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Marcas de carros elétricos revoltadas contra “nova” medida do Governo

Facilmente se percebe que o futuro será, aparentemente, elétrico no segmento dos carros elétricos. No entanto, nem todos os carros elétricos são amigos do ambiente. Os Governos têm vindo a apoiar a aquisição de veículos “amigos do ambiente”, mas será que os híbridos plug-in o são?

Em Portugal foi aprovada a limitação dos incentivos fiscais à compra de híbridos e híbridos plug-in. Marcas de elétricos dizem que é uma medida “pouco inteligente”.


Falta de visão”, “estupefação” e “contradição” são as expressões mais usadas pelas marcas automóveis para classificar a limitação dos incentivos fiscais à compra de carros híbridos e híbridos plug-in, aprovada no Parlamento na sequência de uma proposta do PAN, revela o Dinheiro Vivo.

A ZERO já tinha chamado à atenção para os automóveis híbridos plug-in.  Segundo dados, as vendas de automóveis elétricos em Portugal, representam já cerca de 58% desse mercado em 2020 (em outubro a tendência agravou-se: os PHEV representaram 70% do mercado de elétricos).

Em Portugal as vendas de híbridos plug-in são do segmento premium, que na prática são PHEV “de fachada”, emitindo em condições reais de utilização tanto ou mais dióxido de carbono (CO2) que um automóvel similar convencional.

A proposta do PAN presente no Orçamento do Estado para 2021 visa corrigir “distorções relativas aos motores híbridos”, para o cálculo do ISV , do IRC e do IVA”, através da “introdução de critérios na lei que restrinjam os apoios a híbridos e híbridos plug-in”.

Segundo o PAN,

o facto de os motores serem híbridos, híbridos plug-in ou a gás não garante, por si só, um menor nível de emissões

Pelo contrário, viaturas híbridas, híbridas plug-in ou a gás com maior cilindrada ou potência apresentam mais emissões que outras viaturas, de motor convencional, mas com menor cilindrada ou potência

Muitos destes automóveis são híbridos plug-in ‘de fachada’ — assim considerados porque têm baixas autonomias em modo elétrico, raramente são carregados, têm potentes motores de combustão interna, e são também com frequência grandes e pesados

Marcas contra nova medida de apoio à compra de carros elétricos

Sérgio Ribeiro – Salvador Caetano

Sérgio Ribeiro, administrador da Salvador Caetano viu esta medida com “enorme estupefação”. “Na prática, apenas resultará num desincentivo à compra de carros amigos do ambiente.

O impacto será muitíssimo significativo, considerando que, em média, o consumidor irá suportar um aumento de preço superior a 2 mil euros ao adquirir um automóvel com uma tecnologia menos poluente. Ou seja, aplicando-se esta legislação, objetivamente as viaturas híbridas terão uma carga fiscal três vezes superior, por cada grama de CO2 emitida, em comparação com os automóveis a combustão.”

Nuno Costa – Porsche ibérica

Nuno Costa, diretor de marketing da Porsche ibérica acredita que faltou “visão a longo prazo” aos deputados que aprovaram a lei. “Penalizar os híbridos e híbridos plug-in é o caminho mais fácil, mas não o mais inteligente. A maior parte dos nossos clientes com veículos PHEV (híbridos plug-in) tem uma utilização de quotidiano que assenta na autonomia elétrica, com capacidade de carregamento diária, o que leva a uma clara diminuição de emissões CO2.

Apenas quando se deslocam em viagens de mais de 50 quilómetros (diários) é que a combustão é ativada. A grande maioria destes clientes aliviou a sua fatura e tempo dispensado nas estações de serviço pela utilização diária da capacidade elétrica dos carros. Agora, o Estado vem penalizar a compra destes veículos, e como tal, forçar os consumidores a reduzir as suas opções, empurrando-os para a combustão em alguns casos.

Miguel Tomé – Opel Portugal

Há múltiplos testemunhos de quem não gasta uma gota de gasolina nas deslocações habituais, mas tem garantida a possibilidade de fazer uma viagem longa se precisar. A bem destes justos não se devem cortar incentivos às cegas para castigar os alegados pecadores.

Ricardo Oliveira – Renault Portugal

A recém introduzida penalização aos automóveis híbridos é no mínimo contraditória com os objetivos de descarbonização do parque automóvel. Uma vez que não está previsto um incremento dos apoios à aquisição de automóveis elétricos, a alternativa imediata à aquisição deste tipo de automóveis (mais de 15% das vendas em Portugal em 2020) é a aquisição de modelos de motor de combustão (gasolina ou diesel) que são sempre mais poluentes do que os híbridos.

Esta medida é um evidente retrocesso na modernização e na descarbonização do parque automóvel em Portugal.

Ricardo Tomaz – SIVA

É por isso que os construtores investem fortemente no desenvolvimento destes veículos, para cumprir as normas de emissões previstas na regulamentação europeia.

Nas marcas da SIVA, os impactos sentem-se em alguns SUV PHEV (com aumentos que podem atingir 9 mil euros), mas sobretudo nos carros com tecnologias avançadas de otimização de emissões (mild hybrid), fortemente penalizados. Corre-se assim o risco real de a procura se desviar para soluções menos eficientes em CO2.

Ricardo Tomaz considera “pouco razoável” uma medida que “penaliza fortemente um tipo de veículos cujas emissões são inferiores às dos com motor de combustão interna.

 

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