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Supernova poderá ter deixado poeira radioativa no gelo da Antártida

Cientistas encontraram evidências de poeira produzida por supernovas vizinhas. De acordo com uma nova investigação, esta matéria está escondida debaixo de mil quilos de neve na Antártida. Assim, poderão ser estes indícios que ajudarão os astrónomos a perceber  que o Sol está realmente no meio de uma “Bolha Local”.

Há muitos mistérios por baixo das toneladas de gelo, alguns sinais poderão mostrar a realidade do nosso sistema solar.


O que é um supernova?

Supernova é um evento astronómico que ocorre durante os estágios finais da evolução de algumas estrelas. Este momento é caracterizado por uma explosão muito brilhante. Por um curto espaço de tempo, isto causa um efeito similar ao surgimento de uma estrela nova, antes de desaparecer lentamente ao longo de várias semanas ou meses.

Em apenas alguns dias o seu brilho pode intensificar-se em mil milhões de vezes a partir do seu estado original. Com isso, o fenómeno torna a estrela tão brilhante quanto uma galáxia, mas, com o passar do tempo, a sua temperatura e brilho diminuem lentamente. Assim, a explosão de uma supernova de tipo II pode expulsar para o espaço até 90% da matéria da estrela progenitora.

 

Vestígios de poeira radioativa de uma supernova na neve antártica

O nosso sistema solar é mais do que apenas o Sol, planetas, luas e asteroides – este está cheio de poeira, grande parte da qual pode ter origem em fontes interestelares. Uma equipa de cientistas na Austrália, Alemanha e Áustria espera encontrar a assinatura elementar dessa poeira aqui na Terra. Eventualmente serão revelados dados que ajudarão a entender melhor o ambiente pelo qual o sistema solar se move.

Estou animado com a possibilidade de aprender algo sobre as explosões estelares extremas e grandes estruturas ao redor do nosso planeta que estão inimaginavelmente distantes e grandes. Isso é possível apenas olhando para o nosso próprio planeta.

Referiu Dominik Koll, o primeiro autor do estudo.

Os investigadores organizaram um transporte de cerca de 500 quilos de neve relativamente fresca (não mais de 20 anos). Este material viajou da Estação Kohnen na Antártida até Munique, Alemanha. Posteriormente, derreteram-na no laboratório, passaram por um filtro e evaporaram-na para recolher poeira e micrometeoritos.

A poeira a seguir foi incinerada e depois colocaram-na num espectrómetro de massa acelerador. Este método cria iões carregados a partir da amostra, passa os iões através de um íman e para um acelerador de partículas antes de os enviar para o detetor. Isto permite que os investigadores procurem apenas isótopos atómicos específicos.

 

À descoberta de ferro-60 vindo do espaço

Especificamente, a equipa esperava encontrar ferro-60, um isótopo radioativo de longa duração libertado por estrelas explosivas, ou supernovas. Contudo, o ferro-60 pode ter vindo de outras fontes, como matéria irradiada por raios cósmicos.

Assim, para garantir que estavam realmente a medir a poeira interestelar, também procuraram na amostra por manganésio 53, outro isótopo produzido por raios cósmicos de alta energia. Posteriormente, os cientistas compararam a sua razão de ferro-60 e manganésio 53 com a razão que esperariam se não houvesse poeira interestelar. No entanto, a equipa mediu muito mais ferro-60 do que esperavam apenas dos raios cósmicos.

 

Mas como chegou lá esta poeira?

Estes investigadores já mostrou anteriormente que uma supernova próxima depositou ferro-60 no sistema solar nos últimos 1,5 milhão a 3 milhões de anos. Desta forma, e tendo em conta que esta poeira rica em ferro-60 ainda está a cair na Terra, então poderemos estar a passar por uma nuvem de poeira remanescente desta supernova.

Estudos como estes podem pintar melhor um quadro do ambiente interestelar através do qual o Sol está a viajar. Astrónomos perceberam que o Sol está no meio de uma “Bolha Local”, uma área onde o meio interestelar é muito menos denso que a média, talvez por causa de uma supernova relativamente recente. Dentro da bolha está a Nuvem Interstelar Local, uma região que é um pouco mais densa que a Bolha. Os núcleos radioativos da neve da Antártida podem ser uma forma importante de sondar as origens da Bolha e da Nuvem.

Os investigadores referem que ainda há muito a fazer. O grupo liderado por Koll espera um dia explorar material mais antigo. A ideia será ver como a deposição dessa poeira mudou com o tempo.

A Antártida é mais do que apenas um deserto gelado. Na verdade, este ainda desconhecido lugar na Terra, pode estar a esconder uma história secreta de supernovas antigas. Esta informação foi publicada na revista científica Physical Review Letters.

 

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