Ninguém sabe ao certo qual será a intenção de se investir tanto em Marte. Percebemos que há uma curiosidade da exploração espacial, mas existirão, eventualmente, outros objetivos para o planeta vermelho. Ter Marte como uma “segunda” Terra também poderá ser um desses objetivos. Para isso, os cientistas têm já pensada a estratégia.
Para que floresça vida marciana e para que possamos viver nesse planeta, tem de ser criado um campo magnético. Há um plano “louco” para desenvolver este escudo.
Marte é um planeta que tem muito a seu favor para poder ser o segundo lar da vida humana. Não está longe da Terra, o seu dia tem quase a mesma duração do nosso, tem bastante água congelada logo abaixo da sua superfície e provavelmente poderá receber uma atmosfera razoavelmente respirável com o tempo.
Contudo, estas particularidades não servem para nada sem um campo magnético. Ao contrário da Terra, este planeta não tem um que possa ser utilizado para cuidar da vida. No entanto, há formas de criar um artificialmente.
Qual a razão do campo magnético ser fundamental para a vida humana?
O campo magnético é o escudo que nos protege de muitos eventos, potencialmente mortais e destrutivos. Esta bolha que envolve a Terra protege o planeta do vento solar e das partículas ionizantes. O campo magnético da Terra evita que a maioria das partículas carregadas de alta energia atinjam a superfície. Então, o efeito de escudo desvia estas partículas do planeta, mantendo-nos seguros.
O campo magnético também ajuda a evitar que os ventos solares destruam a atmosfera da Terra ao longo do tempo. No início, Marte tinha uma atmosfera densa e rica em água, mas foi gradualmente esgotada sem a proteção de um forte campo magnético.
Infelizmente, não podemos recriar o campo magnético da Terra em Marte. Isto porque o nosso campo é gerado por um efeito dínamo no núcleo da Terra, onde a convecção de ligas de ferro gera o campo geomagnético da Terra.
Mas será possível criar um campo magnético artificial em Marte?
Só dessa forma é que se conseguirá. Isto porque o núcleo do planeta vermelho é menor e mais frio, e não permite que possa ser “ligado” para criar um dínamo magnético. No entanto, existem algumas técnicas para se poder criar um campo magnético artificial, como mostra um estudo recente.
Segundo o estudo, há propostas para gerar um campo magnético marciano que com base nos chamados solenóides orbitais ou terrestres que criam algum nível básico de proteção magnética.
Esta ideia tem sido considerada pela ficção e podemos ver de forma prática na série de TV The Expanse onde este tema é abordado e onde aparece mesmo uma hipotética solução ainda melhor.
Utilizar as luas de marcianas para criar um anel magnético
Segundo o estudo, para poder ser criado um bom campo magnético planetário, terá de haver um forte fluxo de partículas carregadas, seja dentro do planeta ou ao redor do mesmo. Como a primeira opção não é uma ótima solução para Marte, a equipa que está por trás do estudo olha para a segunda hipótese.
Assim, para se poder criar um anel de partículas carregadas ao redor de Marte, os “terraformadores” terão de incluir na equação a lua Fobos.
Fobos é a maior das duas luas marcianas e orbita o planeta de forma bastante próxima. Tão perto que faz uma viagem ao redor de Marte a cada 8 horas. Portanto, a equipa propõe o uso de Fobos a ionizar partículas da sua superfície e, em seguida, acelerando-as para que criem um tronco de plasma ao longo da órbita de Fobos.
Isto criaria um campo magnético suficientemente forte para proteger Marte em terraformação.
Todos sabem que é um plano ousado, e embora pareça exequível, os obstáculos de engenharia seriam significativos. Mas, como os autores salientam, este é o momento para ideias.
Se um dia precisarmos de Marte como segunda casa, então estes problemas terão já de ter solução. Caso contrário, Marte será apenas um planeta de recreio.