Os cientistas estão intrigados com esta flutuação tão rápida do polo norte magnético da Terra. Segundo os investigadores, a localização deste polo parece ser controlada do fundo da Terra por 2 bolhas concorrentes no campo magnético. Uma dessas bolhas está no Canadá e a outro na Sibéria. Ao que tudo indica, “a bolha da Sibéria está a ganhar”.
O campo magnético do nosso planeta é importante para a sua navegação. Como tal, embora haja uma constante atualização da sua localização, o facto de estar mais irrequieto levanta alguma preocupação.
Movimento do polo norte magnético intriga os cientistas
O leitor provavelmente sabe que uma bússola não aponta para o norte verdadeiro. O Polo Norte geográfico da Terra e o polo norte magnético foram reconhecidos pela primeira vez como dois lugares diferentes em 1831. Até ao início dos anos 90, o polo norte magnético era conhecido por estar a cerca de 1600 km ao sul do norte verdadeiro, no Canadá.
No entanto, os cientistas perceberam que a localização do norte magnético não era fixa. Pelo contrário, o norte magnético flutuava a uma velocidade de até 15 km por ano. Assim, desde os anos 90, a flutuação do polo norte magnético da Terra transformou-se “numa corrida”, dizem os cientistas.
A sua velocidade atual é de cerca de 50 a 60 km por ano em direção à Sibéria. E agora, recorrendo a medições de satélite, os cientistas europeus ajudaram a confirmar uma teoria do porquê de o polo norte magnético da Terra estar a flutuar tão rapidamente.
A corrida dos polos às bolhas magnéticas
A Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou um interessante artigo, no passado dia 14 de maio de 2020. Conforme pode ser visto na publicação científica Nature Geoscience, este descreve a teoria de “bolhas magnéticas amassadas nas profundezas da superfície da Terra” na raiz do fenómeno da deriva rápida do polo magnético, desde a década de 1990.
No final de outubro de 2017, [o polo norte magnético] cruzou a Linha Internacional de Datas, passando a 390 km do polo geográfico, e agora está a ir para o sul…
Referiu a ESA.
No nosso mundo moderno, não são apenas as bússolas que são afetadas pela deriva do polo norte magnético da Terra. Aliás, já por várias vezes abordamos o assunto.
Uma das consequências práticas disso é que o Modelo Magnético Mundial deve ser atualizado periodicamente com a localização atual do polo. O modelo é vital para muitos sistemas de navegação usados por navios, mapas do Google e smartphones, por exemplo.
Explicou a ESA.
Satélites acompanham esta fuga do polo
Conforme temos visto, este assunto torna-se vital para o nosso mundo. Nesse sentido, o Living Planet Symposium da ESA apresentou, no ano passado, uma palestra de cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido. Conforme foi referido, foram abordadas as alterações detetadas no norte magnético, obtidas através da análise dos dados do satélite SWARM.
Os satélites Swarm possuem magnetómetros sofisticados. O seu objetivo, em parte, é fornecer um levantamento do campo magnético da Terra.
Os dados mostraram que a posição do polo magnético norte é determinada, em grande parte, por um equilíbrio, ou jogo da corda, entre dois grandes lóbulos de fluxo negativo na fronteira entre o núcleo da Terra e o manto no Canadá.
Explicou a Agência Espacial Europeia.
Phil Livermore, da Universidade de Leeds, referiu que:
Ao analisar os mapas do campo magnético e como eles mudam ao longo do tempo, podemos agora identificar que uma mudança no padrão de circulação do fluxo sob o Canadá fez com que um segmento de campo magnético na borda do núcleo, profundamente dentro da Terra, fosse esticado. Isso enfraqueceu o sistema canadiano e resultou na mudança do polo para a Sibéria.
Assim, a grande questão, dizem estes cientistas, é se o polo voltará ao Canadá ou continuará rumo ao sul. Segundo o Livermore, os modelos do campo magnético dentro do núcleo sugerem que, pelo menos nas próximas décadas, o polo continuará a flutuar em direção à Sibéria. No entanto, considerando que a posição do polo é governada por este delicado equilíbrio entre o patch canadiano e siberiano, seria necessário apenas um pequeno ajuste do campo dentro do núcleo para enviar o polo de volta para o Canadá.
A questão é se alguma vez o polo norte magnético voltará ao Canadá
Em conclusão: os cientistas que estudam a deriva do polo norte magnético identificaram uma mudança no padrão de circulação das bolhas magnéticas nas profundezas da superfície da Terra.
Eles aprenderam que uma mudança no fluxo sob o Canadá fez com que um segmento de campo magnético na borda do núcleo da Terra, profundamente dentro da Terra, fosse esticado. Isso enfraqueceu o sistema canadiano e resultou na mudança do polo para a Sibéria.