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Sondas Voyager da NASA estão a morrer, depois de quase 45 anos a viajar pelo Universo

A NASA lançou as sondas Voyager em 1977 e com elas começou um ambicioso programa de descobrimento espacial com o objetivo de conhecer Júpiter e Saturno, assim como as suas respetivas luas. Mais tarde, esta missão foi ampliada com a inclusão das primeiras explorações de Úrano e Neptuno conseguindo mesmo ir mais além no espaço e orbitar Plutão. Em 1990, com os seus objetivos no sistema solar atingidos, iniciou-se um novo programa chamado Missão Interestelar Voyager.

Com quase 45 anos a ir onde nenhum outro elemento humano conseguiu ir, estas sondas estão a perder vapor após a maior aventura de sempre. Estamos perto do fim de uma era.


Corria o ano de 1977 e a NASA colocava no espaço a Voyager 1 e 2. Volvidas estas décadas sabemos hoje que nessa altura a agência espacial norte-americana estava a lançar a maior aventura jamais empreendida por uma sonda espacial não tripulada.

Viajando por todos os planetas exteriores (menos Plutão), as sondas transformaram fundamentalmente o nosso entendimento do sistema solar e de como ele surgiu. Mas a viagem interestelar das icónicas naves – que já dura há quase meio século – está a chegar ao fim.

De acordo com um relatório da Scientific American, está a ser iniciado o processo de desligar os sistemas das naves espaciais.

Nada feito pelos seres humanos viajou tanto quanto estas sondas. E prova que o espaço profundo acena à humanidade para dar os seus próximos passos num universo mais vasto.

Voyager 1 e 2 da NASA estão a ficar sem energia

Lançadas nos finais dos anos 70, as duas sondas empurraram a ambição humana para a exploração do espaço, e têm continuado a fazê-lo desde então. É impossível enfatizar em demasia o quão profundo no espaço estas sondas foram, viajando mais longe do planeta Terra do que qualquer objeto jamais construído pelos humanos.

Como tal, estes viajantes irão provavelmente manter o registo dos mais distantes objetos feitos pelo homem durante décadas, se não mesmo no século.

A decisão de cortar a energia ao mínimo foi tomada para prolongar a vida útil das sondas por mais alguns anos, com um prazo de corte suave estabelecido para 2030, de acordo com o relatório Scientific American. Mas não deve lá chegar!

Fizemos 10 vezes a garantia destas malditas coisas.

Disse o físico Ralph McNutt do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins no relatório, com referência à longevidade sem precedentes das sondas, que se espera que durem pelo menos mais quatro curtos anos.

Embora incrível, isto não é uma surpresa total. Ambas as sondas são alimentadas com reatores de plutónio radioativo, que mantêm uma fonte de energia quente para os minúsculos computadores de bordo que funcionam há décadas sem interrupção.

DISCO DE OURO: Cada Voyager leva consigo um disco de ouro (à esquerda) de sons e imagens da Terra no caso da nave ser intercetada por uma civilização extraterrestre. Os engenheiros colocam a tampa no disco da Voyager 1 antes do seu lançamento (à direita). Crédito: NASA/JPL-Caltech

Sondas Voyager são o primeiro passo da humanidade para um Universo mais vasto

Todos os anos, a energia nos sistemas das sondas está a diminuir em cerca de 4 watts, de acordo com o relatório. Isto significa que é necessário desligar progressivamente mais componentes e dispositivos à medida que o fornecimento de energia diminui.

Se tudo correr realmente bem, talvez possamos prolongar as missões até 2030.

Disse Linda Spilker, uma cientista planetária JPL que trabalhou no início das missões da Voyager, em 1977.

Depende apenas da energia. Esse é o ponto limitativo.

Acrescentou Spilker.

A principal missão das sondas era fazer um voo dos gigantes do gás, Júpiter e Saturno – e fizeram-no com cores voadoras (literalmente), enviando as primeiras imagens de perto e detalhadas de Europa, Ganimedes, Titã, e muito mais. Mas talvez a imagem mais significativa tenha levado mais de uma década a concretizar-se.

Em 1990, a Voyager 1 captou uma imagem da Terra, a 4,8 mil milhões de quilómetros de distância do Sol.

PEQUENO ESPECTRO: Entre as últimas fotografias da Voyager 1 estava esta fotografia da Terra vista a 4,8 mil milhões de quilómetros de distância, apelidada de “Pale Blue Dot” pelo cientista da Voyager Carl Sagan. Crédito: NASA/JPL-Caltech

Popularizado pelo falecido astrónomo Carl Sagan, o “ponto azul pálido” serviu para expor quão pequena e frágil é realmente toda a nossa existência – desde as guerras da civilização antiga, a nossa pequena grandeza política, a exploração do ecossistema do planeta, e toda a nossa viagem evolutiva até aos dias de hoje. Estava tudo ali, num pequeno cisco azul num universo aparentemente infinito, negro e indiferente.

Se há uma coisa que devemos pensar nas sondas icónicas, é isto: a raça humana existiu por um piscar de olhos muito pequeno na história do universo, num planeta minúsculo e frágil que não vai ficar aqui por muito tempo. E há todo um universo que nos convida a sair das nossas zonas de conforto de arrogância humana, e a entrar na maior aventura de sempre.

As Voyager 1 e 2 são e serão o nosso primeiro passo provisório para a vida adulta cósmica, como uma população jovem de seres sencientes.

 

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