinado monstro noutro, sacrificando o primeiro para que tal aconteça. Novamente isso traz-nos mais opções táticas para a construção dos nossos Paradigmas.
No entanto, acho que em determinadas alturas o jogo se poderia tornar mais exigente. Os combates com os bosses são difíceis e raramente se ganham à primeira, mas alguns outros combates com monstros inferiores tornam-se muitas vezes fáceis demais e repetitivos. Servem apenas para ganhar pontos de experiência.
Para jogadores que não conheçam o Universo Final Fantasy pode parecer demasiado complexo, com uma história demasiadamente entediante, combates por turnos chatos … mas apenas quero deixar bem claro .. que com um pouco de paciência nada disso se vem a comprovar. Quem tiver algum tempo para entrar no mundo de Final Fantasy, terá em XIII-2 uma aventura repleta de ação, intensidade, estratégia e com um enredo que, mesmo não sendo o mais profundo da série, é o suficiente para nos deixar levar.
Longevidade: 9,0
O que dizer dum jogo com um grau de profundidade como este e que nos consegue manter agarrados aos comandos durante mais de 30 horas. Podem chamar-me de lento mas gosto de explorar bem tudo todos os cantos e de falar com todas as personagens que encontro.
Nota Final- 9,1
[0................10]
Final Fantasy XIII-2 é um assombro de jogo. Uma história magnificamente contada e com uma profundidade impar. Uma aventura que nos consegue obrigar a ficar agarrados aos comandos durante horas a fio até perdermos noção do tempo a passar. Graficamente deslumbrante, com uma banda sonora de grande nível, e uma jogabilidade que com o tempo se torna mais simples Final Fantasy XIII-2 será um dos melhores jogos do ano, sem dúvida.
Neste caso o número 13 (XIII) não é de azar, mas sim de sorte … sorte que quem puder comprar este jogo e usufruir de tudo o que ele tem para oferecer.
Género: RPG Plataforma Analisada: Playstation 3 Outras Plataformas: Xbox 360 Homepage: Final Fantasy XIII-2
Este artigo tem mais de um ano
Parabéns pela análise. Ainda não tive tempo de a ler com atenção, mas farei isso hoje à noite.
Numa “foot note”, o primeiro jogo da saga Final Fantasy data de 1987, portanto acho que era justo corrigirem o artigo. 😛
Cumps.
Foi o arredondamento 🙂 … já se encontra actualizado.
Entretanto pergunto-te… já tiveste o prazer de jogar esta obra prima?
Já o tenho em casa há coisa de um mês, mas ainda não tive oportunidade de o jogar. =(
Removi os plásticos, abri a caixa para me certificar de que estava tudo nos conformes, coloquei o jogo junto da consola, e ele lá está, à espera que eu me agarre com unhas e dentes!
A oportunidade há de surgir entretanto. Para já, e enquanto não tenho o tempo e a disponibilidade necessária, vou-me entretendo com as análises ao jogo.
Fiquei extremamente satisfeito de ver a análise aqui no Pplware, e estou neste momento a ler a análise de fio a pavio. xD
Tu já o jogaste, suponho. Já o concluiste?
Epá … não percas mais tempo … desembrulha-o da caixa e começa a jogar. 🙂
PAara os entusiastas de Final Fantasy
http://asia.playstation.com/hk/en/news/pressDetail/244320
ficam a saber que existe uma versão do FFXIII-2 com voice acting em japonês e legendados/menus em Inglês 🙂
Obrigado pela partilha!
Elá análise a um final fantasy :D, já agora, uma vez que já jogaram que tem a dizer acerca das críticas sobre falta de liberdade de movimentos no ambiente, eu como gosto de jrpg’s penso em adquirir este um dia, mas gostava de uma opinião isenta primeiro
Epá … a análise do Pplware é isenta!
Quanto à falta de liberdade que mencionas, penso que te estejas a referir ao facto de teres um path e não poderes sair muito desse caminho. Se fôr isso, é realmente uma limitação, mas que faz sentido, dada a imensidão de alguns dos mundos do jogo.
Existem também, muitas zonas que só serão desbloqueadas à medida que avanças no jogo …
Não queria dizer que a análise do pplware não seria isenta, aliás nutro grande respeito por todos os que escrevem neste blog, perguntei por uma opinião isenta em relação à questão de falta de liberdade, porque em todo o lado que vejo análises, os fanboys da square dizem que não, outros dizem que sim, enfim…
E já agora aproveito para te felicitar pelas análises que tens submetido
Percebido! 🙂
Obrigado!
Apesar de, durante o jogo, as nossas opções vincarem a história, o que indica que existe uma grande liberdade de acção e decisão, o que é certo é que acaba por ser uma suave liberdade condicional, pois há sempre algo que não controlas no decorrer do jogo e da história.
Contudo, o jogo é simplesmente fenomenal e acabas por te envolver nele duma forma tão transparente que nem dás pelo correr das horas a que estás agarrado aos comandos.
um must have para gosta de rpg e quem tem consola(não é o meu caso pq não tenho consola 🙁 )
off topic:
alguém conhece um clone de fire emblem para pc free ou $ para matar a saudade?
O único ponto que discordo da análise é na Banda Sonora. Tem qualidade? Tem, sem dúvida.
Acho simplesmente que peca por não seguir uma linha identificável, tão depressa temos um género de música calmo como a seguir estamos a ser bombeados com Metal.
Desgosto um pouco dessa parte, em FF anteriores havia uma semelhança entre os vários sons.
De resto nada a apontar, grande jogo. 🙂
Quanto às 30h de jogo eu já estourei 7h e não completei muita coisa, tive basicamente a dedicar-me a apanhar um pet! 😛