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Satélite Starlink sai de órbita e desintegra-se na atmosfera da Terra

Na noite de ontem, várias pessoas em Espanha e Portugal deram conta de fragmentos incandescentes a brilhar no céu. Segundo o que foi comunicado, estes detritos de fogo eram, na verdade, um satélite Starlink que se desintegrou na reentrada na atmosfera. Isso fez com que se tornasse uma bola de fogo impressionante que atravessou toda a Espanha e aparentemente acabou por no mar Cantábrico.

Estes pequenos satélites da rede proprietária da SpaceX pesam cerca de 260 kg e estão na órbita baixa da Terra (LEO), a uma altitude de 440 km. Mas o que se passou com esta unidade?


Satélite Starlink “morreu” e caiu na Terra

Os relatos deram conta que pelas 22 horas em Portugal continental, um satélite da empresa de Elon Musk voltou a entrar na atmosfera terrestre a cerca de 27.000 km/h. Tornou-se numa bola de fogo que foi criada a cerca de 100 km de altura ao norte de Marrocos e continuou a sua jornada para noroeste através da Península Ibérica para acabar aparentemente por cair no Mar Cantábrico.

Segundo explicou José María Madiedo professor de astrofísica e química do Instituto de Astrofísica da Andaluzia (IAA-CSIC), como o satélite estava a fragmentar-se, as pessoas conseguiram ver os detritos a entrar na atmosfera como várias bolas de fogo. Elas pareciam que se estavam a mover em paralelo à medida que estes fragmentos se tornavam incandescentes.

O satélite havia sido lançado em janeiro de 2021 na missão Transporter-1, e não foi o único que entrou na atmosfera ontem: outros três satélites dessa missão caíram em diferentes partes do planeta.

Na Aeroespacial eles mantêm uma base de dados com as reentradas de todos os tipos de satélites, e nesta lista podemos ver como o satélite que foi visto nos céus de Espanha é provavelmente o Starlink-2200 (ID 47414).

 

Poderão ser um risco para os humanos?

Os planos da SpaceX é colocar a funcionar uma constelação de 12 mil satélites (com potencial de expansão para 42 mil) capaz de fornecer banda larga para qualquer lugar do mundo. Os satélites de Musk não são geoestacionários. O plano é que eles ocupem órbitas muito mais baixas, entre 340 km e 1.150 km de altitude. Isso diminui a distância que o sinal necessita de percorrer e melhora a latência.

Contudo, estes satélites têm uma vida útil relativamente curta. As informações veiculadas pela empresa dizem que cada unidade desta constelação deverá permanecer ativa até cerca e 5 anos. Por isso é um tanto surpreendente que um satélite lançado há apenas um ano acabasse por reentrar na atmosfera da Terra tão rapidamente, mas no caso dos satélites da rede Starlink, a frequência de tais reentradas parece um tanto razoável.

Isto porque, de acordo com um estudo de Jonathan McDowell, astrónomo do Harvard Smithsonian Center for Astrophysics, a taxa de falhas durante o seu ciclo de vida é de 2,5%. O especialista indicou que não é um índice excecional, mas dado o número de satélites na rede Starlink — já são mais de 2.000 em órbita — isso faz com que a frequência de falhas aumente.

Ora, quando um destes satélites falha… o seu destino é a Terra. Assim, já morto, acaba por perder altitude muito devagar até entrar para a atmosfera. Ao fazê-lo, estes desintegram-se.

O atrito com a atmosfera torna-se tão brusca que o material torna-se incandescentes e começa a evaporar, fragmenta-se e decompõem-se.

Disse Madiedo.

Portanto, respondendo à pergunta pertinente, mesmo pesando cerca de 260 kg, o perigo de cair sobre as nossas cabeças é mínimo. Grande parte do material será destruído na atmosfera. Tudo o que não seja queimado, ao tocar no solo, já é em forma de pequenos fragmentos.

Em resumo, iremos ver mais vezes este tipo de fenómeno. Mais quantidade no espaço, mais a probabilidade de haver satélites que falhem e que caiam na Terra. Assim, depois da poluição que fazem na astronomia, vão poluir a atmosfera.

Os destroços do satélite 2200 também foram vistos em Mogadouro, Portugal.

 

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