Seria histórica a aprovação da primeira vacina para a SIDA, tal como foram históricos os vários ensaios clínicos até esta última fase. No entanto, o estudo foi cancelado.
A vacina, apesar de segura, não protegia de uma infeção por VIH.
No mundo, segundo dados das Nações Unidas, existem mais de 38 milhões de pessoas infetadas com VIH e que, só em 2021, foram registadas 1,5 milhões de novas infeções. A cura “milagrosa” é rara, mas já pode ser registada por duas vezes, com pessoas que, sem medicação se viram livres do vírus.
A medicação hoje permite que pessoas infetadas com o vírus, ou mesmo daqueles que evoluem para um quadro de SIDA, vivam uma vida com qualidade, mas a cura ou uma vacina que ajude a reduzir a sua propagação, ainda não existem.
A esperança acabou por morrer
Segundo avançou o National Institutes of Health, um regime experimental de vacina contra o VIH testado entre homens que fazem sexo com homens e transexuais foi seguro, mas não forneceu proteção contra a infeção de VIH, com base nos estudos de um conselho independente de monitorização de dados e segurança (DSMB).
O ensaio clínico de Fase 3 do HPX3002/HVTN 706, ou “Mosaico”, começou em 2019 e envolveu 3.900 voluntários com idades entre 18 e 60 anos na Europa, América do Norte e América do Sul. Esta vacina estava a ser desenvolvida pela farmacêutica Janssen, da Johnson & Johnson, em cooperação com cientistas de serviços públicos dos Estados Unidos.
Agora, com base na recomendação do DSMB, o estudo será descontinuado. Os participantes estão a ser notificados com os resultados e análises adicionais aos dados do estudo já estão planeadas.
O regime vacinal experimental foi baseado em “mosaicos” de antigénios, os componentes de vacinas com elementos de vários subtipos de HIV, com o objetivo de induzir respostas imunes contra uma ampla variedade de cepas globais de HIV, tal como é descrito na declaração que anuncia o fim do estudo.
Vários especialistas já vieram a público demonstrar o seu descontentamento quanto ao anúncio do cancelamento do estudo, que levou uma possível vacina contra a SIDA a lugar incalcinável.
Mitchell Warren, passou quase 30 anos dedicados a expandir o acesso à prevenção do HIV, referiu em comunicado que a “ciência por trás do desenvolvimento de uma vacina contra o VIH é extremamente difícil”, contudo, exaltou a ideia de que, apesar das dificuldades, não é o momento de “recuar nas investigações em curso”.