Debate – Terão os robôs lugar no mundos dos humanos?
Na semana passada, a convite da FNAC, participei numa tertúlia intitulada “A visão do futuro”, inserida na comemoração dos 30 anos do filme Blade Runner, com objectivo de debater ideias sobre o que ser o futuro expectável nas Artes, Ciência, Cinema, Tecnologia, entre outras artes. Sendo este um assunto bastante enigmático, gostaríamos de saber se consideram que os robôs (humanóides) terão lugar no mundo dos humanos e no caso afirmativo, como será a nossa vivência com eles.
Filme Blade Runner
Blade Runner, é um filme de ficção científica norte americano em 1982, que mostra uma distópica cidade de Los Angeles em Novembro de 2019 (estamos apenas a 7 anos), onde robôs orgânicos criados geneticamente chamados de replicantes—visualmente indistinguíveis dos humanos—são fabricados pela poderosa Corporação Tyrell.
Leis da Robótica
Escritor russo Isaac Asimov, que com os seus escritos ficcionistas revolucionários, ajudou a cimentar uma nova visão dos robots. Durante anos, as leis do autor de ficção científica Isaac Asimov imortalizadas na sua obra foram consideradas suficientes entre os entusiastas dos robôs. As leis em si, são simples (pouco abrangentes para os dias de hoje):
- Lei 1: Um robô não pode magoar um ser humano ou deixar que algum ser humano se magoe.
- Lei 2: Um robô tem de obedecer a ordens dadas por um ser humano, excepto quando essas ordens entram em conflito com a Primeira Lei.
- Lei 3: Um robô tem de proteger a sua própria existência desde que não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Lei.
- Lei Zero (criada posteriormente, por um robô que a intuiu no romance "Os Robôs e o Império"): Um robô não pode causar mal a humanidade ou, por omissão, permitir que a humanidade sofra algum mal, nem permitir que ela própria o faça.
Cada uma destas leis têm precedência sobre as outras que lhes seguem, por isso, um robô não pode ser ordenado para matar um ser humano e tem de obedecer às ordens mesmo que isso resulte no seu próprio extermínio.
Algumas datas marcantes/importantes (e de futuro)
- 2007 - robô militar usado no exército da África do Sul matou 9 soldados e feriu 14 gravemente
- 2009 - fábrica sueca foi multada depois de um robô quase matar um dos seus trabalhadores
- 2025 - Muitos cientistas são unânimes em afirmar que em termos de capacidade de processamento, o cérebro humano será superado
- 2012 – Carros com piloto automático passam a ser legais em Nevada (EUA) e passam a ter matrículas vermelhas (ex. carros experimentais da Google)
- 2030 - Uma sociedade onde humanos e robôs co-existem poderá emergir por volta deste ano (Chien Hsun Chen - co-autor de um artigo publicado no International Journal of Social Robotics);
- 2050 - Desafio da comunidade científica que participa nas competições robóticas do RoboCup é que em 2050, uma equipa de robots futebolistas humanóides vença a equipa humana de futebol campeã do mais recente campeonato do mundo, de acordo com as regras da FIFA
Linhas orientadoras do debate
- Farão os robots antropomórficos ou humanóides parte do mundo dos humanos?
- Serão as leis de Isaac Asimov suficientes para definir regras entre humanóides e humanos?
- Qual será a importância dos robôs no futuro
- Tolerar-se-á um pontapé num cão-robô mas dir-se-á aos filhos para não o fazer com um cão normal?
- Será que queremos mesmo robôs com emoções e tão inteligentes ou mais inteligentes do que os humanos?
- Deverão ser os robôs os nossos escravos?
Para os mais curiosos, deixo agora um pequeno vídeo que tem tido muito sucesso no YouTube e que mostra uma banda de AAR - Agile Aerial Robots (robôs aéreos ágeis)
Os AAR foram criado pela equipa liderada pelo cientista Vijay Kumar e têm como objectivo a realização das mais diversas tarefas. Os AAR são compostos por diversos sensores, motores, processadores, conseguem voar e detectam a presença de tudo o que os rodeia.
Vejam no seguinte vídeo a apresentação do responsável pela criação dos AAR.
O mundo da robótica é fascinante mas também preocupante ! Contamos com as vossas ideias e a gostaríamos de saber qual a vossa visão de futuro. Participem!
Este artigo tem mais de um ano
Absolutely!
Na minha humilde opinião, isto tem muito potencial para ajudar o ser humano a melhorar a sua vida a e o mundo onde ele habita. No entanto, e como muitas outra tecnologias (Exemplo a energia nuclear) esta também pode ser utilizada com fim destrutivo, e infelizmente vai existir sempre uma mente distorcida que vai utilizar esta e outras fantásticas tecnologias para destruir e tornar o nosso mundo ainda pior…
Tornar o mundo melhor depende da sociedade, das pessoas e não do desenvolvimento tecnológico. A tecnologia é “apenas” o instrumento ao serviço de algo ou de alguém.
Se viesse sem o TouchWiz… até pensava nisso.
Não concordo com a ideia de robôs humanóides que convivem entre os humanos. Pode ser influência da ficção científica, mas assusta-me o facto de se criar máquinas mais inteligentes que o homem e com livre arbítrio. Que moral teríamos nós para lhes dar ordens ou designar tarefas? Por outro lado, concordo com todo o tipo de avanços tecnológicos que melhorem a vida das pessoas. Um robô pode ajudar um idoso que vive sozinho mas não tem necessariamente que ter um aspecto humano.
Concordo contigo.
Sinceramente, este tema tem muito que se lhe diga, mas vou tentar resumir um pouco a minha opinião.
A lei zero que diz “Um robô não pode causar mal a humanidade ou, por omissão, permitir que a humanidade sofra algum mal, nem permitir que ela própria o faça.” pode ter muitas interpretações, uma delas sendo que a humanidade actualmente já causa mal a si própria de diversas formas, ora, um robot tendo esta visão, terá que se “impor” para impedir que a humanidade faça mal a si própria e, a meu ver, isto não teria bom resultado.
Claro que isto é muita ficção científica, mas estará ela longe da verdade? Na minha modesta opinião, no dia em que o homem criar um robot com capacidade de se auto-melhorar/auto-recriar, a humanidade está perdida.
a humanidade já está perdida há muito tempo ….
Espero que isto não chegue ao ponto da ficção cientifica. Penso que já faltou mais. Sera mau para o homem criar uma coisa que as tantas faz mais do que lhe pedimos. E sobretudo pode revoltar-se.
Ja agora http://www.bbc.co.uk/news/technology-17269535
Revoltar-se?
Claro que sim, e acredito que a Apple esteja já a criar Robots inteligentes que substituirão as tarefas do dia a dia dos seres humanos, facilitando assim a vida em todo o planeta terra.
Primeiro, tenho a dizer que só tenho pena é de provavelmente já não chegar a ver essa tecnologia no seu auge.
Depois, quanto à existência duns e doutros, dada a natureza humana, só antevejo uma coisa: Guerra e destruição. Nesse campo, o filme exterminador implacável, o segundo, é profético. Nós somos incapazes de viver em paz connosco próprios. Os amores e os ódios (leia-se polémica) que robots humanóides iriam ou irão levantar só podem ter esse fim. O filme “I robot” é ele próprio o espelho disso mesmo!
Bem hajam!
E assim começa… 🙂
O video dos aviõeszinhos é impressionante, já o tinha visto a uns meses, eles tem evoluido de uma forma assustadora. Não é preciso muita imaginação para saber onde isto nos leva.
A velocidade de evolução da tecnologia é verdadeiramente assustadora… nalgumas áreas, armamento por exemplo. Pena que noutras demorem décadas para colocar em pratica (tudo por causa dos custos) meios tecnológicos que salvam vidas.
Não me admira que na próxima década apareçam robôs capazes de executar tarefas actualmente desempenhas pelos humanos, mais cerebrais, mais poder de estudo ambiental e comportamental, ao ponto de sermos atendidos em serviços do dia a dia por máquinas com forma de gente.
Mas tudo terá de ser pensado com equilíbrio ou… um dia isto entorna! Haverá cada vez ma nos “privacidade”.
É das coisas mais inevitáveis. O homem procura mais e mais, e mal seria se assim não fosse.
Desde sempre o homem procura ferramentas para o ajudar a evoluir. As máquinas são um exemplo disso e os humanoides serão, por assim dizer, a maior invenção de sempre. Vários visionários já recriaram estes cenários; aconselho, a quem ainda não viu, o filme IA de Steven Spielberg. Eu tenho a certeza que aquela realidade é um dos objectivos do Homem.
Ter humanoides será bom? Será mau? Temos que os ter para sabermos! O Homem não irá desistir até descobrir, nem que para isso o próprio Homem possa sofrer ou pagar bem caro por isso!É próprio da natureza humana, e sinceramente, não vejo que tenhamos alternativas.
Estamos longe desta realidade? Não, nem por isso. Depende da fisica quântica, e pelo que tem sido anunciado, os cientistas estão cada vez mais perto da descoberta de soluções que nos permitirão ter computadores mais rápidos milhares de vezes em relação ao computador, actual, mais rápido do mundo. Quando chegarmos a este patamar, teremos máquinas a pensar como os seres humanos. Isto não é ficção; isto tem sido o material de trabalho de muitos cientistas em todo o mundo.
Quando chegarmos há era dos humanoides, daqui a anos, teremos tecnologia que nos permitirá conhecer melhor o universo que nos rodeia e a partir daqui a nossa imaginação começará a trabalhar e acabamos por pensar quase todos no mesmo: precisamos de saber se estamos sozinhos nesta imensidão. Com esta questão permanentemente presente, acham que o Homem irá parar? Claro que não!
Nem de propósito: ontem revi o filme “AI – Artificial Intelligence” do Steven Spielberg, um dos melhores filmes sobre esta temática, na minha opinião.
> Farão os robots antropomórficos ou humanóides parte do mundo dos humanos?
Penso que sim, e já faltou mais!´
> Serão as leis de Isaac Asimov suficientes para definir regras entre humanóides e humanos?
são basilares, mas as leis devem ser actualizadas à medida que o mundo também se actualiza.
> Qual será a importância dos robôs no futuro
Tal como já disseram: ajudar os idosos, pessoas com algum tipo de deficiência, pessoas com algum tipo de sindrome como o autismo por exemplo. Automatização de tarefas repetitivas nos trabalho, etc.
> Tolerar-se-á um pontapé num cão-robô mas dir-se-á aos filhos para não o fazer com um cão normal?
Aqui entramos no campo da ética. Na minha opinião, dar um pontapé não é ético, seja num ser vivo ou num robô.
> Será que queremos mesmo robôs com emoções e tão inteligentes ou mais inteligentes do que os humanos?
Assusta-me… bastante. É curioso, intrigante, mas ao mesmo tempo assustador. Vai haver que os queira, vai haver quem não os queira. Acredito que se possam gerar guerras à volta desta temática.
> Deverão ser os robôs os nossos escravos?
Claro, são criações nossas. Será que vão ser tão inteligentes que passarão a ter vontade própria? Não sei… Mas acho que devem ser programados para obedecer, sim.
Viva!
Discordo em absoluto com o teu ultimo ponto. Nunca se deve pensar que com o direito da criação vem o direito da escravidão. Quanto às emoções… acredito que na sua generalidade não sejam programadas (propositadamente) nos robôs, mas que possam emergir naturalmente à medida que a investigação e a criação de robôs cada vez mais complexos e autónomos vão emergindo.
De qualquer forma está aqui um tópico interessante 😉
Concordo, mas é da natureza humana fazer isso, aliás a palavra robô na língua que lhe deu origem significa: servo (de servidão). Ou seja, os robôs são criados para serem “nossos” servos!
Mas cautela, tal como os escravos se revoltaram, também estes servos o poderão fazer, tal como a obra de Isaac Asimov – I Robot, uma coletânea de contos no qual se basearam para o filme com o mesmo nome (embora eu ache a coletânea mais interessante, pois tive a oportunidade de ler um dos contos presentes no livro).
«> Serão as leis de Isaac Asimov suficientes para definir regras entre humanóides e humanos?
são basilares, mas as leis devem ser actualizadas à medida que o mundo também se actualiza.»
De momento essas leis de nada valem no mundo da robótica… Porquê? Bem, porque os robôs ainda não têm a capacidade de compreender, para eles é apenas 0 e 1, não conseguem compreender as ordens que lhes são dadas, apenas as cumprem! Se o robô é considerado seguro, então o mérito deve-se ao engenheiro que o criou e não às capacidades de compreensão do próprio robô, pois para este, é-lhe indiferente se está a pegar numa peça ou a arrancar um braço aos seus “colegas” humanos…
De não esquecer, que os robôs são programados, i.e., não aprendem no verdadeiro sentido da palavra… Mesmo que tenham sido programados para aprenderem, pede-lhe para ser original, ou por exemplo, coloca-o num meio que lhe é desconhecido e vê como este se “desenrasca”, tendo como recurso apenas o conhecimento adquirido!
Concordo com muito do que aqui se disse e embora não seja esse o tema tenho de dizer isto: Qualquer dia estamos a viajar a Marte como quem vai de Lisboa a Sintra.
Criamos humanóides com sentimentos e pensamentos humanos mas, nós próprios desviamo-nos cada vez mais daquilo que nos torna um animal único, a nossa suposta humanidade.
Temos tantos problemas mais graves para resolver. Pegada humana, exploração exaustiva dos recursos naturais, fome, doenças, sim muita fome e em relação a isso tudo continua na mesma!
A crise que agora vivemos, mais mundial do que se pensa, é já o princípio disso.
O que faremos quando tivermos robots a fazer o nosso trabalho? Quem nos vai sustentar? E quem não puder comprar robots? E em que iremos ocupar o tempo? Vamos substituir mulheres e homens e filhos por robots?
O filme IA retrata isso!
São questões colaterais mas intrínsecamente ligadas!
Talvez mereça outro debate ou o alargamento deste?
Bem hajam!
Acredito que a evolução da técnologia pode ser benéfica para o desenvolvimento. Mas tudo tem um limite. Robos podem ajudar nas tarefas cotidianas, seja de uma empresa ou de uma residencia, mas apenas isso. Para que motivos criar um robô falante, capaz de fazer conexões, capaz de tomar decisões? Isso pode ser perigoso.
As decisões ficam com os humanos, o trabalho pesado fica com os robôs, porém, acredito que isso vá causar um grande problema pois pode gerar muito desemprego e acredito que os trabalhadores não vão gostar nem um pouco disso.
Percebo a questão do desemprego. A revolução industrial criou emprego, mas também destruiu muitos. A pensar assim, ainda estaríamos na idade média. Irá destruir empregos e irá criar outros. Uma coisa fundamental é que, em principio, a eficiência aumentará o que é benéfico para todos. Quanto às decisões, concordo. Na minha opinião, devemos usar os robôs (aka super computadores com IA avançada) para nos ajudar a tomar decisões e nos trabalhos em que nós não somos eficientes (trabalhos pesados, por exemplo).
Pedro
mais robos = mais desemprego…
O problema dos robos entre os seres humanos são os humanos.
Isto é, os humanos vão querer fazer robos para a destruição de outros humanos.
Sempre haverá alguém a querer dominar os outros
Esse é o problema
Cumprimentos
César Oliveira
Esse tema gera um dos debates mais interessantes de nossa área.
É evidente que a tecnologia irá evoluir ao ponto em que robôs, são tão quanto ou mais inteligente que nós.
Pelo pouco que conheço de IA, o objetivo sempre foi (e é) adaptar a maneira como nosso cérebro processa e analisa informações para meios computacionais, e é claro que quanto mais próximos disso – mais inteligentes serão nossos robôs.
Quanto à preocupação com nossa segurança, o medo de perdermos o controle sobre nossa criação e dela se revoltar contra nós (dramático), não acredito que as 4 leis de Isaac Asimov não suficientes, serão mais como os mandamentos de uma religião e já que falamos em vida (artificialmente) inteligente – alguns podem discordar e até mesmo desrespeitarem as leis, e mesmo que hajam mecanismos para identificar isso, sempre há uma forma de burlar isso.
Sempre imaginei que o futuro dos robôs seja usá-los como mão-de-obra para tarefas domésticas e de infraestrutura – inevitavelmente como escravos, já que eles não têm interesse em bens materiais (chute) e nem precisam disso.