Internet vs Depressão

a Friend® says:

@Marisa Pinto

Só um reparo, onde diz: “Sentimento de Auto-culpa”…

Não seria… auto-culpa ou sentimento de culpa? 😉

FatGiant says:

Neste caso, a máxima verifica-se: Já passaram por isso? Sabem o que é sentir isso na pele? Não? Então é melhor nem darem palpites. Com toda a franqueza e o mais directamente que me é possível.

E conhecerem casos não chega. Lidarem com pessoas nessa situação não chega. Têm de sentir isso nos ossos, tem de se ter passado convosco, para chegarem sequer perto de perceber o que afecta essas pessoas. O resto, os que não passaram por lá, apenas imaginam.

Eu só me pergunto, será importante discutir a teoria do ovo e da galinha? Ou tratar essas pessoas. E tratar, lamento, não é com medicamentos. Curar depressões com comprimidos é uma ideia dos anos 50/60. O que fazem é simplesmente inibir certos compostos no cérebro. Mas, e quando se pára a medicação? Magicamente os problemas desapareceram? Ou fica-se dependente de um medicamento que torna as nossas percepções numa sombra do que eram para o resto da vida? Deixamos de viver angustiados e deprimidos, mas passamos a viver apagados, como sombras sem identidade?

O tratamento, não é fácil, mas existe. Trata-se de uma re-aprendizagem e re-treinamento dos processos cerebrais. Não feito externamente, mas interno, com apoio e aconselhamento e algum, ligeiro, suporte medicamentoso. O problema é que este tratamento não tem duração pré-definida, não tem, nem pode ter, previsão de duração, e é normalmente longo e moroso, com inúmeras e dolorosas recaídas. O preço, esse é proibitivo. Os pouquíssimos especialistas capazes de sequer o tentar, pedem balúrdios por cada consulta, e devido à necessidade de a frequência das mesmas ser elevada, podem calcular. Ah, e não, não há comparticipação, nem há disso em Hospitais Públicos. Aliás os médicos e psicólogos dos sistema público até se devem rir se lhes falarem disto.

Por isso, antes de mergulharem numa espiral de atirar culpas, ou de as procurar nos resultados e não nas origens, por favor abstenham-se de propagar panfletos pagos pela indústria farmacêutica para vender AINDA mais anti-depressivos.

O que esses estudos medem é o muito menos glorioso facto de que as pessoas com problemas depressivos procurarem a Internet para a companhia e fuga que lhes é impossível (pelo próprio facto que as coloca em depressão) de encontrarem no mundo real. Confundir o resultado com a causa é GRAVE e muito pouco científico, mas aqui o que interessa é criar pânico e vender medicamentos, por isso a ciência está um pouco deturpada.

Isto dito por quem por lá passou. Quem lá esteve.