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O poder do machine learning: esta ferramenta pode detetar o cancro precocemente

Um grupo de investigadores formulou e validou um método de aprendizagem automática (ML – machine learning) que permite identificar precocemente o cancro através da utilização de amostras de sangue mais pequenas, de acordo com um novo estudo.


 

Um grande número de provas mostra que o cancro detetado em fases mais avançadas mata as pessoas. Esta nova tecnologia aproxima-nos de um mundo em que as pessoas farão uma análise ao sangue anualmente para detetar o cancro mais cedo, quando este é mais tratável e possivelmente curável.

Afirmou Cristian Tomasetti, autor correspondente do estudo e diretor do Centro de Prevenção e Deteção Precoce do Cancro da City of Hope, num comunicado de imprensa.

Mais, explicou que, quando o cancro da mama é detetado na fase 1, 99% das pessoas sobrevivem nos cinco anos seguintes, mas se for detetado na fase 4, quando já tem metástases, a sobrevivência desce diretamente para 31%.

Os investigadores utilizaram um algoritmo denominado Alu Profile Learning Using Sequencing (A-Plus) em 7657 amostras de 5980 pessoas, incluindo cancros da mama, cólon, reto, esófago, pulmão, fígado, pâncreas, ovário e estômago.

A tecnologia que desenvolveram foi capaz de identificar metade dos cancros em 11 tipos estudados. O teste foi exato, com apenas um falso positivo em cada 100 testes. A maioria das amostras de cancro provinha de pessoas com doença em fase inicial.

Como é que a tecnologia detetou o cancro?

Quando as células morrem, o seu ADN é libertado para a corrente sanguínea. Os sinais de cancro podem ser encontrados neste “ADN livre de células” (cfDNA). Os investigadores concentraram-se nos padrões de fragmentação em regiões repetitivas do cancro e no cfDNA normal, tornando-o mais eficiente do que os métodos tradicionais.

De acordo com Tomasetti, esta abordagem fragmentada requer cerca de oito vezes menos sangue do que a sequenciação do genoma completo.

A nossa técnica é mais prática para aplicações clínicas, uma vez que requer quantidades menores de material genómico de uma amostra de sangue. O sucesso contínuo nesta área e a validação clínica abrem a porta à introdução de testes de rotina para detetar o cancro nas suas fases mais precoces.

Afirmou Kamel Lahouel, coautor do estudo e professor assistente na Divisão de Genómica Integrada do Cancro da TGen.

Tomasetti e a sua equipa estão prontos para iniciar um ensaio clínico com o objetivo de avaliar a eficácia da sua tecnologia na identificação das fases iniciais do cancro, aumentando assim a viabilidade de uma intervenção e tratamento atempados.

A investigação foi realizada em colaboração com a City of Hope, uma das maiores organizações de investigação e tratamento do cancro nos EUA, e o Translational Genomics Research Institute, uma organização de investigação médica que faz parte da City of Hope. O estudo foi publicado na revista Science Translational Medicine.

 

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