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NASA quer ir buscar 96 fraldas usadas deixadas na Lua há 50 anos

Foi há quase 50 anos que a Apollo 11 da NASA pousou na Lua. A pegada icónica de Neil Armstrong ainda está lá, sem ser perturbada. Não há atmosfera, não há vento nem outra ação que possa “apagar” aquele que foi “Um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a Humanidade”.

No entanto, a maior pegada humana na Lua está, indiscutivelmente, nos 96 sacos de lixo humano deixados para trás pelas seis missões Apollo que lá pousaram. Alguém tem de ir buscar os excrementos!


NASA tem planos para recolher 96 fraldas que astronautas deixaram na Lua

Não é uma missão de salvamento, nem uma missão de investigação sobre a origem da vida na Terra. Na verdade, o que a NASA pretende fazer é ir à Lua, nos próximos anos. A agência espacial quer voltar a colocar humanos no solo lunar, mas agora com permanência. Contudo, irá estudar o que deixou para trás, nas missões que terminaram na década de 70. Assim, irá recolher, entre outras coisas, as fraldas deixadas pelos seus astronautas durante o programa Apollo.

Segundo a agência espacial norte-americana, há um interesse científico na análise das fezes. Como foram deixadas no Espaço durante cerca de 50 anos, será que ainda têm “vida”?

As fezes humanas podem ser repugnantes, mas também estão cheias de vida. Cerca de 50% da sua massa é composta por bactérias, representando algumas das mais de 1.000 espécies de micróbios que vivem no nosso intestino. Num pedaço de excremento vive todo um ecossistema maravilhoso.

O Planeta Terra já recebeu esta vida e muito mais desde há mais de 3,9 mil milhões de anos. A Lua, até onde sabemos, foi estéril e sem vida o tempo todo.

Com o alunar da Apollo 11 no nosso satélite natural, levámos a vida microbiana da Terra para o ambiente mais extremo que já existiu. O que significa que as fezes humanas – junto com sacos de urina, restos de comida, vómito e outros resíduos nos sacos, que também podem conter vida microbiana – deixadas na Lua representam uma experiência natural, embora não intencional.

 

O que ainda estará vivo no cocó dos astronautas?

A pergunta que a experiência vai responder: quão resiliente é a vida diante do ambiente brutal da Lua? E, por falar nisso, se os micróbios conseguem sobreviver na Lua, conseguem sobreviver à viagem interestelar, tornando-os capazes de semear a vida em todo o universo, inclusive em lugares como Marte?

 

Mas os astronautas fizeram cocó na Lua e acabaram por o deixar lá?

Após Neil Armstrong ter descido do módulo Eagle, tornando-se o primeiro Humano a pisar a Lua, a primeira foto que ele tirou na superfície mostra, sim, a superfície da Lua cheia de crateras. Além disso, mostra também um saco de lixo branco.

Saco largado sob o Módulo Apollo Lunar em 1969. Créditos: NASA

Buzz Aldrin, piloto do módulo lunar da missão Apollo 11, diz que não pode confirmar se há fezes nesta bolsa em particular, mas há definitivamente um saco como esse que ainda lá está na Lua e contém resíduos humanos, de acordo com o Departamento de História da NASA.

Já Charlie Duke, astronauta da Apollo 16, que passou 71 horas na Lua em 1972, referiu recentemente que a tripulação deixou resíduos humanos para trás.

Deixamos a urina que foi recolhida num tanque … e acredito que tivemos alguns movimentos intestinais – mas não tenho certeza – que estavam num saco de lixo. Tínhamos alguns sacos de lixo que chutámos para a superfície lunar.

 

Porque deixaram o lixo na Lua?

Segundo as informações do astronauta, este lixo foi deixado na Lua pensando que tudo seria higienizado pela radiação solar.

Ficaria realmente muito surpreso se alguma coisa sobrevivesse.

Além disso, levar o lixo de volta não era realmente uma opção.

As missões lunares foram projetadas com muito cuidado, e o peso era um problema muito grande. Então, fazia sentido trazer pedras da lua, mas teríamos de descartar coisas que não eram necessárias para aumentar a sua margem de segurança.

Referiu Andrew Schuerger, cientista de vida espacial da Universidade da Florida que recentemente foi coautor de um artigo sobre a viabilidade de micróbios sobreviventes na Lua.

Durante o voo até à Lua, os astronautas usaram “um saco plástico que foi colado nas nádegas para receber fezes”. Segundo a NASA, este foi um processo repugnante e pesado.

Na Lua, os astronautas usaram uma “vestimenta de máxima absorção” para “contenção fecal”. Mas não vamos perder tempo com termos técnicos, na verdade, o que usaram foi uma fralda.

 

50 anos depois do pouso da Apollo 11, como estará o cocó?

No 50.º aniversário do pouso na Lua pela Apollo 11, há um interesse renovado em levar humanos lá em breve. A administração Trump tem o objetivo de voltar lá até 2028, no mínimo. E há um impulso orçamental para a NASA trabalhar num “portal lunar”. Será uma estação espacial habitável que orbitará o nosso satélite natural, permitindo missões lunares de longo prazo e preparando uma eventual missão humana a Marte.

Até lá, não se esqueçam, o cocó também é razão para lá voltar. Alguém tem de o trazer.

 

Ainda haverá vida nos excrementos deixados na Lua?

A questão que os cientistas colocam é se alguma coisa está viva naqueles sacos de excrementos. Embora pareça pouco lógica, pode levar a importantes indicadores sobre as condições extremas que a vida pode suportar.

Além disso, estes dejetos humanos têm o potencial para contaminar os corpos celestes. Podem também semear vida pelos planetas, quando os vamos explorar. Assim, este é um motivo suficiente para voltar à Lua e trazer algumas amostras.

O vácuo da Lua é inóspito para a vida. E sem uma atmosfera, a Lua é submetida a variações bruscas de temperatura durante o dia e a noite: pode ter -173 ºC à noite, e 100 °C durante o dia.

Assim, há uma grande probabilidade que a combinação de radiação e temperatura extrema tenham matado os micróbios nos sacos.

 

O cocó da Lua é importante para futuras missões a Marte

Se os micróbios podem sobreviver por um determinado período na Lua, eles são ainda mais propensos a sobreviver em Marte, que tem uma atmosfera rarefeita, um ambiente mais hospitaleiro e evidências de água corrente.

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