Recentemente lancámos uma compilação de 5 artigos com os 50 locais onde não esperaria encontrar Linux, que mostrou o quão importante e fundamental pode, e é, o sistema operativo opensource Linux, e as suas mais diversas distribuições. Encontrámos este sistema implementado nos mais diversos locais, onde abunda a responsabilidade, o poder e a eficiência. A compilação que apresentámos, veio reforçar a ideia de que Linux é um sistema operativo de confiança e com imensas vantagens.
No entanto, guardámos uma edição especial – Linux Deluxe – para o Brasil e Portugal. Hoje vamos saber alguns locais onde pode encontrar o SO OpenSource no Brasil.
Segundo uma estimativa da Linux Foundation, mais de 3 milhões de computadores no Brasil trabalham com o Sistema Operativo Linux. E existem várias comunidades Linux no país, vários projectos destinados a promover, desenvolver e incrementar nos vários locais o SO Linux, e o Sistema OpenSource está também implementado em variados locais de referência, onde é necessário que haja confiança no sistema adoptado devido ao trabalho e serviço efectuado e prestado nesse mesmo local.
O Banco do Estado do Rio Grando do SUl, ou Banrisul, começou por testar o software livre em 1998. Passados 5 anos, em 2003, já estava implementado em todas as caixas multibanco. Actualmente o Banrisul dispõe de 3 mil equipamentos com Linux. Segundo o gerente da unidade de infraestrutura de tecnologia do Banco, José Eduardo Bueno, o banco foi o primeiro “no mundo a usar Linux nas caixas electrónicas”. O Banrisul possui 800 servidores, e o Linux é usado por 600 deles. Ainda há muitos equipamentos com Windows, mas o objectivo é reduzir de forma consistente, e, segundo Bueno, a aposta no OpenSource vale muito a pena do ponto de vista económico. Em vista estão também aplicações para tablets e smartphones, de forma a promover a mobilidade e expansão de negócios.[via] Já aqui tinhamos dado a conhecer que o Banco Industrial e Comerial da China também usava Linux.
A Procergs é a maior empresa de informática do Rio Grande do Sul, e é responsável pelo processamento de dados desse mesmo estado.
Esta empresa caracteriza-se por tentar alcançar sempre mais independência, e por esse motivo prefere sistemas OpenSource. Segundo indica Carson Janes Aquistapasse, director-executivo da empresa, mais de 50% das aplicações que servem a mesma, estão desenvolvidas sem pagamento de royalties, e baseiam-se em linguagens de programação Java e PHP. Apesar de Aquistapasse admitir que “a migração total é impossível por uma questão de racionalidade”, a Procergs tem já a rodar Linux em 40% dos seus servidores. E o objectivo é realizar uma migração gradual de todos os computadore para o SO livre. [via]
À semelhança do Banrisul, também o Banco do Brasil adoptou o Software Livre Linux. Mas a migração desta instituição financeira para Linux ainda está em progresso, e há mesmo quem a denomine de lenta, uma vez que teve início em 2001 e, em 2010, das 43.343 Caixas Automáticas, apenas 20 mil corriam em Linux. São os funcionários do Banco do Brasil que facilitam e promovem esta mesma migração, uma vez que são os responsáveis pela desinstalação do Windows e instalação do Linux nos sistemas, e chegaram a realizar cerca de 1000 instalações por dia. O Banco do Brasil teve o cuidado de manter o visual anterior e das suas aplicações, de forma a que as mudanças fossem mínimas. Com a migração os funcionários do Banco não obtiveram reclamações nem dúvidas significativas dos clientes, o que indica que o Linux se adaptou bem às necessidades desdes e que estes, por sua vez, também conseguiram adaptar-se bem ao software OpenSource no sistema do banco. O Banco utiliza também o OpenOffice.org, que se revelou um sucesso. [via]
A Educação no Brasil também faz uma forte aposta no software livre. Em 2009, 10 milhões de alunos do ensino básico receberam 26 mil laboratórios de informática, devido à expansão do Programa Nacional de Tecnologia Educacional, ProInfo. Cada laboratório é equipado com um Microcomputador, cinco terminais de acesso compostos por um monitor, um teclado, um rato, headphones e uma entrada USB, para além de um estabilizador de corrente e uma impressora. Todos estes computadores são compatíveis com a versão do Linux Educacional 3.0, uma distro do SO Linux, desenvolvida pelo Ministério do Brasil e baseada no Kubuntu 8.04, especialmente indicada para responder às necessidades sentidas pela Escola Pública do país, com conteúdos pedagógicos específicos e pré-seleccionados. [via]
Outro local onde Linux conquistou a confiança foi no Governo Federal, onde, segundo a Linux Foundation, cerca de 70% das aplicações já trabalham em software livre. O Governo do Brasil dá sempre prioridade ao software livre, e só depois a programas proprietários, quando já não há opções OpenSource. Esta opção parece ter trazido consequências positivas nos bolsos do estado, uma vez que, assim, poupou R$ 370 milhões [158 milhões de Euros] em 12 meses com a utilização de “sistemas operativos, browsers, e-mails, e softwares OpenSorce com diversas finalidades”. Linus Torvalds refere mesmo que “usar Linux não é apenas redução de custos, mas sim uma questão de controlo e autonomia pelo sistema que se usa. Com os governos, é necessário haver a segurança em usar um sistema que ninguém pode tirar, do próprio governo, o que ele utiliza, não pode correr o risco de ficar à mercê de uma empresa internacional.” O Director executivo da Fundação, Jim Zemlin, adiantou também que uma migração para Linux não tem custos muito elevados quer a nível de gastos nem a nível de reaprendizagem de coisas por parte das pessoas. [via]
A Petrobrás é uma das maiores petrolíferas do mundo, e a maior empresa do Brasil. A nível de valor de mercado, a Petrobrás encontra-se no oitavo lugar, a nível mundial. Portanto já podemos ter uma ideia da dimensão e importância desta instituição. E se Linux não fosse um sistema credível, uma empresa deste calibre não lhe iria confiar os seus serviços. Mas foi isso que a Petrobrás fez, ao implementar o BrOffice.org em mais de 90 mil das suas máquinas. O BrOffice.org é um conjunto de aplicações para escritório que podem ser usadas tanto para uso pessoal como para uso profissional, e a sua licença é GNU/LGPL. Esta alteração trouxe enormes benefícios à empresa, uma vez que a redução de custos rondou os 40% em licenças de software pago. Márcia Novais, coordenadora de projectos de Tecnologia da Informação da Petrobrás, adiantou que o BrOffice.org é um software com maturidade tecnológica e é adequado às necessidades da empresa. Esta alteração contou também com o treinamento dos funcionários para aprendizagem do novo software[via]. Mas as novidades da utilização de OpenSource por uma das maiores empresas do Mundo não se ficam por aqui. A Petrobrás também adoptou Linux nos seus 252 servidores. O cluster, montado pela IBM, corre o sistema operativo livre que, segundo Comórcio da IBM, é um sistema que “une capacidade de execução e simplicidade”. [via]
Outro local a render-se às inúmeras vantagens do Linux, foi o Governo do Paraná e, através da companhia de Informática do local, a Celepar, foi desenvolvido o Desktop Paraná, a partir da distro Debian GNU/Linux e adaptado às necessidades existentes no Governo do Paraná. O Desktop Paraná tráz uma interface baseada em GNOME e contém vários programas como o já referido BrOffice.org, e o Mozilla Firefox. Mais de 1.000 computadores foram migrados de Windows para Linux
O Governo do Paraná começou a treinar os seus funcionários para a aprendizagem e para saberem lidar com o novo sistema, antes mesmo da implantação do sistema aberto no Governo. Uma das preocupações deste treino foi a de os funcionários não ficarem apenas dotados de saber como trabalhar com o novo Sistema Operativo, mas sobretudo de saberem ensinar aos colegas quando surgisse alguma dúvida.[via]
8. POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
A polícia do Brasil também é mais um dos locais onde Linux foi adoptado de forma a servir e colmatar as necessidades existentes. Nomeadamente a Polícia Militar de Minas Gerais, que para além de trabalhar com o Sistema Operativo Linux, ainda lançou a sua própria distribuição do SO, o Alferes Linux. Esta distro foi um projecto da própria polícia de Minas Gerais e tem como objectivo responder às necessidades não só internas da instituição, como também de outra instituição que assim deseje. O Alferes Linux tem a vantagem de já vir equipado com aplicações necessárias para a Polícia Militar, e ainda programas básicos como editores de texto, browser, etc., o que se traduz num sistema adaptado. [via]
As conhecidas Lojas Colombo também decidiram migrar os seus sistemas para Linux. O processo foi realizado em cerca de 300 servidores, 3.200 lojas, a compatibilidade foi feita em 1.500 impressoras e centenas de leitores de códigos de barras, sem haver necesidade de substituição da aplicação já existente. Esta migração permitiu que as Lojas Colombo deixassem de pagar licenças por software, conseguissem adquirir novos e mais modernos equipamentos e ainda obtivessem melhor prformance e mais velocidade no seu sistema actual. O Director de Tecnologia de Informação da empresa, Alexandre Blauth, indica que o sistema ficou mais rápido e extremamente estável, o que é fundamental quando se trata de comércio.
Com esta migração, a empresa ainda poupou cerca de 80% na implementação e manutenção, comparativamente à instalação de Microsoft. [via]
As Casas Bahia, empresa popular de electrodomésticos no Brasil, deu início à sua alteração de sistema para Linux, desde 2001 e muito rapidamente reconheceu as mudanças. O sistema foi migrado em 550 lojas, e afectou o email, aplicações de escritório e até o relogio, como menciona Wanderley, director de informática das Casas Bahia. Ele próprio ainda adianta que “Tudo o que dá, a gente coloca em Linux, que é mais estável e barato.” Este vídeo mostra como a empresa de adoptoù na migração para Linux.
Em 2001, a empresa iniciou-se com o Red Hat e Wanderley afirma que o que economizaram foi monstruoso: “Cheguei a testar 600 terminais ligados a um servidor, depois dividi por três por segurança. Imagine quanto teria que pagar nessa situação com todas as licenças de software e maior quantidade de servidores […]”
Hoje as lojas Bahia utilizam a distro Suse, suportadas pelos laboratórios da IBM. [via]
Estes foram 10 dos muitos outros locais onde Linux é a preferência das empresas e, quando no final se faz uma lista dos prós e contras, o resultado é espantoso. Apesar de haver instituições que não se importam de pagar mais por licenças em software prioritário, parece que ficou bem claro que Linux é um sistema criado a pensar no utilizador e não no criador.
Será esta migração uma tendência, e não apenas uma moda?
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