Os acionistas da Amazon não viram com bons olhos a política da empresa de dar prioridade aos lançadores da Blue Origin em detrimento dos da SpaceX. Tanto que um fundo de pensões entrou com uma ação judicial contra a empresa.
Os acionistas de um fundo de pensões que detém ações da Amazon instauraram um processo contra o conselho de administração da Amazon e o seu fundador e CEO, Jeff Bezos. Os queixosos consideram que a empresa não considerou a possibilidade de utilizar os foguetões Falcon 9 da SpaceX no lançamento do seu futuro sistema de satélites Kuiper.
Projeto Kuiper
Os novos satélites serão a parte orbital do Amazon Kuiper, o projeto de Internet por satélite desenvolvido pela empresa de Bezos. É visto por muitos como a resposta da Amazon à Internet por satélite Starlink da SpaceX.
No entanto, as datas em que será implementado permanecem um mistério e a possibilidade de o sistema começar a funcionar no segundo semestre do próximo ano, como foi anunciado, parece demasiado otimista.
A chave para este protesto sob a forma de ação judicial é que, segundo os queixosos, a empresa nem sequer considerou a possibilidade de utilizar os lançadores da SpaceX na sua procura por formas de colocar em órbita o novo projeto Kuiper da Amazon. Alegam que tal se deveu à rivalidade entre os dois magnatas à frente das respetivas empresas, Elon Musk e Jeff Bezos.
As alegações do processo são completamente sem mérito e estamos ansiosos para provar isso através do processo legal.
Garantiu a Amazon, em declarações relatadas pela Reuters.
A rivalidade está a custar caro à Amazon
Um fator que poderia ter sido decisivo nesta questão é o tempo. De acordo com os queixosos, a alternativa Falcon 9, um foguetão já em uso, teria tido inúmeras vantagens, uma delas a sua disponibilidade.
A Blue Origin, a empresa aeroespacial detida por Bezos, foi apenas uma das três empresas a quem foram adjudicados contratos para o lançamento da nova rede de satélites, sendo as outras a United Launch Alliance (ULA) e a empresa europeia Arianespace. No total, estão previstas 83 descolagens para lançar o novo enxame de satélites.
No entanto, os desenvolvimentos destas empresas têm sido afetados por graves contratempos nos últimos meses. Talvez o mais notável seja o atraso na chegada do Ariane 6, o foguetão que deveria ter substituído o Ariane 5 antes da sua retirada, mas que agora sabemos que não descolará antes de 2024. Dezoito dos lançamentos estão previstos a bordo deste foguetão.
A Blue Origin não é poupada
O desenvolvimento do Vulcan da ULA também progrediu mais lentamente do que o previsto. Este foguetão deverá efetuar 38 lançamentos para colocar em órbita grande parte da nova rede da Amazon. No entanto, o projeto sofreu atrasos, o último dos quais foi causado pela falha nos testes do motor da primeira fase, o BE-4 desenvolvido pela Blue Origin.
O New Glenn é o veículo que deverá efetuar 12 dos restantes 27 lançamentos, com a possibilidade de ser ele a efetuar os restantes 15. O New Glenn partilha alguns dos males do Vulcan, uma vez que o seu desenvolvimento também depende dos novos motores BE-4.
A possibilidade de o sistema começar a funcionar no segundo semestre do próximo ano, como foi anunciado, parece demasiado otimista. 2026 era a data prevista para a colocação da constelação de satélites no céu, mas esta data foi agora adiada para 2029. Nessa altura, é provável que o desenvolvimento dos foguetões tenha ganho força ou, quem sabe, acabaremos por assistir à ironia de a SpaceX colocar em órbita a Internet por satélite da Amazon.
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