Sonda da NASA completou o primeiro mapa que mostra a geologia global da maior lua de Saturno, Titã. Os dados recolhidos revelam um mundo dinâmico de dunas, lagos, planícies, cratera e outros terrenos.
Após o mapa ter sido apresentado, foi considerada a possibilidade de existir vida alienígena, dadas as várias semelhanças com a Terra.
Titã tem montanhas e lagos
A sonda espacial Cassini da NASA revelou a paisagem surpreendentemente dinâmica da maior lua de Saturno, Titã. Como resultado, o gráfico apresenta características de uma paisagem semelhante à da Terra, incluindo montanhas, lagos, vales e “terrenos labirínticos”.
Titã é o único corpo planetário no nosso Sistema Solar, além da Terra, que possui líquidos estáveis à sua superfície. No entanto, em vez de chover água das nuvens e de encher lagos e mares como na Terra, em Titã, o que chove é metano e etano – hidrocarbonetos que consideramos gases, mas que se comportam como líquidos no clima frio de Titã.
Titã tem um ciclo hidrológico ativo baseado no metano que moldou uma paisagem geológica complexa, fazendo da sua superfície uma das mais geologicamente diversificadas do Sistema Solar.
Comentou Rosaly Lopes, geóloga planetária no JPL da NASA, autora principal de uma nova investigação usada para desenvolver o mapa.
Working with data from NASA’s Cassini mission, scientists have produced the first global map of Titan’s geological features. https://t.co/eTuljYaifY pic.twitter.com/eDTIeqUdH9
— Sky & Telescope (@SkyandTelescope) November 19, 2019
10 anos de passagens da Cassini mostraram muito desta lua de Saturno
Os astrónomos usaram dados de mais de 120 passagens por esta lua, que tem o tamanho do planeta Mercúrio. De acordo com a NASA, estas recolhas foram feitas durante mais de uma década a voar o planeta Saturno e a sua vizinhança.
Apesar dos diferentes materiais, temperaturas e campos de gravidade entre a Terra e Titã, muitas características da superfície possuem semelhanças entre os dois mundos e podem ser interpretadas como produtos dos mesmos processos geológicos. O mapa mostra que os diferentes terrenos geológicos têm uma distribuição clara com latitude, globalmente, e que alguns terrenos cobrem muito mais área do que outros.”
Referiram os cientistas.
A equipa de Lopes usou dados da missão Cassini da NASA, que operou entre 2004 a 2017. Assim, os voos rasantes pelo maior satélite natural de Saturno trouxe muita informação ainda a ser explorada.
Especificamente, a equipa usou dados do radar da Cassini para penetrar na atmosfera opaca de azoto e metano de Titã. Em adição, os especialistas usaram dados dos instrumentos visíveis e infravermelhos da Cassini. Estes foram capazes de captar algumas das maiores características geológicas de Titã através da neblina de metano.
Este estudo é um exemplo da utilização conjunta de dados e instrumentos. Embora não tivéssemos cobertura global com radar de abertura sintética, usámos dados de outros instrumentos e outros modos de radar para correlacionar características das diferentes unidades de terreno, para podermos inferir o aspeto dos terrenos mesmo em áreas onde não temos este tipo de cobertura.
Disse Lopes.
A maior parte da superfície da lua são planícies
De facto, o mapa é o primeiro de sempre. Este revela que 65% de Titã está coberto de planícies e que as dunas constituem 17% da superfície. As áreas montanhosas, que se pensa representar porções expostas da crosta de gelo d’água de Titã, representam 14% da superfície.
Claro que há sempre a questão: é possível haver “vida extraterrestre” na lua de Titã?
Segundo Dr. Michael Malaska, cientista da JPL e coautor do estudo, há uns cenários divertidos e desafiantes a fazer. Será que há alguma maneira dos orgânicos mais complexos descerem e se misturarem com a água na crosta gelada profunda ou no oceano subterrâneo profundo?
Na Terra há uma bactéria que pode sobreviver apenas num hidrocarboneto chamado acetileno e água. Assim, os dados levam Malaska a perguntar se esta bactéria, ou alguma parecida, poderia viver no solo ou no oceano de Titã onde as temperaturas são um pouco mais quentes.
As descobertas, que incluem a idade relativa dos terrenos geológicos de Titã, foram recentemente publicadas na revista Nature Astronomy.