A ligação do Telegram a atividades ilícitas não é nova. São já várias as notícias que demonstram que terroristas, hackers e demais comunidades têm preferência por usar o serviço de comunicação dos irmãos Durov. Para além disso, os terroristas recorrem à Bitcoin para recolher fundos para as suas causas.
Esta realidade pode beliscar um pouco a reputação do Telegram, que é sem dúvida um excelente serviço de comunicação. As suas funcionalidades e versatilidade nada ficam a dever aos WhatsApp e restante concorrência, fatores aos quais soma ainda a aparente segurança.
Um relatório do MEMRI, Instituto do Jornalismo de Investigação do Médio Oriente, deu a conhecer a atividade de algumas organizações terroristas no Telegram. Segundo a investigação, grupos como o ISIS, Al-Qaeda ou o Hamas estão a fazer uso do serviço de comunicação russo para comunicar e, acima de tudo, angariar fundos para a sua causa.
Num vídeo publicado na plataforma Vimeo é possível ver uma compilação de diversos vídeos de apelo a doações em Bitcoin. A criptomoeda mais valiosa do mundo é o meio preferencial dos criminosos para se financiarem, especialmente devido à criptografia inerente e à rede Blockchain que é descentralizada e segura.
O Telegram, no passado, já lutou contra estes movimentos ao bloquear diversos canais usados por terroristas. Contudo, o rastreamento destes grupos não é fácil e a sua presença no Telegram continua ativa.
Com o lançamento da Gram, criptomoeda do Telegram, estipulada para o prazo máximo de 31 de outubro, é possível que este problema venha a piorar e a atingir novas dimensões. A integração da Gram na própria plataforma pode vir a simplificar este fluxo de doações e financiamento para ataques.
O próprio conceito que sustenta o Telegram torna difícil o rastreamento e bloqueio deste tipo de grupos no serviço de comunicação. É um tema bastante complexo em que uns defendem a privacidade e segurança acima de tudo, mesmo que isso implique proteção para criminosos e terroristas. Por outro lado, são vários os utilizadores que defendem plataformas mais controladas, abdicando de alguma privacidade de modo a evitar situações como esta.