Na equação criada para viajar até Marte, poucas vezes se incluiu na conta a Rússia. Contudo, como sabemos, a agência espacial russa, a Roscosmos, sempre foi das mais ambiciosas e desenvolvidas, tecnologicamente, no que toca à exploração espacial.
Os cientistas russos estão já a trabalhar no desenvolvimento de novos sistemas que irão permitir chegar ao planeta vermelho em menos tempo que o apontado pelos cientistas americanos e sem que as naves precisem de luz nem de painéis solares. Vamos conhecer o ambicioso foguetão movido a energia nuclear.
Marte ali está na mira da Rússia também
Os russos foram os primeiros a explorar o espaço. Ainda sob a alçada da União Soviética, o mundo viu os russos a lançar o primeiro satélite artificial, o Sputnik 1. A Agência Russa de Aeronáutica e Espaço (que atualmente se chama Roscosmos) foi responsável pelo primeiro traje espacial. Lançou igualmente a primeira nave espacial tripulada, Vostok 1. Lançou o primeiro satélite Molniya e colocou o primeiro veículo de exploração espacial, o Lunokhod 1.
Para ir mais longe, os russos têm também no seu currículo o lançamento da primeira estação espacial, a Salyut 1 e a primeira estação espacial modular, a Mir.
Então onde estão os russos na exploração de Marte?
A Agência Espacial Federal Russa (Roscosmos) revelou num vídeo apresentado na passada segunda-feira, através da sua página no Facebook, o aspeto da nova nave desenvolvida para ir até ao planeta vermelho e que usará como combustível energia nuclear.
Segundo as informações reveladas neste vídeo, “atualmente, o Centro Keldysh está a trabalhar no desenvolvimento de naves espaciais com motores mais potentes, novas instalações nucleares para que não necessitam de eletricidade ou painéis solares”.
De acordo com a agência noticiosa russa RIA Novosti, desde 2010 que existe um projeto a ser desenvolvido na Rússia, consistindo na criação de um módulo de transporte de energia baseado em sistemas de energia nuclear do tipo megawatt.
Outros canais informativos revelam que o centro Keldysh e Roscosmos são responsáveis pelo motor desta nave, enquanto a empresa de engenharia aeroespacial, a Arsenal Design Bureau, é a responsável pelo desenvolvimento da aplicação destas tecnologias na e da nave em si.
Elon Musk também foi referido como “um homem de negócios”
Vladimir Koshlakov, chefe do Centro de investigação Keldysh da Rússia, confirmou os planos da agência Roscosmos de construir um foguete movido a energia nuclear. Na verdade, Koshlakov falou de Elon Musk e do seu trabalho neste campo, mencionando que o CEO da SpaceX “é um homem de negócios, alguém que levou uma solução que já estava lá e aplicou-a com sucesso”.
Um caminho que a Rússia já traçou há décadas
Este novo veículo será conhecido como o módulo de transporte e energia (TEM) e poderá ser o primeiro a ser alimentado por energia nuclear para viagens espaciais. Embora os detalhes sejam mínimos, sabe-se agora que a Rússia retomará parte do projeto que desenvolveu nos anos 70.
Durante esta década, a União Soviética estava a desenvolver um foguete térmico nuclear chamado RD-0410, que era muito menor que os desenvolvidos pelos americanos. O primeiro teste deste foguete aconteceu em 1978, quando os Estados Unidos já haviam cancelado o seu projeto.
Contudo, este foguete, apesar de estar quase pronto, escorreu para fora dos fundos no início de 1980, justamente quando se preparava para ser testado no espaço. Durante este tempo, a União Soviética entrou em colapso e perdeu-se o interesse pois já não havia dinheiro para apostar nos projetos espaciais. Esta tecnologia e tudo o que fora desenvolvido foi cancelado em 1990.
Entre 1970 e 1988, a União Soviética lançou 32 naves espaciais com instalações de energia nuclear termoeléctrica, e entre 1960 e 1980 foi desenvolvido e testado um míssil com motor nuclear lançado em Semipalatinsk no nordeste do Cazaquistão.
Como foi referido, neste momento não são ainda conhecidos detalhes ou existe uma data para o início da construção, nem mesmo em que altura irão ter início os testes. Contudo, ficou a ideia que os russos estão na corrida por Marte e que continuam a desenvolver esforços para cumprir a promessa ambiciosa de Putin, quando este referiu que irá ser lançada a primeira missão não tripulada ao planeta vermelho em 2019. Este será o iniciar do seu novo plano espacial.