Cada vez se dá mais importância a certos pormenores, como, por exemplo, o som que os planetas ou as estrelas emitem. Lembra-se do som que o sol faz? Além destes pormenores, muitos outros são ativamente explorados. Hoje vamos deixar uma dessas curiosidades. Qual será o som que os alienígenas ouviriam ao passar pela Terra?
No passado dia 10 de abril, a nave BepiColombo realizou o seu primeiro e único voo próximo da Terra. Nessa altura, a nave, que está já a caminho de Mercúrio, capturou som emitido pelo nosso planeta.
Introito sobre a BepiColombo
A Agência Espacial Europeia (ESA), em conjunto com a Agência Japonesa de Exploração, lançou a missão BepiColombo. Este projeto tem como destino o planeta Mercúrio. Este conjunto de dispositivos foi enviado para o espaço no dia 20 de outubro de 2018. Depois de algum tempo na órbita da Terra, esta fez um último voo pelo nosso planeta até se lançar numa jornada de sete anos até Mercúrio.
Segundo os cientistas, o encontro foi breve, mas memorável. Posteriormente, a nave seguiu rumo ao som do ambiente terrestre num último adeus.
O som da Terra… no Espaço
A nave BepiColombo captou o som do voo pela Terra, em cinco gravações, e as oito horas de dados foram sonorizadas (quando dados abstratos são transformados em som) num minuto do que parece um novo género de música indie cósmica.
O som original é inaudível para os seres humanos. Como o espaço é essencialmente um vácuo, as ondas sonoras não viajam para lá da mesma forma que na Terra através do vento. No entanto, uma equipa do Instituto Nacional de Astrofísica de Itália (INAF) aprimorou o conjunto de dados e converteu as medidas do voo da BepiColombo em ondas sonoras.
Conforme estarão a ouvir, a faixa resultante transporta-nos para uma festa meio estranha, onde a música ecoa num ambiente acústico fraco e clandestino. São sons com uma vibração fria e tensa. Contudo, estamos perante dados captados pela BepiColombo durante a sua aproximação à Terra, a uma distância de 256, 393 quilómetros a 129.488 quilómetros, através de dois dos seus instrumentos.
Os dados obtidos pelo instrumento Italian Spring Accelerometer (ISA) captam o voo de 34 minutos pela Terra, enquanto a sonda foge por trás da sombra do nosso planeta, longe da luz do sol. O áudio começa com a BepiColombo a entrar no seu eclipse e a sair além da superfície terrestre.
Quando a sonda entra na sombra e a força do Sol desaparece, podemos ouvir uma leve vibração. Os painéis solares, anteriormente flexionados pelo Sol, encontram um novo equilíbrio. Ao existir a sombra, podemos ouvir o efeito novamente.
Explicou Carmelo Magnafico, um dos membros da equipa do ISA, em comunicado.
O ruído do campo magnético da Terra e o choque com o vento solar
À medida que a nave seguia na sua rota para sair de perto do nosso planeta, deixou um segundo conjunto de dados. Estes foram obtidos pelo instrumento MPO-MAG do BepiColombo, que voava pela magnetosfera da Terra ou pela área ao redor do planeta afetada pelo seu campo magnético.
Segundo o que é explicado no vídeo, a faixa começa com a BepiColombo no chamado choque de arco na borda externa da magnetosfera, uma área em que o campo magnético da Terra interage com o vento solar. A nave então atravessou a bainha magnética, uma região turbulenta, e foi atingida pelo plasma cósmico saindo do Sol, antes de cruzar a magnetopausa, o limite que sinaliza o cruzamento para a área dominada pelo campo magnético da Terra. Conforme podemos ouvir, neste local a “música ambiente” é menos agressiva.
Sons de outros astros podem descrever o ambiente do local.
Há cada vez mais interesse em perceber como soa cada astro, planetas e estrelas. Em 2005, a missão Cassini registou os sons de Saturno. Posteriormente, em 2016, a missão Juno da NASA registou o seu encontro com o campo magnético de Júpiter. Em 2018, foi apresentado o som que o Sol emite. Já em fevereiro de 2019 era conhecido o som captado pelo nosso campo magnético e, nesse mesmo ano, em outubro, Marte deixava um pouco da sua música.
Portanto, o som é um importante indicador. Há muitos sons e grande parte deles vindos de longe, de muito longe.