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Mercúrio poderá ter gelo. Mas como é possível com temperaturas de 400°C?

Mercúrio é um planeta ainda com muitas perguntas por responder. Este é o menor e mais interno planeta do Sistema Solar e órbita o Sol a cada 87,969 dias terrestres. A temperatura média é de 166,85 °C, regista uma mínima de -183,15 °C e a máxima é de 426,85 °C. Então se é tão quente, como pode ter gelo?

Depois de há uns anos se ter descoberto gelo permanente em zonas do planeta, só agora os cientistas dizer ter a explicação.


Mercúrio tem gelo mesmo com mais de 400°C de temperatura

Em 2011, a sonda espacial Messenger da NASA descobriu crateras no planeta que continham gelo permanente. Agora, os cientistas do Instituto Tecnológico da Geórgia, Estados Unidos, alegam ter desvendado o mecanismo que está por trás deste fenómeno.

Um novo estudo refere que o aparecimento de gelo em Mercúrio acontece devido a dois fatores. O primeiro deve-se ao vento solar forte que bombardeia com protões a superfície do planeta provocando a criação de grupos hidroxilos e a sua posterior transformação em água (H2O) e hidrogénio (H). O segundo fator resulta do impacto de asteroides.

Em relação ao primeiro fator, o calor extremo ajuda a libertar os grupos hidroxilos e “energiza-os” para colidirem, produzindo as tais moléculas de água e hidrogénio que se desprendem da superfície e flutuam pelo planeta.

Posteriormente, apesar de parte da água escapar para o espaço, e ser destruída pela radiação, há uma certa quantidade de moléculas que consegue chegar às crateras polares, que permanecem sempre na sombra e, nessa altura, são formadas as superfícies glaciares.

 

Mas nas zonas de sombra não está quente?

Mercúrio não possui atmosfera que possa transportar o calor. Como tal, a temperatura na zona de sombra tem sempre temperaturas abaixo de zero, condições para ser possível a conservação eterna do gelo.

As moléculas de água podem ser encontradas na parte do astro que está sempre na sombra, mas nunca poderão sair de lá.

Referiu Thomas Orlando, cientista coautor do estudo.

Segundo o cientista, durante os últimos três milhões de anos, graças a este mecanismo, foram criadas cerca de 100 mil milhões de toneladas de água. Como tal, este processo poderia facilmente representar cerca de 10% de todo o gelo encontrado em Mercúrio.

 

E os outros 90% da água de Mercúrio?

Portanto, este será o segundo fator. Isto é, a percentagem restante de água, aparentemente, terá surgido graças a um processo diferente, tal como noutros corpos celestes, incluindo a Terra e a Lua.

O que está em causa é o impacto de asteroides, contudo, isto não significa que as rochas espaciais contivessem água e a transportassem através do espaço, bem pelo contrário. As moléculas de H2O são formadas durante a colisão desses asteroides.

 

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