O mercado europeu é, aos olhos da China, apetecível, pelo que o país está a investir, fortemente, por cá. Assim sendo, se a Europa continuar “à sombra da bananeira”, as suas fabricantes de elétricos poderão sair muito prejudicadas.
Não é o “achómetro” que o diz, mas sim um estudo levado a cabo pela Allianz Trade. De acordo com um novo relatório divulgado pela alemã detida pela Allianz – “O Desafio Chinês para a Indústria Automóvel Europeia” -, a intenção da China para a Europa, em matéria de carros elétricos, representa um enorme risco para as fabricantes de automóveis europeias.
A mudança para os veículos elétricos a bateria é um game changer para a indústria automóvel europeia […]. Mas o risco número um é a China.
Caso os decisores políticos continuem sem tomar medidas, o relatório prevê uma perda de sete mil milhões de euros, por ano, em lucros, até 2030.
As fabricantes de automóveis europeias enfrentam, principalmente, duas ameaças:
- Uma previsão que aponta para a queda das vendas dos seus veículos na China, onde as fabricantes locais de carros elétricos têm vindo a aumentar a sua quota de mercado;
- O aumento das vendas de veículos elétricos chineses importados.
Conforme avançado pela Reuters, o relatório aconselha que esses decisores políticos enfrentem as fabricantes chinesas com tarifas recíprocas sobre os automóveis importados da China e com o investimento em novos materiais e tecnologias de baterias para veículos elétricos. Além disso, recomenda que a Europa permita que as fabricantes do país asiático construam os seus automóveis aqui.
As importações chinesas de veículos elétricos podem custar à União Europeia mais de 24 mil milhões de euros, em 2030. Isto corresponde a 0,15% do PIB europeu. No entanto, segundo a Allianz Trade, nas “economias nacionais mais dependentes do setor automóvel, como é o caso da Alemanha, da Eslováquia e da República Checa, o impacto pode vir a ser ainda maior”, entre os 0,3 e 0,4% do PIB.
Medidas adotadas nos EUA não facilitam a vida à Europa
A par da pressão exercida às fabricantes chinesas para exportarem para o mercado europeu, devido à saturação do mercado local, também as medidas protecionistas levadas a cabo pelos Estados Unidos da América estão a servir de incentivo à penetração no mercado europeu.
Nomeadamente, a nova Lei de Redução da Inflação que, entre outras coisas, concede, desde janeiro deste ano, créditos fiscais e subsídios aos consumidores e empresas americanas que invistam em veículos elétricos, turbinas eólicas e hidrogénio verde fabricados nos EUA.
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