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Provas mostram efetivamente que as máscaras previnem a COVID-19, sobretudo as cirúrgicas

O tempo passa, a informação sobre a doença é complementada com mais estudos, há mais conhecimento e certezas, tudo isto apesar da pandemia não estar ainda resolvida. A vacina foi um trunfo fundamental, como mostram os números, mas as máscaras tiveram – e têm, um papel importante quer para proteção individual, quer coletiva. Se ainda existisse uma remota dúvida sobre a eficácia das máscaras, um estudo recente veio mostrar a importância do seu uso.

É verdade que a doença COVID-19 foi castradora dos direitos e das liberdades dos seres humanos, no entanto, há algumas lições a tirar e muita aprendizagem a reter. O uso de máscara poderá ser útil para conter outras doenças, como a gripe, por exemplo. Então quais as máscaras que são efetivamente eficazes?


As máscaras ajudam a combater a COVID-19 e não só!

O tema não é novo, um ano e meio depois, ainda não se sabe tudo e os estudos continuam a trazer-nos certezas às incertezas que tínhamos. O uso de máscara parece ter sido a aposta acertada.

A questão que se impõe agora é saber, de tanta máscara que apareceu, o que realmente poderá ser eficaz. Será que devemos usar uma máscara FFP2, uma máscara cirúrgica, uma máscara de pano ou haverá algo melhor?

Um ensaio recente, dito como o maior até à data, que estava munido com mais informação e com um conhecimento alargado sobre a propagação do vírus SARS-CoV-2, mostrou um teste de eficácia do uso de máscaras.

É de salientar que estudo ainda não foi avaliado por pares, mas foi bem recebido pela comunidade médica. E especialista que esteve envolvida neste ensaio refere que foram descobertas evidências importantíssimas que confirmam investigações anteriores: o uso de máscaras, principalmente máscaras cirúrgicas, previne a COVID-19.

 

Tirando raras excepções, o mundo não estava preparado para usar máscara

Esta discussão foi tema sonante durante semanas. Será que a máscara protege, deveremos usar máscara?

As opiniões, inclusive de alguns especialistas, eram antagónicas e confusas. Provocou na sociedade, que não estava preparada para usar este “acessório” de proteção diário, algum descrédito e, se não houvesse uma imposição legal, seguramente muitas pessoas recusariam a sua utilização.

Conforme é referido, o uso de máscara não é algo novo, aliás, há registos que referem o uso das máscaras na proteção contra doenças desde há várias décadas, se não mesmo séculos. Esta utilização foi amplamente difundida para conter “na origem” o vírus que se transmitia (e transmite) com muita facilidade através do sistema respiratório. Evidências laboratoriais recentes apoiam essa ideia.

Em abril de 2020, os investigadores mostraram que as pessoas infetadas com um coronavírus – mas não com o SARS-CoV-2 – exalaram menos RNA do coronavírus no ar ao seu redor se usassem uma máscara. Uma série de estudos laboratoriais adicionais também apoiaram a eficácia das máscaras.

 

Usar máscara não acaba com o vírus, mas trava fortemente a propagação

Os epidemiologistas perceberam o impacto positivo no combate à pandemia utilizando esta proteção após verem o impacto do uso da máscara. Esta proteção ajuda a retardar a disseminação da COVID-19. Um estudo observacional – o que significa que não foi um estudo controlado com pessoas a usar ou não máscaras – publicado no final de 2020 analisou dados demográficos, testes, bloqueios e uso de máscaras em 196 países.

Os investigadores descobriram que, após um controlo para outros fatores, os países com normas ou políticas culturais que apoiavam o uso de máscaras viram a mortalidade semanal per capita do coronavírus aumentar apenas 16% durante os surtos, em comparação com um aumento semanal de 62% em países sem normas de uso de máscaras.

Conforme já foi amplamente divulgado, há muitos laboratórios a investigar e a desenvolver vários tipos de máscaras. No entanto, estas abordagens não são tão fortes quanto os ensaios clínicos aleatórios em grande escala entre o público geral. Isto porque a amostra sendo tão grande, permite comparar a taxa de infeção em grupos após a implementação da máscara com os grupos que não têm esta prática.

Um desses exemplos foi feito no Bangladesh entre novembro de 2020 a abril de 2021. Uma equipa de investigadores em estreita colaboração com parceiros do governo do país e da organização sem fins lucrativos Innovations for Poverty Action, conduziu um estudo aleatório em grande escala.

Assim, estiveram envolvidos 341.126 adultos em 600 aldeias na zona rural de Bangladesh. Em 300 aldeias não foi promovido o uso de máscara e as pessoas usavam máscara ou não, conforme a sua vontade, tal como antes. Em 200 aldeias, o uso de máscara cirúrgica foi promovido e em 100 aldeias foi promovido o uso de máscara de pano.

Os resultados tinham como objetivo aprender as melhores formas de aumentar o uso de máscara sem que fosse obrigatório, compreender o efeito do uso da máscara na COVID-19 e comparar as máscaras de tecido e as máscaras cirúrgicas.

Para isso ao longo de oito semanas, a equipa distribuiu máscaras gratuitas, forneceu informações sobre os riscos da COVID-19 e o valor do uso de máscara. Equipas descaracterizadas vigiaram todo o processo no dia a dia.

 

Dados não deixam dúvidas, as máscaras cirúrgicas são as mais eficazes

Cinco e nove semanas após o início do estudo, a equipa recolheu dados de todos os adultos com sintomas da COVID-19 durante o período do estudo. Qualquer pessoa que relatasse um sintoma relacionado à doença, era-lhe feita uma colheita de sangue para análise e identificação de evidências da infeção.

O uso de máscara mais do que triplicou, de 13% no grupo que não recebeu máscaras para 42% no grupo que recebeu. Curiosamente, o distanciamento social também aumentou 5% nas aldeias onde existam campanhas de sensibilização ao uso de máscara.

Nas 300 aldeias onde foram distribuídas máscaras cirúrgicas ou de pano, foi observada uma redução de 9% na incidência da COVID-19 em comparação com as aldeias onde não foi promovido o uso de máscara. Devido ao pequeno número de aldeias onde foi promovido o uso de máscara de pano, os cientistas não foram capazes de dizer se as máscaras de pano ou cirúrgicas eram melhores na redução da propagação da doença.

Contudo, o estudo teve um tamanho de amostra grande o suficiente para determinar que nas aldeias onde distribuíram máscaras cirúrgicas, a COVID-19 caiu 12%. Nessas aldeias, a COVID-19 caiu 35% para pessoas com 60 anos ou mais e 23% para pessoas com 50-60 anos.

Ao observar sintomas semelhantes aos da COVID-19, os investigadores descobriram que as máscaras cirúrgicas e de pano resultaram numa redução de 12%.

Portanto, este estudo vem ajudar a responder à dúvida se devemos ou não continuar a usar máscara. Além disso, vem referir que as máscaras mais eficazes são as cirúrgicas. As máscaras de tecido provavelmente são melhores que nada, além disso, há várias outras também muito eficazes, como as FFP2, FFP3, ou outras semelhantes.

 

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