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NASA trabalha num plano para substituir a sua estação espacial! Mas tem pouco tempo…

O próximo ano é crucial para o futuro da NASA e para os seus planos de prolongar a atividade humana na órbita baixa da Terra. No entanto, e pela primeira vez em décadas, a agência espacial americana enfrenta a perspetiva não muito distante de não conseguir ter pelo menos um astronauta a girar à volta do planeta.


NASA pode optar por mudanças estratégicas radicais

Nos próximos meses, a NASA planeia finalizar a sua estratégia para as operações na órbita baixa da Terra (LEO, originalmente). No final do próximo ano, a agência pretende conceder contratos a empresas privadas para o desenvolvimento de pequenas estações espaciais comerciais.

Esta mudança coloca a NASA e outras agências espaciais como clientes e não como operadoras destas estações. No entanto, a transição levanta questões críticas sobre a necessidade de manter uma presença na LEO, especialmente à medida que a NASA se concentra na Lua através da missão Artemis.

Pam Melroy, administradora adjunta da NASA, enfatiza o papel essencial da LEO para a investigação em microgravidade, que é crucial para o avanço da exploração humana até à Lua e Marte. A NASA tem estado a maximizar o potencial científico da International Space Station (ISS), não só para a investigação básica em microgravidade, mas também para compreender os impactos a longo prazo das viagens espaciais na saúde. Melroy sublinha a necessidade de prosseguir esta investigação para atenuar os riscos de futuras missões de longa duração, como as missões a Marte.

Os esforços da NASA em matéria de tecnologias de apoio à vida, como a reciclagem de água, alcançaram uma elevada eficiência na ISS. No entanto, as missões a Marte exigem sistemas quase perfeitos.

Em agosto, a NASA lançou um projeto de “Estratégia de Microgravidade” para delinear os seus objetivos de investigação e tecnologia na LEO para a década de 2030, com o objetivo de finalizar o documento até ao final do ano, após o feedback da comunidade.

Desafios no programa Commercial LEO Destinations

Há três anos, a NASA iniciou o programa Commercial LEO Destinations (CLD), atribuindo contratos à Blue Origin, Nanoracks, Northrop Grumman e Axiom Space. Estas empresas enfrentaram obstáculos significativos: a Axiom Space deparou-se com dificuldades financeiras e atrasou os lançamentos, a Northrop Grumman retirou-se e a Voyager Space, que adquiriu a Nanoracks, continua sem provas dadas.

As próximas propostas para a segunda fase do programa CLD determinarão o panorama futuro, incluindo potencialmente novos participantes como a Vast Space e a SpaceX.

Mas a viabilidade destas empresas é incerta. A Axiom Space tem dificuldades financeiras, a Blue Origin parece hesitante, a Voyager Space não tem um historial comprovado e o programa Starship da SpaceX poderá não dar prioridade ao CLD. A NASA espera adotar uma abordagem faseada, possivelmente alcançando um produto mínimo viável até 2030, enquanto procura serviços mais amplos posteriormente.

Além disso, o compromisso global da NASA permanece incerto, uma vez que a agência trata a iniciativa CLD de forma mais experimental do que como uma estratégia definitiva, potencialmente dificultando o desenvolvimento da estação espacial comercial a longo prazo.

Afinal, a transição para estações privadas seria bom ou mau?

Os especialistas sugerem que em 2030, com a desorbitação da ISS, a probabilidade de haver apenas uma estação espacial comercial é elevada. O prolongamento da vida da ISS enfrenta desafios, incluindo uma parceria tensa com a Rússia, infraestruturas velhas e custos operacionais elevados (3 mil milhões de dólares por ano). A transição para estações privadas poderia reduzir os custos, mas cria incerteza para os fornecedores comerciais que dependem da presença contínua da NASA.

Uma lacuna temporária na LEO pode ser gerida, aproveitando a Crew Dragon e a Starliner para atenuar os impactos na investigação. No entanto, a NASA procura oficialmente evitá-lo, salientando a importância de operações ininterruptas na LEO por razões científicas e geopolíticas, incluindo a manutenção da liderança sobre a estação espacial ativa da China.

O sucesso a longo prazo das estações espaciais comerciais depende da procura do mercado para além dos astronautas do governo. Um relatório de 2017 salientou a falta de uma “killer app” para tornar rentável a habitação humana no espaço.

Os potenciais clientes incluem governos internacionais e turistas espaciais, mas a procura global e a disponibilidade para pagar permanecem incertas. Além disso, o fabrico automatizado na LEO, exemplificado por empresas como a Varda, poderia competir com as estações operadas por humanos, oferecendo alternativas económicas para investigação e produção.

A Starship da SpaceX representa outro fator de competitividade, proporcionando potencialmente voos orbitais de menor custo e de curta duração que poderiam atrair turistas espaciais em vez de estações privadas.

Para que a NASA garanta o sucesso do programa CLD, deve empenhar-se num apoio e financiamento substanciais, reconhecendo que o desenvolvimento de habitats seguros e funcionais no espaço é um empreendimento complexo e caro.

 

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