A oferta no mercado dos smartphones Android é imensa muito por culpa da gigante China e dos seus flagships a preços incrivelmente baixos. Marcas como a OnePlus, a Xiaomi e a Huawei estão a ganhar terreno na Europa e também nos Estados Unidos.
Embora existam outras que conseguem cobrar a preço de ouro os seus flagships, há cada vez mais fabricantes a fazê-lo com componentes que não oferecem muito mais que os componentes chineses. Talvez seja uma forma de criar a ilusão de que é uma marca premium, no entanto, os chineses tem alguns trunfos na manga, para manter os seus preços baixos, comparando com os sul-coreanos, os taiwaneses e os americanos.
A produção da maioria dos componentes não é chinesa
Se olharmos para o interior de um smartphone apercebemo-nos que grande parte dos componentes pouco ou nada têm que ver com a China. As áreas onde o país se destaca estão à vista de todos e são as áreas das baterias e da montagem. A Qualcomm, a gigante dos processadores que está sediada nos Estados Unidos, a MediaTek em Taiwan e os processadores Samsung Exynos que são da Coreia do Sul. Se formos a ver, a produção de componentes de memória anda espalhada um pouco por estes mesmos países, enquanto que as câmaras IMX da Sony são produzidas no Japão.
A TSMC – Taiwan Semiconductor Manufacturing Company, é como o próprio nome indica o maior produtor de semicondutores e está sediada em Taiwan. Até os chineses da Hisilicon vão a Taiwan encomendar os chips para os seus semicondutores. O componente onde encontramos maior discrepância entre os fabricantes é nos ecrãs, devido à escolha de AMOLED ou LCD. Em 2016 o preço do AMOLED e do LCD ambos com 1080p e 5 polegadas encontrava-se, respetivamente, nos 13,38€ e 13,66€ (aproximadamente). À semelhança dos Chineses, muitos flagships de outras marcas optaram pelo LCD, como o Sony Xperia, HTC 10, LG G5 e o iPhone 7.
Especificações quase todas iguais, porquê as diferenças de preço?
Se formos olhar para as especificações internas muitas marcas chinesas têm um hardware semelhante a dispositivos produzidos noutros países. Apesar de umas marcas capricharem num ou noutro componente extra não é daí que advém a diferença gigante de preço que se observa. Como sabemos, as grandes marcas fazem a montagem dos seus telemóveis maioritariamente na China, com excepção da HTC que o faz em Taiwan, pelo que a diferença no custo de montagem não parece ser, mais uma vez, a grande causa na diferença de preços.
Na verdade, a diferença de custos entre a montagem de um Moto E e de um iPhone 7 é inferior a 140€, por isso, deve ser outra coisa que interfere na diferença de preços que verificamos no mercado.
Os custos de produção na China são imbatíveis
Apesar de mostrar mudanças significativas, é de conhecimento geral que a mão de obra na China é baixa e que, por isso, se torna insustentável abrir fábricas noutros países. No entanto, a maior parte dos fabricantes de smartphones estão a beneficiar deste baixo rendimento salarial pelo que, uma vez mais, apesar de haver diferenças entre quem opera exclusivamente na China, não nos parece que seja daí a diferença de preço.
A tabela a baixo, mostra claramente que a China é imbatível no que respeita a competitividade de custo quando se trata de produção, seguida de perto pela Índia. Já nas outras variáveis estudadas, tanto a China como a Índia obtém um índice de competitividade inferior. Em termos gerais, as fábricas chinesas trabalham também com menores margens de lucro do que as dos EUA. Enquanto isto os impede de responder a encomendas menores, as grandes encomendas podem ser produzidas na China a custos mais baixos do que noutros países, o que ajuda a manter os preços baixos.
O modelo de negócio poderá ser a resposta
Outro aspecto importante é o modelo de negócio. Os fabricantes chineses tendem a gastar menos em publicidade fora da China dependendo mais na distribuição online. O preço final do smartphone é então influenciado pela cadeia de distribuição e pelos parceiros. Pelo que manter os canais de distribuição e retalho mais apertados e confiar mais nas vendas pelos próprios canais ou através de pequenos e exclusivos parceiros torna-se na principal forma de baixar o custo dos smartphones.
Claro que também há contras em reduzir a presença física, ou seja, com a redução das lojas de venda e revenda estas marcas deixam de estar tão presentes de forma eficiente no mercado para o consumidor de última hora.
Resumindo, enquanto que para uns se mantém a histórica associação de que os produtos chineses são mais baratos logo de menor qualidade, em 2016 os fabricantes chineses de smartphones foram capazes de mostrar que é possível a produção de equipamentos de topo, com especificações que rivalizam com marcas famosas e que não ficam atrás na qualidade de construção, tudo isto mantendo os preços baixos. Apesar de os fabricantes conseguirem algumas vantagens na produção e montagem dos seus equipamentos reparamos que a grande diferença de preços advém mesmo dos diferentes modelos de negócio que são adotados na China.
Para nós, consumidores, ainda bem que existe esta corrida para baixar os preços pois permite-nos obter equipamentos topo de gama por preços muito atraentes.
Fonte: Android Authority