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Fabricantes chinesas de elétricos têm margem para sobreviver às potenciais taxas europeias

A investigação que a Comissão Europeia tem em curso poderá resultar em significativas taxas sobre os carros elétricos chineses. Segundo os peritos, contudo, as empresas têm margem suficiente para sobreviver aos potenciais aumentos aduaneiros.


A União Europeia (UE) tem a decorrer uma investigação relativamente aos modelos oriundos da China, por suspeitar que beneficiam de apoios estatais e que, por isso, apresentam-se ao mercado europeu com preços muito competitivos.

A análise, que está a ser conduzida pela Comissão Europeia e que poderá resultar em aumentos temporários das taxas já na próxima semana, procura assegurar uma concorrência justa nos mercados mundiais inundados de carros elétricos chineses mais baratos.

Apesar das medidas impostas pelos Estados Unidos da América e das potenciais regras europeias, as fabricantes chinesas parecem destinadas a prosperar.

Segundo vários especialistas, citados pelo Automotive News Europe, o número de veículos elétricos chineses importados para a Europa pode não ser significativamente afetado pelas novas taxas.

Segundo Matthias Schmidt, da Schmidt Automotive Research, por e-mail, isto deve-se ao facto de as fabricantes de automóveis chinesas terem margens elevadas associadas nos seus preços de tabela europeus.

Presumimos que poderão absorver o aumento dos direitos aduaneiros nas suas elevadas margens de lucro e que o cliente não notará qualquer diferença.

 

Para impactar as vendas de elétricos chineses, taxas europeias terão de ser altas

A corroborar esta opinião está um relatório publicado no final de abril pelo Rhodium Group, um grupo de reflexão com sede em Nova Iorque. Este afirmou que quaisquer novas taxas terão de ser tão elevadas quanto 50% (em relação aos atuais 10%) para terem um impacto real. O grupo revelou esperar taxas próximas dos 30%.

No mesmo relatório, o grupo analisa que “algumas fabricantes chinesas continuarão a poder gerar margens de lucro confortáveis nos automóveis que exportam para a Europa, devido às vantagens substanciais de que beneficiam em termos de custos”.

Apesar de alguns acreditarem que as taxas europeias resultarão em milhares de milhões de dólares em novos custos para as fabricantes chinesas de carros elétricos, Matthias Schmidt disse que o principal impacto seria no resultado final: “Não poderão ter um preço mais elevado do que as marcas já existentes, e continuarão a praticar o mesmo nível de preços e a operar com margens de lucro mais baixas”.

De acordo com Schmidt, o banco de investimento UBS descobriu que as fabricantes de automóveis chinesas têm uma vantagem de preço de 30% nos veículos elétricos fabricados na China. Assim sendo, mesmo um aumento para 25% de taxa aduaneira deixaria uma margem “estreita”.

O Rhodium comparou os preços de veículos elétricos semelhantes na China e na Alemanha. O sedan elétrico Seal U da BYD, por exemplo, é vendido por 21.769 euros na China, mas por 41.990 euros na Alemanha; o compacto Atto 3 da BYD é vendido por 17.923 euros na China, mas por 37.990 euros na Alemanha.

Estas diferenças conferem vantagem competitiva à BYD e às fabricantes chinesas para, apesar das taxas mais elevadas impostas pela Europa, conseguirem lucrar com os seus carros elétricos na Europa.

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