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Rússia moveu um dos seus satélites para muito perto de um francês. Será para o espiar?

No que diz respeito a ameaças apocalíticas, poucos países o fazem como a Rússia. Durante a invasão e ocupação da Ucrânia, a liderança do país ameaçou repetidamente usar armas nucleares. O próprio Vladimir Putin dirigiu, esta quarta-feira, manobras terrestres, marítimas e aéreas das forças nucleares a partir de Moscovo. Mas a ameaça não se fica por aqui. Um satélite russo deslocou-se para uma desconfortável distância de um equipamento francês.


O que pretende Putin com esta aproximação ao satélite ocidental?

Uma empresa privada chamada Slingshot Aerospace refere que a Rússia manobrou um dos seus satélites Luch desconfortavelmente perto de naves espaciais ocidentais na GEO (órbita geoestacionária). E esta não é a primeira vez!

O satélite em questão chama-se Luch (Olymp) 2 e a sua identificação é Norad é 55841. A Rússia lançou-o em março de 2023 e é o sucessor do Luch (Olymp) Norad ID 40258. As convenções de nomenclatura são um pouco confusas, mas o Luch 1 era um “espião” bem conhecido. Este intruso tinha sido lançado em 2014 e o país manobrou-o perto dos satélites de outras nações em diferentes ocasiões.

A empresa americana Intelsat não ficou satisfeita quando o Luch se aproximou a menos de 10 km dos seus veículos espaciais. Pediram uma explicação, mas a Rússia manteve-se calada sobre a manobra. Agora, o Luch (Olymp) 2 está a seguir as pisadas do seu antecessor.

A Slingshot Aerospace é uma startup que utiliza algoritmos e IA para localizar satélites. No início de setembro, os seus algoritmos de deteção revelaram que o satélite tinha iniciado uma nova manobra. O equipamento russo fez várias aproximações a outros satélites e, a 5 de outubro, tinha abrandado consideravelmente e parecia estar a “estacionar” a 60 km do francês Eutelsat 3B.

A Rede Global de Sensores da Slingshot verificou a deteção e também projetou aproximações a outro satélite a cerca de 16 km.

Os algoritmos do Slingshot detetaram duas aproximações a outros satélites do Luch (Olymp) 2. Crédito: Slingshot Aerospace. | Clique para aumentar

 

A Rússia diz pouco ou quase nada sobre esta aproximação

A Rússia não diz muito sobre esta manobra. Contudo, um olhar sobre as ações do passado dá uma boa indicação do comportamento da Rússia em termos da sua estratégia em forçar uma situação inerentemente perigosa até à iminência de um desastre.

Em 2020, dois satélites russos chamados Kosmos-2542 e Kosmos-2543 manobraram perto do KH-11 um satélite de vigilância militar dos EUA. Isso foi em janeiro e, seis meses depois, em julho, o Kosmos-2543 disparou um projétil. O projétil não foi apontado a um satélite, foi disparado para o espaço exterior. Mas chamou a atenção de toda a gente.

Em novembro de 2021, a Rússia testou uma arma anti-satélite (ASAT) num dos seus próprios satélites. Isso gerou detritos perigosos e milhares do que os especialistas em satélites chamam de conjunções. A empresa de controlo espacial COMSPOC previu que o número de conjunções potencialmente perigosas causadas pelos detritos atingiu um pico de 4.000 por dia.

Esta imagem mostra o satélite Kosmos-1408 antes e depois do impacto de um teste anti-satélite russo em 15 de novembro de 2021. Imagem: Numerica Corporation

Em janeiro de 2023, outro satélite russo, o Kosmos 2499, partiu-se e gerou uma nuvem de detritos. Este satélite era misterioso e provavelmente experimental. Mas devido às suas manobras elétricas, especulou-se que poderia ser uma arma anti-satélite.

A Rússia manobra regularmente os seus satélites RPO (Rendezvous and Proximity Operations) ou satélites espiões, perto dos satélites dos EUA e de outros. É sabido também que alguns destes veículos espaciais transportam armas. A sua atitude desafiadora e de confrontação torna cada vez mais a situação arriscada, podendo causar muita destruição devido às nuvens de detritos resultantes destes “exercícios”.

Este teste é mais uma prova da defesa hipócrita da Rússia de propostas de controlo de armas do espaço exterior destinadas a restringir as capacidades dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que não tem qualquer intenção de parar os seus programas de armas contra-espaciais.

Os Estados Unidos estão prontos e empenhados em dissuadir a agressão e defender a Nação, os nossos aliados e os interesses dos EUA de actos hostis no espaço.

Afirmou o General John W. ‘Jay’ Raymond, Chefe de Operações Espaciais da Força Espacial dos EUA, após o teste ASAT russo.

Poderá uma guerra de satélites na órbita terrestre atingir os objetivos de alguém? Seguramente que as nuvens de detritos de satélites destruídos representam uma ameaça igual para todos os satélites, mesmo para os do agressor. Mas a ameaça em si mesma consegue alguma coisa. Putin faz todo o tipo de coisas apenas para provocar reações e testar os seus adversários.

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