O nosso Sol é uma estrela anã amarela, o que significa que tem um tamanho médio e que deverá ter mais de 4 mil milhões de anos. Bom, sabe-se muito mais sobre a nossa estrela, mas não se sabe onde está a sua problemática irmã gémea, a Némesis.
Um estudo recente sobre a forma como as estrelas são formadas acrescenta peso à hipótese de que a maioria – se não todas – as estrelas nascem numa ninhada com pelo menos um irmão.
Nemesis, a problemática irmã do Sol
A nossa própria estrela no centro do Sistema Solar provavelmente não é exceção, e alguns astrónomos suspeitam que a gémea afastada do Sol possa ser a culpada da morte dos dinossauros.
Depois de analisar dados obtidos numa nuvem de poeira na constelação de Perseus, dois investigadores da UC Berkeley e do Observatório Astrofísico Harvard-Smithsonian concluíram em 2017 que todas as estrelas semelhantes ao Sol nasceram provavelmente com uma companheira.
Assim, durante anos, os astrónomos questionam-se se o grande número de sistemas binários e triplos de estrelas na nossa galáxia são criados perto uns dos outros, ou se separam após a sua formação.
No entanto, quem tem ganho força é a hipótese “nascidos juntos“, e as simulações desenvolvidas nas últimas décadas mostraram que quase todas as estrelas poderão nascer como múltiplos que muitas vezes giram por si sós.
Novo estudo reforça provas empíricas
Os investigadores mapearam as ondas de rádio a sair de um denso casulo de poeira a cerca de 600 anos-luz de distância que continha um viveiro inteiro de jovens estrelas.
Os dados recolhidos neste trabalho permitiu um recenseamento de estrelas com menos de meio milhão de anos, chamadas estrelas de Classe 0 – simples bebés em termos de estrelas – e estrelas um pouco mais velhas entre 500.000 anos e 1 milhão de anos, chamadas de Classe 1.
Combinados com dados sobre as formas da nuvem de poeira circundante, os cientistas encontraram 45 estrelas solitárias, 19 sistemas de estrelas binárias, e mais cinco que continham mais de duas estrelas.
Quando os investigadores detalharam as informações, repararam que todos os binários separados por um intervalo de 500 AU ou mais, eram de Classe 0 e alinhados com o eixo da nuvem em forma de ovo que os rodeava.
As estrelas de classe 1, por outro lado, tendiam a estar mais próximas umas das outras em cerca de 200 AU e não estavam alinhadas com o eixo do seu “ovo”.
Se a maioria das estrelas nasce com uma irmã, onde está a nossa?
Uma distância de 500 AU é de aproximadamente 0,008 anos-luz, ou um pouco menos de 3 dias-luz. Para o colocar em perspetiva, Neptuno está a cerca de 30 AU, a sonda Voyager 1 está atualmente a pouco menos de 140 AU, e a estrela mais próxima conhecida Proxima Centauri está a 268.770 AU.
Portanto, se o Sol tem uma gémea, é quase certo que não é facilmente visível na nossa vizinhança. Contudo, há uma hipótese de que o nosso Sol tem uma gémea que gosta de passar “por cá” de vez em quando, e agitar as coisas.
Dado o nome Némesis, este nome feminino causador de problemas foi proposto como razão por detrás de um aparente ciclo de 27 milhões de anos de extinções na Terra, incluindo a que matou a maior parte dos dinossauros.
Um astrónomo da Universidade da Califórnia Berkeley propôs há 23 anos que uma estrela anã vermelha a 1,5 anos-luz de distância pudesse periodicamente viajar através dos limites externos gelados do nosso Sistema Solar e com isso trouxesse “problemas” ao redor da Terra.
Uma estrela de passagem fraca, como uma anã castanha, poderia também explicar outras anomalias nas franjas do nosso Sistema Solar, tais como a estranha e ampla órbita do planeta anão Sedna.
Gémea do Sol poderá ser fraca
Não há sinais de Némesis, mas um parceiro binário há muito perdido para o nosso Sol poderia caber na conta.
Contudo, o nosso Sol teria recolhido a “parte melhor” da poeira e gás, ao que parece, e terá deixado a sua gémea escura e atordoada. Claro, depois disto, não admira que esteja um pouco chateada.