Mark Zuckerberg, por mais que se desdobre em pedidos de desculpa, não deixa de ver permanentemente a sua empresa envolvida em mais polémicas. Agora, o Facebook admitiu ter partilhado dados de utilizadores com quatro empresas chinesas, incluindo o grupo de telecomunicações Huawei, empresa que Washington considerou ser uma ameaça à segurança nacional.
Estão cada vez mais graves as acusações e, à medida que se levanta o manto, mais casos estão a ser postos a descoberto. Até onde irá esta invasão de privacidade global?
O Facebook anunciou nesta terça-feira que tem parcerias de partilha de dados com pelo menos quatro empresas chinesas, incluindo a Huawei, terceira maior fabricante de smartphones do mundo, que está sob análise das agências de inteligência norte-americanas.
60 empresas terão recebido acesso à API com dados dos utilizadores Facebook
A empresa gigante das redes sociais informou que a Huawei, a Lenovo, a OPPO e a TCL estão entre dezenas de empresas no mundo que receberam acesso a alguns dados de utilizadores. Esta nota surge após uma investigação do jornal The New York Times ter revelado que o Facebook estabeleceu acordos com 60 fabricantes de dispositivos móveis, que tiveram acesso, sem o consentimento explícito, a vários dados pessoais dos utilizadores, como religião, tendências políticas, amigos, eventos e estado civil.
Segundo o Facebook, mais de metade das parcerias já foram encerradas e até final desta semana a empresa irá encerrar o contrato com a Huawei. O seu vínculo com as três outras empresas chinesas também está a terminar.
As empresas chinesas de telecomunicações estão sob escrutínio das autoridades de inteligência dos EUA, que argumentam que elas oferecem uma oportunidade para a espionagem estrangeira e ameaçam a infraestrutura crítica dos EUA, algo que os chineses sempre negaram.
O senador Mark Warner, vice-presidente do Comité de Inteligência, que perguntou ao Facebook se a Huawei estava entre as empresas que receberam dados de utilizadores, disse num comunicado que o Comité de Inteligência da Câmara levantou preocupações sobre a Huawei em 2012.
A notícia de que o Facebook forneceu acesso privilegiado à API do Facebook aos fabricantes de dispositivos chineses como Huawei e TCL levanta preocupações legítimas, e estou ansioso para saber mais sobre como o Facebook garantiu que as informações sobre os seus utilizadores não fossem enviadas para servidores chineses.
Referiu Warner.
A API, ou Interface de Programação de Aplicações, essencialmente especifica como os componentes de software devem interagir. Um executivo do Facebook disse que a empresa administrou cuidadosamente o acesso que deu às empresas chinesas.
O Facebook, juntamente com muitas outras empresas de tecnologia dos EUA, trabalhou com eles e outros fabricantes chineses para integrar os seus serviços nos seus telefones. As integrações do Facebook com a Huawei, Lenovo, OPPO e TCL foram controladas desde o início – e aprovamos as experiências do Facebook que essas empresas construíram.
Argumentou Francisco Varela, vice-presidente de parcerias móveis do Facebook, num comunicado.
Varela acrescentou que “dado o interesse do Congresso, queríamos deixar claro que todas as informações dessas integrações com a Huawei estavam armazenadas no dispositivo, não nos servidores da Huawei”.
Cerco aperta-se em volta de Zuckerberg
O Comité de Comércio do Senado exigiu que o diretor executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, desse algumas respostas sobre a partilha dos dados dos utilizadores a estas 60 empresas, isto porque há umas semanas atrás foi o próprio Zuckerberg que se comprometeu a mudar as práticas da sua empresa.
Não podemos esquecer que em abril passado, Zuckerberg esteve perante o Congresso norte-americano a testemunhar no caso que envolve a empresa Cambridge Analytica, da utilização indevida dos dados de 87 milhões de utilizadores do Facebook. No mês seguinte, Zuckerberg foi ouvido no Parlamento Europeu e pediu desculpa pelo uso indevido de dados pessoais dos utilizadores.
Agora cai nova suspeita que todas as desculpas pedidas e promessas de mudança podem não ter aplicação na realidade.
Huawei responde às acusações
A empresa chinesa tem uma posição firme em relação a estas acusações, alias, já tem rebatido todo o argumentário apresentado pelas autoridades norte-americanas. Sobre esta última questão ligada à utilização dos dados disponibilizados pelo Facebook dos seus utilizadores, a empresa referiu que:
Tal como todos os fabricantes de ‘smartphones’, a Huawei trabalhou com o Facebook para tornar os serviços mais fáceis para os utilizadores, nunca recolheu e armazenou informações do Facebook.
Declarações transmitidas hoje pelo porta-voz da Huawei, Joe Kelly, acrescentando que a empresa chinesa