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Para atualizações críticas do software de um Boeing 747 recorre-se a uma disquete 3,5″

Nada, ou quase nada, está livre de ataques dos hackers. Contudo, determinadas máquinas e estruturas ainda conseguem estar a salvo recorrendo aos métodos antigos, mas funcionais. Até há bem pouco tempo, os EUA, usavam as disquetes para atualizar e operar os computadores dos anos 70 que controlam os seus mísseis nucleares intercontinentais, bombardeiros nucleares e aviões de reabastecimento aéreo. Ainda hoje para atualizações críticas do software de um Boeing 747 tem de ser através de uma disquete.

Estas e outras informações foram alvo da curiosidade do evento anual DEF CON, a conferência de hacking.


Disquetes contra hackers nos Boeing 747

Os aviões Boeing 747 apareceram nos finais dos anos 60. Este imponente avião continua a deslumbrar quem o vê a cruzar os céus. Contudo, seguramente desconhece que continuam a usar tecnologia que muitas crianças hoje já nem sabe para o que serve.

Um facto curioso comentado agora entre a comunidade DEF CON (a conferência de hacking deste ano foi feita remotamente graças à COVID-19), é que este gigante ainda utiliza disquetes para carregar bases de dados de navegação críticas.

Segundo os especialistas da Pen Test Partners, ao “vasculhar” os sistemas internos de uma destas aeronaves descobriram, para sua surpresa, que existem drives de disquete de 3,5 polegadas para serem usadas em ações importantes de navegação para cada voo.

 

Insert disk # 1

A versão 747-400 não é tão antiga como o pai desta geração. Na verdade, estas aeronaves foram introduzidas em 1988, embora que o seu ciclo de vida já tenha terminado. Nessa altura, os CDs mal haviam aparecido e, por exemplo, pendrives USB só começariam a ser vendidos no ano 2000, conforme podem ver na história do armazenamento digital.

Num vídeo muito interessante, são descritos alguns pormenores desta aeronave, a dada altura, pelo minuto 7:50, o processo de utilização da drive e da disquete é explicado.

As disquetes têm a capacidade de atualizar os sistemas de navegação essenciais para a atividade do avião.

Um grupo de especialistas teve a oportunidade de visitar um dos Boeing 747, retirados temporariamente da frota da British Airways devido à pandemia COVID-19. Depois de inspecionar a aviónica na aeronave, notaram um detalhe singular.

As tais disquetes de 3,5 polegadas, que estão na cabine, servem para atualizar as bases de dados de navegação a cada 28 dias. Assim, há um engenheiro que se encarrega de fazer esta atualização recorrendo, claro está, a estes discos de outros tempos.

Na realidade, os dados não são tão impressionantes. Isto porque também os Boeing 737 continuam a utilizar estas unidades, e embora as bases de dados estejam a ficar maiores e algumas companhias aéreas tenham instalado outras alternativas, nestes casos o processo ainda é feito carregando a informação que ultimamente necessita de 8 discos (assumimos que são utilizados discos de 1,44 MB, então estas atualizações levam cerca de 11,5 MB no total) para atualizar aeroportos, rotas, pistas de descolagem e outros dados.

 

E os aviões mais recentes?

Atualmente as tecnologias são mais evoluídas e com estruturas de alta segurança. Na conferência falou-se, por exemplo, que o Boeing 787 tem tecnologia ARINC 664 e o Boeinf 777 tem ARINC 629. Estruturas mais modernas existem igualmente nas aeronaves recentes.

Sobre este assunto houve muitas perguntas interessantes na sessão de perguntas, mas uma dominou todas as outras: é possível obter acesso aos sistemas de voo através da invasão dos sistemas de entretenimento do avião, por exemplo?

Estes peritos explicaram que isto parece impossível:

Temos estado deliberadamente a analisar isto e não encontrámos, até agora, qualquer comunicação nos dois sentidos entre os sistemas do domínio dos passageiros, como o IFE (In-Flight Entertainment) e o domínio do controlo de aeronaves.

Isso não significa que não se possa tentar aceder ao sistema IFE. Um investigador de uma universidade escocesa fez exatamente isso num voo transatlântico de nove horas, mas na realidade só conseguiu derrubar o seu próprio ecrã com um buffer overflow.

Portanto, o que não faltam são muitas e longas histórias sobre de tecnologias obsoletas. Estas são mantidas em uso porque são construídas em algo maior e que ainda funciona bem.

 

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