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Spot, o robô que conseguiu um emprego na central nuclear de Chernobil

Há cerca de um ano, a Boston Dynamics revelava que o seu famoso cão robô Spot já era um produto de mercado. As empresas poderiam alugar e até mesmo comprar esta peça robótica avançada. Assim, começamos este ano a ver o robô como auxiliar nos hospitais, a patrulhar ruas de Singapura, a pastorear ovelhas na Nova Zelândia e até a desempenhar tarefas mais técnicas em várias empresas.

Assim, o robô que vai receber um braço em 2021 conseguiu agora um emprego em Chernobil. O local de trabalho será mesmo no sítio onde aconteceu um acidente nuclear catastrófico entre 25 e 26 de abril de 1986.


Robô Spot vai “morar” na central nuclear de Chernobil

Foi há 34 anos que se deu o pior desastre nuclear da história mundial,. Hoje, a Zona de Exclusão de Chernobil ainda é uma cidade fantasma. Contudo, além dos animais vadios e selvagens, podem encontrar-se por lá alguns cientistas e alguns turistas com um fascínio mórbido. A razão é conhecida: Pripyat, na Ucrânia, é um local (e ainda será por séculos) com altos níveis de radiação fora de portas e dentro da central onde está “fechado” o reator.

Assim, para visitar estes locais (como há outros exemplos na central nuclear japonesa, Fukushima) são necessários equipamentos muito específicos.  Nesse sentido, o famoso cão-robô da Boston Dynamics, Spot, é o mais novo residente. Conforme foi dado a saber, este robô tem a missão de medir os níveis de radiação, para que os cientistas possam criar um mapa 3D abrangente para ilustrar a distribuição das ondas eletromagnéticas prejudiciais.

A máquina foi levada no passado dia 22 de outubro para dentro das instalações, pelos investigadores da Universidade de Bristol – em conjunto com a Central Enterprise for Radioactive Waste Management da Ucrânia. Esta é a primeira vez que é implementado na central um robô quadrúpede.

Num vídeo do YouTube filmado em Chernobil, David Megson Smith, investigador da Escola de Física da Universidade de Bristol, caracteriza o novo papel de Spot como uma forma de estudar sistemas robóticos em ambientes extremos.

Nas imagens, o robô é visto a caminhar ao redor do antigo local do reator da Unidade 4. Esta foi a unidade que explodiu depois de um teste de segurança mal sucedido, em abril de 1986. No vídeo, podemos ver o robô a examinar vários locais dentro e ao redor do sarcófago destinado a conter os materiais radioativos do reator.

 

Sarcófago Seguro ou NSS

Esta não é a primeira incursão da Universidade de Bristol na Zona de Exclusão de Chernobil. Em abril de 2019, uma equipa multidisciplinar conduziu uma série de investigações de mapeamento de radiação com uma tripulação de drones. Isso incluiu o primeiro veículo aéreo não tripulado a mapear raios gama e neutrões, de acordo com um comunicado de imprensa.

Após esses testes, que cobriram os seis quilómetros de floresta ao redor da central nuclear – conhecida como “Floresta Vermelha” -, a equipa identificou novos pontos de acesso radioativo que antes eram desconhecidos das autoridades locais. Presumivelmente, o trabalho de Spot é encontrar mais desses locais perigosos.

No entanto, o Spot não é o primeiro robô a atravessar o local de um acidente nuclear. No seguimento do colapso parcial do reator nuclear da Unidade 2, em Three Mile Island, em 1979, a necessidade de robótica avançada que pudesse investigar e conduzir o trabalho de limpeza tornou-se terrível.

Assim, os investigadores criaram o primeiro robô para esses fins. Ele permitiu que os humanos investigassem remotamente os danos e os níveis de radiação, de acordo com uma revisão de março de 2019 na revista científica Progress in Nuclear Energy.

Não está claro quanto tempo o robô vai estar em serviço ao redor do reator da central nuclear de Chernobil. Contudo, este é mais um dos muitos e variados empregos que este cão-robô já teve.

 

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