A nave espacial que orbita Marte descobriu que o planeta vermelho oscila 10 centímetros fora do seu eixo de rotação. Este é o primeiro planeta, para além da Terra, que “sofre” desta circunstância. A oscilação de Chandler surge quando um corpo giratório não é uma esfera perfeita. Esse desequilíbrio afeta a sua rotação.
O resultado é um movimento semelhante ao de um pião oscilante ao perder velocidade, em vez de girar de forma suave como se fosse um globo perfeitamente equilibrado.
O que é a Oscilação de Chandler?
Esta irregularidade foi descoberta na oscilação do eixo terrestre em 1891 pelo astrónomo americano Seth Chandler. Na verdade, esta condição ainda hoje continua a ser um mistério. Apesar de haver já muitas teorias, ninguém ainda conseguiu determinar a sua causa.
Assim, a oscilação de Chandler é um dos 3 movimentos que a Terra faz além rotação e translação. Esta condição leva o planeta a oscilar de três a seis metros nos polos numa periodicidade de aproximadamente 433 dias.
No que diz respeito a Marte, após medições ao longo de quase 2 décadas por naves que orbitam o planeta, foi descoberto que, na superfície, os polos do planeta oscilam até 10 centímetros do eixo médio de rotação, com um ciclo repetido de cerca de 207 dias.
Assim, estas novas descobertas de Konopliv et al. fornecem novos indícios sobre o interior de Marte. A quantidade de tempo que leva para o polo a completar um ciclo de oscilação reflete o quanto o manto de Marte se pode deformar, fornecendo dicas sobre as suas propriedades materiais e estado térmico.
[A oscilação do Chandler] é um sinal muito pequeno, normalmente. É necessário muitos anos e dados de alta qualidade para detetá-lo.
Explicou Alex Konopliv, engenheiro aeroespacial do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA.
Marte de fora para dentro
No novo estudo, os investigadores foram capazes de confirmar o movimento em Marte calculando os efeitos gravitacionais nas órbitas de duas naves da NASA que circulam no Planeta Vermelho: Mars Odyssey e Mars Reconnaissance Orbiter.
Então, a abundante recolha de dados, conseguida ao longo de 18 anos, que não estavam disponíveis durante as análises anteriores, garantiu que a oscilação identificada fosse intrínseca à forma e ao interior do planeta, ao invés de fatores externos como derretimento sazonal das calotas polares.
Os cientistas ainda não sabem o que está a manter a oscilação. No entanto, estudos anteriores indicam que será provavelmente devido às mudanças na pressão atmosférica.
Leia também: