Podia perfeitamente ser um pedaço da Érica Fontes… Mas é de uma outra vaca.
Esta tem sido a frase mais comentada do dia depois de um restaurante ter publicado na sua página do Facebook uma fotografia de um pedaço de carne de vaca com esta triste frase como descrição.
O objectivo foi cumprido, o nome do restaurante está nas bocas dos portugueses, espalhado pelas redes sociais e pelos jornais. Mas será que vale tudo neste universo das redes sociais? Será que podemos dizer tudo o que queremos sem que isso não tenha consequências nefastas?
Liberdade de expressão, direito de opinião, sentido de humor apurado, foram alguns dos argumentos utilizados por um restaurante do norte relativamente à publicação onde associou a actriz pornográfica Érica Fontes a um pedaço de vaca.
Na verdade, o dito restaurante além de não ter feito uma publicação nada feliz ainda teve uma postura incorrecta para com os comentários de muitas pessoas, possivelmente de muitos clientes, respondendo ironicamente a cada um deles que expressou o seu desagrado quanto à publicação.
Depois de quase 24 horas, foi mesmo necessário um pedido para remoção da publicação por parte da equipa da actriz para que tal acontecesse.
Estratégia de diferenciação
O responsável de comunicação do restaurante em causa, depois de remover a publicação e fazer um “pedido de desculpas” a Érica Fontes, teve oportunidade de se justificar perante alguns jornais dizendo que esta publicação se tratou se uma simples “estratégia de diferenciação” que lhes está no “ADN”.
As redes sociais são actualmente uma das maiores portas de publicidade que qualquer pessoa ou empresa pode ter à sua disposição e o Facebook consegue ter um alcance estrondoso, seja para o bem, ou para o mal.
Mas se uma pessoa comum deve ter cuidado com as publicações e comentários que faz nas redes, uma empresa tem uma responsabilidade acrescida pela sua função perante a sociedade.
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Pegar num smartphone, tirar uma foto e partilhar nas redes sociais com uma legenda machista e ofensiva é fácil. Mas utilizar isso para tentar vender um produto ou serviço passa a ser desonesto e pode mesmo ser crime.
Crimes de Injúria, Equiparação e Publicidade e calúnia
As pessoas ainda pensam que podem colocar o que lhes apetece nos Facebook ou noutras redes sociais, ou até mesmo nos comentários online. Julgam que o anonimato as protege, mas a verdade é que cada vez mais há quem responda perante a justiça, porque pensava que atrás de um nick estava seguro.
Depois vem o tal argumento da “liberdade de expressão“. Calma, uma coisa é podermos exprimir a nossa opinião, outra coisa é estarmos a incorrer nos crimes de difamação. Cometermos calúnias e injúrias que são matérias de atenção nos artigos 180º, 181º, 182º e 183º do nosso Código Penal.
Fique a saber, se é que desconhece, há multas e mesmo penas de prisão que estão previstas para quem agride outra pessoa, sob a forma de suspeita, factos, ou formular sobre ela um juízo ofensivo da sua honra ou consideração. Sejam essas injúrias verbais ou feitas por escrito, gestos, imagens ou qualquer outro meio de expressão.
Estes crimes estão, ao que parece, sempre a cada esquina do Facebook e outros sítios online. Neste mundo da “Liberdade de Expressão” não pode valer tudo em troca de visibilidade ou de auto-promoção.