Análise Dead Nation (Playstation Vita)
Apesar de servir para retratar mortos-vivos, a temática zombie encontra-se de boa saúde e os últimos tempos têm sido pródigos em lançamentos de variados títulos deste género e, alguns com muita qualidade.
First Person Shooters, Jogos de Aventura, Ação, enfim, temos assistido a diversos lançamentos de inúmeros jogos deste género, dos quais não poderia deixar de referir o fantástico The Last of Us (já outros exemplos não foram particularmente bem conseguidos, como a expansão de Red Dead Redemption ou de Call of Duty).
Em 2010 foi lançado para a Playstation 3, Dead Nation, um jogo também sob a bandeira dos mortos-vivos e que foi bem acolhido pela crítica e pelos jogadores e que, passados 4 anos, faz a sua migração para a pequena e móvel consola da Sony, a Playstation Vita.
O Pplware enfrentou esta nova invasão.
Dead Nation indica-nos logo no arranque que toda a população se encontra infetada e que somos os únicos seres humanos imunes à doença. Partimos assim para a ação com o nosso personagem (Jack McReady se homem ou Scarlett Blake se mulher), empunhando um bom lote de armas, numa cidade negra, escura e infestada de zombies.
Numa sucessão de missões divididas por variados checkpoints (felizmente são bastantes e bem espalhados) vamos então avançando pela cidade e encontrando resmas e resmas de mortos-vivos (com a câmara posicionada numa perspetiva alta, por cima do personagem).
Sim, centenas, milhares, dezenas de milhares … as contagens são brutais e parecem que nunca mais acabam e, contrariamente ao que se poderia pensar, existe uma grande variedade no que toca aos diferentes tipos de zombies. É de louvar o facto da Housemarque ter criado um bom número de modelos diferenciados de mortos-vivos para não cair na repetitividade que afeta alguns outros jogos.
Começamos então o massacre (sim, o jogo trata-se de um massacre descomunal de zombies) com a nossa arma principal (rifle), que numa decisão questionável, se apresenta com munições ilimitadas, e um conjunto de outras armas e proteções que nos garantem um pouco de maior segurança.
Contudo, segurança é algo que ao longo do jogo nunca chegamos a conhecer.
Primeiro porque o jogo é exigente. Bastante exigente mesmo, chegando por vezes a ser exasperante. Quando estamos num beco escuro, e de repente começamos a ver o chão a mexer-se ao longe com dezenas e dezenas de zombies lançadas contra nós, então começamos a contar rapidamente as balas e o primeiro pensamento é ... "epah, deveria ter comprado mais munições".
Mesmo com um bom arsenal de armamento e de armaduras, muitas vezes o melhor ataque é a defesa, e uma retirada estratégica pode ser a melhor solução (especialmente porque há alguns problemas com a IA dos zombies que ajudam). Nessas ocasiões em que somos completamente esmagados pela quantidade de inimigos convém também saber usar o cenário tão bem quanto as armas à disposição.
Espalhados pelo cenário encontram-se diversos destroços e que podem jogar a nosso favor. Por exemplo, existem barris que ao dispararmos contra eles, explodem limpando assim a área de zombies. Existem carros com alarme que, se dispararmos contra eles ligam o alarme atraindo assim os zombies tornando-os alvos mais fáceis.
Desta forma, o jogo sugere-nos constantemente uma postura de tentativa e erro pois nem sempre a melhor escolha é a mais óbvia e quando escolhemos a errada ….estamos mortos.
Há níveis em que dezenas e dezenas de zombies se lançam sobre nós e alguns mais resistentes e perigosos que outros pelo que grande parte do jogo consiste numa correria a disparar e espadeirar tudo o que mexe. Há no entanto a velhinha técnica de ir avançando passo a passo, pois na sua génese, as acções do jogo são despoletadas pelo nosso avanço. Por exemplo, ao passarmos por uma tampa de esgoto, então sai uma turma de zombies desse esgoto. Se não passarmos por lá, então nada acontece.
Nestes momentos consegue-se sentir um certo frisson e o jogo consegue alguns bons momentos (pelo menos quando passamos pela primeira vez e somos surpreendidos).
Há diferentes tipos de zombies que invadem as ruas e que nos tentam dilacerar. Temos desde os zombies típicos que apenas se arrastam contra nós, ou outros mais evoluídos e que apresentam lâminas como armas, que cospem uma espécie de veneno ou que explodem.
De qualquer forma, não se deixem intimidar pois ao nosso dispor temos um pequeno arsenal (que algumas esquadras portuguesas gostariam de ter, certamente). Lança-chamas, metralhadoras, granadas, cocktails molotovs são tudo ingredientes que temos à mão para criar a receita sangrenta a apresentar aos mortos-vivos mas todas elas têm munições limitadas (contrariamente ao rifle). Isto obriga portanto, a uma gestão equilibrada e acreditem ... há alturas em que vão ser bastante necessárias.
Existem ainda algumas outras armas criativamente criadas para o jogo como por exemplo, a que lança lâminas voadoras e que simplesmente tornam os zombies em fatias de fiambre.
Todas as armas e equipamento podem ser melhorados ao longo do jogo evoluindo para armas mais potentes, com mais munições, maior raio de alcance... e à medida que o jogo avança, podem ter a certeza que vão precisar desses upgrades. Esses upgrades são comprados com recurso a dinheiro que vamos adquirindo na aventura.
De forma a aumentar ainda mais a atenção do jogador aos níveis e de o incentivar à exploração, existem espalhados pelos cenários, arcas, caixas e porta-bagagens de carros que na maior parte das vezes nos dão chorudas quantias de dinheiro e/ou melhorias para o armamento e armadura.
Todos os equipamentos que melhoramos (sejam armas ou proteções) afetam o personagem em diversos aspectos. Por exemplo, há certas armaduras que afetam a agilidade, stamina, velocidade ...
Graficamente o jogo leva-nos a passar por diversos tipos de ambientes como hospitais, estradas, becos, edifícios… onde se repara que a atenção ao pormenor foi grande. De qualquer forma não posso deixar de referir que o facto da câmara estar posicionada muito acima do jogador tira um certo brilhantismo a esses mesmos pormenores cenários.
O ambiente carregado e sombrio do jogo acaba também por jogar um pouco contra ele. Dada a posição elevada da camara torna-se bastante difícil identificar os zombies, especialmente quando se encontram em zonas com muitos corpos no chão.
Um dos pormenores que mais apreciei, é o efeito de sombras quando apontamos a lanterna, mostrando um grande detalhe nos objetos que projetam a sombra.
O sistema de controlo de Dead Nation é tal como seria exigido, simples. Usando o analógico esquerdo para nos movimentarmos e o direito para apontarmos a lanterna e armas temos o gatilho Esquerdo para disparar e os botões direccionais para mudar de arma.
Contudo o facto de ser simples não significa que esteja bem implementado e a verdade é que, sem a existência de qualquer tipo de apoio à mira, fazer pontaria é uma dor de cabeça. Acertar com a direção certa para disparar é por vezes demasiado frustrante.
Já joguei bastantes títulos de zombies e nunca creio ter ouvido alguém dizer que os zombies são espertos e, sinceramente, não é Dead Nation que o vai contrariar. Apesar dos mortos-vivos tradicionalmente serem seres estúpidos que se lançam contra nós, independentemente do que tenhamos na mão, há situações imperdoáveis em que ficam presos em cantos, atrás de caixotes e outros obstáculos e assim fiquem parados à espera que lhes despejemos o chumbo que merecem.
Nota Final- 6,9
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Dead Nation na Playstation Vita é um jogo que, pelo facto de se apresentar com uma temática actualmente bastante batida, deveria ter apostado mais na inovação. O jogo é divertido e exigente mas apresenta-se demasiado repetitivo nas suas mecânicas e com alguns problemas mais chatos. De qualquer forma, Dead Nation tem o dom de em alguns momentos, conseguir nos manter agarrado a determinados níveis ou de nos impelir a jogar só mais uma vez para conseguirmos matar apenas mais 100 ou 200 mortos-vivos. Resumidamente, Dead Nation é uma boa escolha para a Playstation Vita mas há outros títulos no mercado (especialmente para a consola maior) de maior valor.
Gráficos: 7,0
Efeitos de sombras deslumbrantes. Sangue por todo o lado. Bons Efeitos visuais. O seu grafismo mais sombrio acaba por jogar contra si próprio. Posicionamento da câmara nem sempre ajuda.
Som: 6,7
Não se pode dizer que seja memorável.
Jogabilidade: 6,7
Controlos simples. Quantidade de armas ao nosso dispor e com impacto imediato na jogabilidade. Missões repetitivas mas com inteligência. Algumas falhas graves, nomeadamente ao nível de controlo da mira. Bugs de cenários juntamente com a (falta de) I.A. dos mortos-vivos possibilitam situações ridículas.
Longevidade: 7,5
Mais de meia dúzia de horas a solo, ou mais se quiserem bater records. Desbloqueio de novos níveis. Possibilidade de jogar em equipa (adhoc ou online).
Género: Acção Plataforma Analisada: Playstation Vita Outras Plataformas: Playstation 4, Playstation 3 Homepage Dead Nation
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